A petrolífera francesa Total anunciou que vai entrar no ramo da comercialização de combustíveis em Angola através de uma parceria com a estatal angolana Sonangol, que cederá os primeiros 45 postos de abastecimento. Isabel dos Santos tinha razão. Quem está sempre a recordar as verdades passadas pode perder um olho. Quem as esquecer pode ficar sem os dois.
Em comunicado, a multinacional francesa, operadora petrolífera em Angola desde 1953, esclarece que as duas companhias “decidiram criar uma ‘joint-venture’ para desenvolver actividades de retalho e de distribuição no país, o quarto maior mercado da região subsaariana”.
“A ‘joint-venture’ Total-Sonangol irá inicialmente concentrar-se na actividade de distribuição e venda de combustíveis e lubrificantes no segmento B2C [mercado empresarial], lançando uma rede de bombas de combustível com a marca Total. Ela desenvolverá, em paralelo, actividades no B2B [retalho]”, refere a petrolífera francesa.
A Total acrescenta que, “dependendo” dos “avanços no actual processo de liberalização” da comercialização de combustíveis a retalho — que continua concentrada no grupo da empresa estatal Sonangol –, a petrolífera francesa “também pretende desenvolver através desta parceria tanto actividades de logística como de fornecimento de derivados de petróleo, incluindo a importação e armazenamento primário de produtos refinados”.
Com base neste acordo, a Sonangol “vai contribuir com 45 bombas de combustível já existentes em áreas urbanas e nas estradas nacionais” para a parceria, que chegará desta forma a dez províncias do litoral e centro de Angola.
“A Total vai trabalhar com o seu parceiro para desenvolver rapidamente esta rede, de forma a alcançar os mais elevados padrões internacionais de venda a retalho e melhorar a qualidade da distribuição de combustível em todo o país”, garante a petrolífera francesa, que em Angola produz, em média, todos os dias, cerca de 230.000 barris de petróleo.
Esta parceria, recorda a Total, ainda está sujeita “à avaliação pelas autoridades que regulam a concorrência” em Angola.
Angola contava em 2015 com mais de 900 postos de abastecimento de combustíveis, segundo dados do Governo. A maioria destes postos, contentorizados e construídos de raiz (494), estava nas mãos da estatal Sonangol Distribuidora.
Seguia-se a privada Pumangol, com 71 postos de abastecimento, e depois a Sonangalp, participada em 49% pela portuguesa Galp Energia e detida maioritariamente pela Sonangol, que operava quase meia centena de postos.
No entanto, a administração da Sonangol anunciou em 2015 que a petrolífera angolana pretendia desinvestir naquela parceria com a portuguesa Galp, por também ter este tipo de operação de retalho, projectando a alienação da sua quota (51%).
Além das três marcas de implantação nacional, a rede de postos de abastecimento de combustíveis angolana era então constituída por mais de 300 operadoras de “bandeira branca”, das quais 221 instaladas em contentores ao longo das principais vias.
Isabel dos Santos tinha razão
Recorde-se que a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, Sonangol, e a Total E&P Angola assinaram no dia 15 de Junho de 2018 o contrato para o fornecimento, pela operadora Francesa, de gasolina ao mercado nacional, na sequência do concurso lançado em Janeiro deste ano.
O contrato, rubricado pelo Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Carlos Saturnino, e pelo Director Geral da Total E&P Angola, Laurent Maurel, assegura, formalmente, o fornecimento de gasolina ao mercado doméstico para os próximos 12 meses.
De referir que, ao abrigo do aludido concurso, a Total E&P Angola iniciou a inerente actividade em Maio último, sendo que, de acordo com o interesse das partes, o contrato poderá estender-se até Dezembro de 2019.
Relembre-se que a empresária Isabel dos Santos afirmou no dia 5 de Dezembro de 2017 que a petrolífera francesa Total pretendia ficar com os postos de abastecimento mais rentáveis da Sonangol Distribuidora, num acordo com o grupo petrolífero estatal angolano. O tempo (e não foi assim tanto) disse que ela tinha razão.
