O secretariado do Bureau Político do MPLA apela aos angolanos para cerrarem fileiras em apoio ao Presidente da República (do MPLA), João Lourenço, e aos órgãos da administração da Justiça (do MPLA), no combate à corrupção, à impunidade e ao nepotismo, nos quais são suspeitos apenas cidadãos do… MPLA. Vamos lá, pessoal. A anedota até tem piada, apesar de já ter barbas…
Por Orlando Castro
O apelo consta do comunicado final da 1ª sessão ordinária daquele órgão do partido no poder há 44 anos, orientada pela vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, e que serviu para analisar a situação política, económica e social do reino.
O secretariado do Bureau Político do MPLA encorajou as medidas económicas e financeiras empreendidas pelo Executivo do MPLA. Tais medidas em curso, acrescenta, visam debelar a crise que assola o país (governado em exclusividade pelo MPLA) e assegurar o bem-estar dos angolanos.
Aquele órgão manifesta-se solidário com as vítimas das chuvas, ocorridas nos últimos dias em várias localidades do país e que não são da responsabilidade do MPLA. Nessa esteira, apelou às autoridades competentes para continuarem a apoiar os afectados, devendo prosseguir com a implementação de medidas preventivas “para reduzir os efeitos negativos deste tipo de calamidade”.
Na reunião, foram, também, analisados assuntos relacionados com a vida interna do MPLA, tendo apreciado a agenda política para o ano em curso que, recorde-se, terá 365 dias e 12 meses graças ao… MPLA.
De acordo com comunicado, o secretariado do Bureau Político do MPLA deu nota positiva às actividades de solidariedade realizadas em Dezembro de 2019.
No documento, aquele órgão do partido no poder em Angola apela à continuação de actos humanitários e solidários a favor das populações que se encontram em situação de vulnerabilidade.
“Em nome do nosso líder, o Camarada Presidente João Lourenço, tenho a subida honra de transmitir uma forte saudação à querida população heróica do Cuanza Norte, que nos momentos mais difíceis soube sempre manter a confiança no futuro e na força dos ideais do nosso glorioso MPLA”, afirmou Luísa Damião ao discursar no acto político central do 63º aniversário da fundação do MPLA, em representação do presidente do partido, João Lourenço.
“O MPLA sempre esteve ao lado do povo, inspirado na justiça social e nas mais legítimas aspirações e ideias da Mãe Pátria”, disse a Luisinha, sublinhando a necessidade de se manter fiéis aos ideais dos “Pais fundadores” do nacionalismo angolano, consubstanciado nos desígnios do povo angolano, como a liberdade, a unidade nacional, a democracia e o desenvolvimento socioeconómico, fazendo jus, a uma das premissas do MPLA, segundo a qual, “Com a força do passado e do presente, construamos um futuro melhor”.
Luísa Damião garantiu que há uma aposta contínua na implementação de políticas públicas e sociais para a dignificação da mulher, igualdade de género e sua participação activa nos processos de tomada de decisão.
Luísa Damião falou igualmente para os jovens, apelando a que desempenhem um papel importante a favor do desenvolvimento do país. Parafraseando o presidente e querido líder João Lourenço, frisou que “a JMPLA deve ser o fiel intérprete dos anseios e aspirações da juventude angolana, cuja missão radica na necessidade de contribuir na educação dos jovens dentro dos princípios da ética, da moral, do amor ao estudo e ao trabalho, do patriotismo como defende o MPLA”.
Para a vice-presidente do MPLA, a trajectória de lutas e de vitórias do partido assenta na sua “capacidade de galvanizar a sociedade para os imperativos nacionais”, pelo que o processo de revitalização dos Comités de Acção do partido deve proporcionar não apenas melhor controlo estatístico sobre o universo real da massa militante, mas também a sua distribuição e localização nos bairros, distritos, aldeias e vilas, com a finalidade de acompanhar o dia-a-dia das comunidades.
Luísa Damião é um paradigma de culto canino ao querido líder, seja ele quem for. A vice-presidente do MPLA, partido no poder em Angola desde 1975, afirmou no dia 20 de Abril de 2019 que o país está a viver um “momento sublime” na sua História, em que são necessários “verdadeiros patriotas” para apoiar o processo de combate à corrupção. E o que significa “sublime”? Significa, querida Luisinha, “muito alto, perfeitíssimo, majestoso, excelso, que fica acima de nós, poderoso, grandioso, esplêndido, encantador”.
