A OPEP prevê que “as tarifas recentemente anunciadas pelos EUA” desacelerem o crescimento económico mundial e o consumo global de petróleo, razão pela qual reviu em baixa as previsões para a procura mundial de crude em 2025 e 2026.
No relatório mensal divulgado hoje, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) estima que o mundo irá consumir uma média de 105,20 milhões de barris por dia e 106,63 milhões de barris por dia de crude este ano e no próximo, respectivamente.
Estes números são 150.000 barris por dia e 300.000 barris por dia inferiores, respectivamente, do que os estimados há um mês.
Numa tentativa de sustentar a produção de petróleo acima de 1 milhão de barris por dia para além de 2027, Angola anunciou a introdução uma série de medidas a montante para melhorar os termos fiscais, atrair investimento e acelerar o desenvolvimento de infra-estruturas.
A medida, do ponto de vista oficial, deve fortalecer significativamente o mercado de “upstream” (a montante) do país e consolidar a sua posição como um participante-chave na indústria global de petróleo.
Ao longo dos anos, o Governo da reino do MPLA que está no Poder em Angola há 50 anos, adoptou uma abordagem dupla para atrair investimentos em petróleo e gás a montante. Por um lado, o país priorizou oferecer acesso regular a oportunidades de bloqueio para que as empresas possam investir em activos estratégicos com mais facilidade.
Por outro lado, a reforma e revisão fiscal garante que os operadores tenham acesso a condições competitivas, enquanto a criação da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) em 2019 simplificou os processos industriais e aumentou a transparência geral. Estas medidas incentivaram o investimento em Angola e o país espera agora um pipeline de investimento de 60 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos.
Angola arrecadou 31,4 mil milhões de dólares (28,1 mil milhões de euros) em 2024 com a exportação de 393,4 milhões de barris de petróleo bruto, comercializados ao preço médio de 79,7 dólares.
Segundo o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, em 2024 a China liderou o destino das exportações angolanas, com 51,91%, seguindo-se a Índia, com 10,02%, Espanha, com 6,27%, e Indonésia, com 4,81%.
O volume exportado representou um aumento de 1,80% em relação a 2023, enquanto o valor resultante das exportações decresceu em 0,11%.
No que se refere ao gás natural no ano passado, as exportações atingiram o total de cerca de 4,6 milhões de toneladas métricas e um valor arrecadado de aproximadamente 2,6 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros).
José Barroso destacou que o volume de gás exportado em 2024 cresceu em cerca de 2,3% comparativamente a 2023, sendo a Índia o principal destino das exportações de LNG (Gás Natural Liquefeito), com cerca de 53% do total comercializado.
A produção petrolífera em Angola vai continuar abaixo da meta definida pela OPEP e que motivou a saída do país desta organização, no final de 2023, de acordo com o relatório “O Estado da Energia Africana em 2025”.
Um dos “grandes desenvolvimentos foi a saída de Angola da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) depois de a versão expandida desta entidade ter alocado a Angola uma quota menor que a pretendida”, lê-se no relatório, que afirma que a produção petrolífera angolana deverá ficar ligeiramente acima de um milhão de barris por dia este ano.
“As metas de produção da OPEP para Angola têm sido consideravelmente mais elevadas que as estimativas de produção da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANPG) e do que a própria oferta”, refere-se no documento da Câmara de Energia Africana, uma organização destinada a promover os investimentos no sector energético no continente.
A organização realça que diferença entre as metas de produção da OPEP e a produção real tem até aumentado nos últimos anos, “com a produção de 2021 a ficar a 90% do objectivo, a de 2022 um pouco acima de 80% e a de 2023 ligeiramente abaixo da meta”.
“Apesar de o país registar um aumento do investimento e das perfurações nos últimos anos para travar o natural declínio, a produção ainda está para chegar aos 1,18 milhões de barris por dia, a quota que Angola tinha pedido”, dizem os analistas.
Do lado positivo apontam que “há muitos incentivos que têm sido dados às companhias, como uma redução nos impostos e melhorias na capacidade de recuperar os custos de exploração, para promover mais actividades de exploração e perfuração”.
A saída de Angola, no final de 2023, da OPEP deixou como países africanos membros da organização a Líbia, República do Congo, Gabão, Nigéria, Argélia e Guiné Equatorial, que bombeiam cerca de 3,9 milhões de barris por dia, com possibilidade de aumentar a produção para 4,28 milhões de barris diários na segunda metade deste ano.
