REI OURO NEGRO AGUENTA REI DO MPLA

A produção petrolífera em Angola vai continuar abaixo da meta definida pela OPEP e que motivou a saída do país desta organização, no final de 2023, de acordo com o relatório “O Estado da Energia Africana em 2025”.

Um dos “grandes desenvolvimentos foi a saída de Angola da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) depois de a versão expandida desta entidade ter alocado a Angola uma quota menor que a pretendida”, lê-se no relatório, que afirma que a produção petrolífera angolana deverá ficar ligeiramente acima de um milhão de barris por dia este ano.

“As metas de produção da OPEP para Angola têm sido consideravelmente mais elevadas que as estimativas de produção da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANPG) e do que a própria oferta”, refere-se no documento da Câmara de Energia Africana, uma organização destinada a promover os investimentos no sector energético no continente.

A organização realça que diferença entre as metas de produção da OPEP e a produção real tem até aumentado nos últimos anos, “com a produção de 2021 a ficar a 90% do objectivo, a de 2022 um pouco acima de 80% e a de 2023 ligeiramente abaixo da meta”.

“Apesar de o país registar um aumento do investimento e das perfurações nos últimos anos para travar o natural declínio, a produção ainda está para chegar aos 1,18 milhões de barris por dia, a quota que Angola tinha pedido”, dizem os analistas.

Do lado positivo apontam que “há muitos incentivos que têm sido dados às companhias, como uma redução nos impostos e melhorias na capacidade de recuperar os custos de exploração, para promover mais actividades de exploração e perfuração”.

A saída de Angola, no final de 2023, da OPEP deixou como países africanos membros da organização a Líbia, República do Congo, Gabão, Nigéria, Argélia e Guiné Equatorial, que bombeiam cerca de 3,9 milhões de barris por dia, com possibilidade de aumentar a produção para 4,28 milhões de barris diários na segunda metade deste ano.

O continente africano deverá continuar a contribuir com cerca de 8% da produção mundial de petróleo, com a maior parte do crescimento a ser alimentada pelos países da OPEP e por Angola, o segundo maior produtor da África subsaariana a seguir à Nigéria.

No relatório, os analistas escrevem que “África pode aumentar a sua produção, de 6,5 milhões de barris diários para quase 7,0 milhões no final de 2025”, com este aumento da produção a depender “principalmente do combate ao vandalismo dos oleodutos e ao roubo de petróleo na Nigéria, para além de um ambiente mais estável no Sudão, que afecta também a produção do Sudão do Sul”.

A África ocidental, refere-se no relatório, é o maior fornecedor de petróleo da região, produzindo 3,7 milhões de barris diários, mas com o aumento sustentado da produção em Angola, e uma recuperação da produção na Nigéria, a região pode aumentar a produção para entre 3,8 a 2,9 milhões de barris por dia.

Angola vai concluir a privatização da sua companhia petrolífera nacional (do MPLA, entenda-se) Sonangol até 2026. O processo visa reforçar a capacidade financeira e operacional da empresa, ao mesmo tempo que consolida a sua posição como um grande promotor de projectos na indústria de petróleo e gás de Angola. Aproveitando mais de 60 anos de experiência, a Sonangol está a conduzir uma forte lista de projectos em parceria com Companhias Petrolíferas Internacionais (IOCs) e operadores regionais.

Na sessão das “Conversa com” o AOG (Angola Oil & Gas (AOG), que teve lugar em Outubro de 2024 em Luanda, forneceu informações sobre as oportunidades que a privatização oferece, bem como descompactou a estratégia de investimento da Sonangol e os próximos projectos nos sectores a montante (“upstream”) e a jusante (“downstream”).

Com uma quota de mercado de 26% em Angola, a grande empresa de energia Chevron está a impulsionar projectos de petróleo e gás de baixo carbono em Angola. A empresa tem em marcha o seu Projecto Sanha Lean Gas Connection de US $ 300 milhões. Fornecendo matéria-prima para a instalação de Angola LNG, o projecto envolve o desenvolvimento de uma plataforma que se liga ao complexo de Condensado de Sanha existente. Além disso, a Chevron assinou um acordo de partilha de produção em 2023 para gerir as operações dentro da área de concessão do Bloco 14/23 na fronteira marítima de Angola e da RDC. Na AOG 2024, a Chevron forneceu informações sobre os seus projectos de baixo carbono em Angola, bem como oportunidades em gás natural.

A TotalEnergies alcançou a FID (decisão final de investimento) no seu Desenvolvimento em Águas Profundas de Kaminho no Bloco 20/11 no início deste ano. Representando o primeiro grande desenvolvimento em águas profundas na Bacia do Kwanza, o projecto deve começar em 2028 com uma capacidade de 70.000 barris por dia (bpd). Composto pelos campos de Cameia e Golfinho, o projecto está a ser desenvolvido em parceria com a Sonangol e a Petronas da Malásia.

A empresa internacional de energia Azule Energy iniciará a produção no Agogo Integrated West Hub Development e nos campos de Quiluma e Maboqueiro em 2026. Tendo assinado recentemente contratos de serviços de risco para os blocos 46, 47 e 18/15, a empresa está comprometida em aumentar a produção enquanto lidera projectos de gás não associados.

Operadora do Bloco 15 – um dos blocos dourados de Angola, que abriga 18 descobertas comerciais e 20 anos de produção – a ExxonMobil visa maximizar a produção dos activos existentes para mitigar os declínios naturais da produção. A empresa anunciou uma descoberta no poço de pesquisa Likember-01 em 2024 – o primeiro poço da iniciativa de produção incremental de Angola.

A Etu Energias – o maior produtor privado de petróleo de Angola – está gradualmente a reforçar a sua carteira de activos no país. A companhia planeia fazer uma Oferta Pública Inicial em 2026, melhorando a sua capacidade de adquirir licenças. Entre 2025 e 2030, a operadora planeia aumentar a produção para 50 mil bpd e 100 mil bpd, respectivamente.

Folha 8 com Lusa

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