Isabel dos Santos, que até 16 de Novembro de 2017 foi Presidente do Conselho de Administração do grupo Sonangol, tendo sido então exonerada (pelo que se vai percebendo as razões foram apenas e só políticas) pelo chefe de Estado, João Lourenço, assumiu esta posição através do Twitter, uma das redes sociais que desde a sua saída da petrolífera tem utilizado para explicar o trabalho realizado em 17 meses.
De acordo com a empresária e filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, 85% do lucro da Sonangol Distribuidora, a subsidiária do grupo para a distribuição de combustíveis refinados, “vem de 75 postos de abastecimento”.
“E são esses que a Total pediu para ficar com eles. Vamos ver os próximos capítulos”, escreveu Isabel dos Santos, numa resposta, por sua vez, ao texto publicado no Twitter pelo actual ministro da Comunicação Social de Angola, João Melo, abordando o contrato então assinado, em Luanda, entre a nova administração da Sonangol, liderada por Carlos Saturnino, e a petrolífera francesa Total.
“O anúncio dos novos investimentos da Total em Angola é uma excelente notícia. Destaco também, em particular, a perspectiva da entrada da referida companhia na área da distribuição, tão logo o mercado seja liberalizado. O desmantelamento dos monopólios é imperioso”, lê-se no ‘post’ colocado pelo ministro João Melo.
Já em Junho se sabia que as petrolíferas Sonangol e Total assinaram já vários acordos de cooperação, entre os quais uma “joint-venture” para a importação e distribuição em Angola de produtos refinados do petróleo.
Os acordos foram assinados, no final do ano passado, em Luanda pelo PCA da Sonangol, Carlos Saturnino, e pelo presidente director-geral da Total, Patrick Pauyanné.
Patrick Pauyanné manifestou na altura satisfação pelo novo impulso que Angola dá à área dos petróleos, muito afectada com o baixo preço do petróleo, que dá mostras de alguma melhoria com um preço um pouco acima dos 60 dólares por barril.
“Hoje assinamos vários acordos entre os quais o novo impulso para a exploração no bloco 48, que é um bloco em águas ultra-profundas, no qual teremos uma parceria com a Sonangol. Encontramos condições para avançar com o projecto no bloco 17, Zínia na fase 2. Quero agradecer ao presidente do conselho de administração da Sonangol por isso ter sido possível e lançar o projecto”, frisou.
Patrick Pauyanné sublinhou que, sendo a Total o primeiro operador do país, com uma produção diária de mais de 600 mil barris, era importante que se reunisse com o novo presidente da Sonangol.
Recorde-se, entretanto, o que o mesmo Patrick Pouyanné, CEO da Total, disse sobre a liderança de Isabel dos Santos na petrolífera nacional: “A Sonangol está a fazer exactamente aquilo que nós fizemos. Quando o preço do petróleo caiu todos sentimos dificuldades. A sua prioridade tem sido a transformação e equilíbrio das contas, o que tem sido positivo e permite voltar a pensar no desenvolvimento”.
Por sua vez, referindo-se à gestão de Isabel dos Santos, Eldar Saetre, CEO da Statoil disse: “Estamos em Angola há 26 anos e por isso temos uma grande experiência neste mercado que tem sido muito importante para a nossa empresa. Sempre tivemos uma relação muito próxima com a Sonangol e queremos mantê-la por muito tempo. Por isso estamos para ficar e encontrar novas oportunidades de colaboração com a Sonangol”.
Também Clay Neff, presidente da Chevron África afirmou no contexto do desempenho da anterior PCA: “Vemos as mudanças que a Sonangol está a fazer com muitos bons olhos. Existe uma colaboração muito positiva entre a Sonangol, a Chevron e os outros membros da indústria para melhorar as condições de investimento em Angola”.
O Folha 8 foi um dos mídias que, à l’instar do Maka Angola, resolveu entrar em guerra sem tréguas com a Isabel dos Santos. Vir apenas dizer nesse texto, como vem ja sendo habito, que a mesma tinha razão, nao basta! Ha que ter humildade e coragem de admitir publicamente que as vossas análises no passado, em volta da situação da Sonangol, sempre teve carga emocional e politica!
Agora Isabel dos santos estava certa, esse Carlos sartunino, a Isabel sempre tevi razão