O continente africano deverá continuar a contribuir com cerca de 8% da produção mundial de petróleo, com a maior parte do crescimento a ser alimentada pelos países da OPEP e por Angola, o segundo maior produtor da África subsaariana a seguir à Nigéria.
No relatório, os analistas escrevem que “África pode aumentar a sua produção, de 6,5 milhões de barris diários para quase 7,0 milhões no final de 2025”, com este aumento da produção a depender “principalmente do combate ao vandalismo dos oleodutos e ao roubo de petróleo na Nigéria, para além de um ambiente mais estável no Sudão, que afecta também a produção do Sudão do Sul”.
A África ocidental, refere-se no relatório, é o maior fornecedor de petróleo da região, produzindo 3,7 milhões de barris diários, mas com o aumento sustentado da produção em Angola, e uma recuperação da produção na Nigéria, a região pode aumentar a produção para entre 3,8 a 2,9 milhões de barris por dia.
Angola vai concluir a privatização da sua companhia petrolífera nacional (do MPLA, entenda-se) Sonangol até 2026. O processo visa reforçar a capacidade financeira e operacional da empresa, ao mesmo tempo que consolida a sua posição como um grande promotor de projectos na indústria de petróleo e gás de Angola. Aproveitando mais de 60 anos de experiência, a Sonangol está a conduzir uma forte lista de projectos em parceria com Companhias Petrolíferas Internacionais (IOCs) e operadores regionais.
Na sessão das “Conversa com” o AOG (Angola Oil & Gas (AOG), que teve lugar em Outubro de 2024 em Luanda, forneceu informações sobre as oportunidades que a privatização oferece, bem como descompactou a estratégia de investimento da Sonangol e os próximos projectos nos sectores a montante (“upstream”) e a jusante (“downstream”).
Com uma quota de mercado de 26% em Angola, a grande empresa de energia Chevron está a impulsionar projectos de petróleo e gás de baixo carbono em Angola. A empresa tem em marcha o seu Projecto Sanha Lean Gas Connection de US $ 300 milhões. Fornecendo matéria-prima para a instalação de Angola LNG, o projecto envolve o desenvolvimento de uma plataforma que se liga ao complexo de Condensado de Sanha existente. Além disso, a Chevron assinou um acordo de partilha de produção em 2023 para gerir as operações dentro da área de concessão do Bloco 14/23 na fronteira marítima de Angola e da RDC. Na AOG 2024, a Chevron forneceu informações sobre os seus projectos de baixo carbono em Angola, bem como oportunidades em gás natural.
A TotalEnergies alcançou a FID (decisão final de investimento) no seu Desenvolvimento em Águas Profundas de Kaminho no Bloco 20/11 no início deste ano. Representando o primeiro grande desenvolvimento em águas profundas na Bacia do Kwanza, o projecto deve começar em 2028 com uma capacidade de 70.000 barris por dia (bpd). Composto pelos campos de Cameia e Golfinho, o projecto está a ser desenvolvido em parceria com a Sonangol e a Petronas da Malásia.
A empresa internacional de energia Azule Energy iniciará a produção no Agogo Integrated West Hub Development e nos campos de Quiluma e Maboqueiro em 2026. Tendo assinado recentemente contratos de serviços de risco para os blocos 46, 47 e 18/15, a empresa está comprometida em aumentar a produção enquanto lidera projectos de gás não associados.
Operadora do Bloco 15 – um dos blocos dourados de Angola, que abriga 18 descobertas comerciais e 20 anos de produção – a ExxonMobil visa maximizar a produção dos activos existentes para mitigar os declínios naturais da produção. A empresa anunciou uma descoberta no poço de pesquisa Likember-01 em 2024 – o primeiro poço da iniciativa de produção incremental de Angola.
A Etu Energias – o maior produtor privado de petróleo de Angola – está gradualmente a reforçar a sua carteira de activos no país. A companhia planeia fazer uma Oferta Pública Inicial em 2026, melhorando a sua capacidade de adquirir licenças. Entre 2025 e 2030, a operadora planeia aumentar a produção para 50 mil bpd e 100 mil bpd, respectivamente.