Para marcar o 132° aniversário do Tratado de Simulambuco, de 1 de Fevereiro de 1885, a liderança política da FLEC-FAC vem chamar a atenção dos Estados-Membros da União Europeia e lembrar o Reino Unido, a França, a Bélgica e a Alemanha, países que participaram na partilha da bacia do Congo, para a necessidade de reconhecerem oficialmente Cabinda como um estado soberano.
Cabinda, diz a FLEC-FAC, “é um território, povo, nação com cultura e história. Tal como acontece com Timor-Leste, Eritreia, República Sarauí.”
“A FLEC-FAC não aceita a permanência de uma potência estrangeira no nosso território, mas não quer imiscuir-se nos assuntos internos de Angola. Nada queremos dos angolanos, apenas que o seu governo nos deixe em paz. Queremos exercer o direito à autodeterminação. Pouco nos importam as eleições dos outros, porque não somos angolanos. Em Agosto, vamos boicotar as eleições dos angolanos no território de Cabinda”, diz a organização em comunicado enviado ao Folha 8.
Por isso, a FLEC-FAC “exorta toda a população de Cabinda para não participar nas eleições presidenciais de Angola (Agosto 2017)”, chamando “a atenção a todos os cabindas para não cederem ao eleitoralismo dos partidos angolanos e para denunciarem a compra de votos e o registo ilegal de estrangeiros para votarem no território. Nada temos a ver com eles e não os queremos na nossa terra. Apesar de nos terem invadido, há já 42 anos, não conseguiram quebrar a nossa moral nem a nossa razão. Por isso, a guerrilha continua e continuará.”
FLEC-FAC afirma que “nós conhecemos o sofrimento imposto pelo regime estrangeiro angolano e sua máfia exploradora. Nós vamos continuar a lutar, como temos feito todos estes anos, porque Cabinda nunca foi angolana nem nunca será”.
“Cabinda é, desde o Tratado de Simulambuco (1 Fevereiro 1885) um protectorado português. Mas, enquanto o estado português não actuar como fez em Timor-Leste, convocando as Nações Unidas (ONU) para a internacionalização do conflito, vamos apelar à Resistência Popular Generalizada. A nossa Independência não é negociável”, considera a FLEC-FAC.
A FLEC-FAC relembra à comunidade internacional que “só exigimos independência total e incondicional de Cabinda porque os líderes tradicionais que assinaram o TRATADO DE SIMULAMBUCO eram livres em 1885, quando concluíram o acordo que dá a Cabinda estatuto de Protectorado Português”.
A FLEC-FAC conclui o comunicado dizendo que “todos os países se constroem reconhecendo as suas tragédias e erros do passado. O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa deve reconhecer os erros cometidos em Cabinda para que Portugal possa ser reconhecido como um nobre país europeu cumpridor dos valores humanos da União Europeia”.