Em nome do povo angolano, venho suplicar-vos para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de Portugal continue a ser uma prioridade para o vosso país. Eu falo não apenas como cidadão, mas como alguém que observa de perto a realidade de um país que, infelizmente, não tem um sistema de saúde pública eficiente. Muitos angolanos recorrem a Portugal para tratar das suas doenças, porque sabem que, em Portugal, ainda se pode confiar no atendimento médico, ainda se pode confiar naquilo que o SNS representa: um direito universal à saúde.
Por Malundo Kudiqueba
O sistema de saúde não é um luxo, é uma necessidade básica. E quando ele falha, falha toda a sociedade. Portugal precisa de um sistema de saúde que coloque as pessoas em primeiro lugar, não os lucros dos investidores. A saúde não é uma mercadoria que se compra, é a essência da qualidade de vida de um povo. O sistema de saúde português está a cair aos pedaços, enquanto os mais pobres enfrentam horas de espera para o atendimento, e a saúde privada se torna um luxo inacessível para a maioria. E o pior é que aqueles que mais necessitam do sistema, os mais vulneráveis, são os mais prejudicados. As filas intermináveis, a escassez de médicos e a falta de recursos fazem com que o sistema de saúde deixe de ser um direito universal, transformando-se num verdadeiro privilégio para quem pode pagar.
Não destrua aquilo que é mais valioso para o povo português! A saúde pública não é um luxo, é um direito fundamental que deve ser preservado acima de tudo. Em Angola, somos privados de um sistema de saúde que atenda às necessidades básicas da população, e é triste ver que muitos angolanos precisam atravessar o oceano para receber tratamentos médicos em Portugal, que, embora cada vez mais sobrecarregados, ainda são de uma qualidade incomparável à que encontramos em nossa terra.
Portugal tem algo que muitos países, incluindo o meu, gostariam de ter. O SNS de Portugal é um tesouro, uma joia rara que deveria ser valorizada e não dilapidada.” Ele não é apenas um sistema de saúde, mas um símbolo da solidariedade e do compromisso do Estado com o bem-estar do seu povo. A saúde não pode ser tratada como um bem de consumo, mas como um direito inalienável de cada cidadão.
Ao ver o SNS cada vez mais fragilizado, é impossível não sentir uma preocupação profunda. A privatização crescente, a escassez de médicos e a sobrecarga de hospitais indicam que algo está a falhar. A saúde pública, que deveria ser um pilar da sociedade portuguesa, está a ser sacrificada por questões políticas e orçamentais. A saúde não é uma mercadoria que se compra, é a essência da qualidade de vida de um povo.
Como angolano, tenho o direito de pedir que não destruem o que tem dado tanto a Portugal e, de certa forma, a todos os que dependem desse sistema, incluindo os angolanos que recorrem ao vosso país em busca de tratamentos médicos. Não permitam que o vosso povo perca o maior presente que podem dar a si mesmos: a saúde.
Portugal tem sido exemplo para muitas nações, inclusive para Angola, sobre como um sistema de saúde público bem estruturado pode transformar a vida de um povo. Não permitam que os desafios financeiros e as políticas de austeridade ditem o fim do que é, na essência, um bem colectivo. Quando se destrói o sistema de saúde, destrói-se o futuro de toda uma nação.
Aos políticos portugueses, deixo este apelo: A saúde não é algo que se negoceia, é algo que se deve proteger com todas as forças. O SNS não é só para os portugueses, mas também para todos os que buscam em Portugal a cura para suas mazelas. Não permitam que a próxima geração cresça sem o direito a um sistema de saúde que respeite a sua dignidade.
Em nome do povo angolano, que também sonha com um sistema de saúde público forte e acessível, peço-vos que não negligenciem o SNS. O povo angolano gostaria de ter algo semelhante ao que Portugal construiu com tanto esforço. Por favor, não permitam que o que é bom seja destruído por uma falta de visão.