Luísa Damião discursava, desta vez, na abertura da “Campanha Pública de Moralização da Sociedade”, iniciativa do MPLA, que se realizou em Talatona, a sul de Luanda, sob o lema “Combater a Corrupção e a Impunidade, É Garantir um Futuro Melhor e o Bem-Estar das Famílias Angolanas”.
“A moralização da sociedade é uma tarefa que necessita da força de todos. É urgente a necessidade e a oportunidade que temos no nosso tempo e nesta geração de corajosa e destemidamente fazermos um corte, uma ruptura de rejeição, contra as más práticas. É na verdade um momento sublime da nossa história, em que se precisam verdadeiros patriotas, homens e mulheres que defendam causas nobres e se propõem virar a página e deixar de navegar na impunidade”, sublinhou a dirigente do MPLA.
Segundo Luísa Damião, têm de juntar-se sinergias em torno de um combate “sem tréguas à corrupção, ao nepotismo, à impunidade e à bajulação”, que são vencíveis com o contributo todos os sectores da sociedade angolana.
A vice-presidente do partido que lidera Angola desde 1975, ano em que acedeu à independência, lembrou que os fundadores do MPLA cumpriram a sua parte, com o sonho, realizado, de um novo país, pelo que chegou a hora de, hoje em dia, todos os angolanos terem a responsabilidade de lutar contra o “inimigo comum”.
“A corrupção, o nepotismo, a impunidade e a bajulação são como se de uma bomba atómica se tratasse, que não poupa ninguém, pelo que tudo, absolutamente tudo, devemos fazer para vencê-la com todos os meios e inteligências necessárias. Devemos todos renunciar ao suborno, ou seja, o uso da recompensa escondida para conquistar um acto, ou omiti-lo, de um funcionário público a seu favor”, insistiu.
Para Luísa Damião, o nepotismo consiste na concessão de empregos ou favores por vínculo, e não por mérito, e o peculato é o desvio ou apropriação de fundos públicos para uso privado, pelo que um país em que impera a impunidade “gera descredibilização nas instituições, na confiança e no simbolismo que as mesmas transmitem à sociedade”.
“Os recursos financeiros ou materiais provenientes da corrupção tornam-se numa desonra pública. É um dinheiro que não é nosso. É do povo para realizar o interesse público. A corrupção é um crime hediondo que deve ser combatido sem tréguas com todas as forças”, acrescentou.
Lembrando que o combate à corrupção é um dos temas prioritários do Programa de Governo 2017/22 (esquecendo que o seu anterior patrono, José Eduardo dos Santos, também dizia o mesmo), Luísa Damião reiterou a necessidade de o cumprir, algo que “há muito se impunha: um combate cerrado e a sério no nosso país”.
“É o que estamos a fazer, mobilizando todas as instituições e a sociedade civil a juntar-se à luta que é de todos nós, na medida em que somos directa ou indirectamente afectados por ela, quer queiramos ou não. Todavia, estamos cônscios das diferentes interpretações e mal-estar que o combate ao fenómeno possa causar entre nós. Não está em causa as pessoas, mas apenas atacar e destruir o mal”, frisou.
Para Luísa Damião, o combate à corrupção já está a dar frutos, defendendo que Angola “abriu uma nova página, um novo ciclo”.
“Os cidadãos estão cada vez mais a escrutinar a acção dos gestores públicos porque estes são servidores e têm a obrigação de prestarem contas ao povo. Não há dúvidas da forte determinação, coragem e grande sentido de Estado do Presidente de Angola, João Lourenço”, sublinhou. Ai dela se, criticando a bajulação, não bajulasse o seu Presidente…
“O combate à corrupção e seus males é sério. Não vale a pena pensar-se que é apenas para inglês ver e que é selectivo, como alguns tentam insinuar em vez de apresentarem opiniões construtivas. É um processo onde o papel fundamental cabe não somente aos órgãos da administração da justiça, mas sobretudo das organizações da sociedade civil, das igrejas, das universidades e outros grupos de representação dos interesses de cidadãos”, acrescentou.
Nesse sentido, a luta contra a corrupção “é um facto” e os indicadores são “bastantes animadores”, com o encorajamento e incentivo das organizações e entidades da sociedade civil nacional e internacional, “que dão boa nota aos esforços em curso no país”.
“Nesta cruzada de luta contra a corrupção, o MPLA deve ocupar a primeira trincheira, assumir o papel de vanguarda e de líder”, concluiu.
Se este desiderato for alcançado é certo que Angola terá um futuro “sublime”. Desde logo porque acabará com todos esses cancros e, ao acabar com eles, acabará também com a existência do maior partido do mundo com mais corruptos por metro quadrado, o MPLA.