SE NECESSÁRIO, MPLA JÁ TEM PARCEIRO DE COLIGAÇÃO

O coordenador-geral da comissão directiva provisória do PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, disse hoje que, nas eleições de 2027, o partido, que terá o seu congresso constitutivo em 2025, será “Governo ou parte do Governo” do país. Se for necessário, o MPLA já encontrou o parceiro para uma coligação.

Abel Chivukuvuku dirigia-se aos 270 membros das estruturas nacionais intermédias e de base, que participaram na segunda reunião ordinária da comissão directiva provisória do PRA-JA Servir Angola, partido legalizado a 7 de Outubro deste ano pelo Tribunal Constitucional, de acordo com instruções do Presidente general João Lourenço.

De acordo com Abel Chivukuvuku, em 2027, ano das próximas eleições gerais no país, o PRA-JA Servir Angola vai ser “Governo ou parte do Governo”, mas “de forma positiva, de forma patriótica”, contribuindo com as suas ideias para o futuro do país.

“2027 é já daqui a bocado, ou somos Governo ou somos parte do Governo. É por isso que realizamos esta reunião, para não terminar o ano assim. Nesta reunião, lançamos as bases para o que deve ser 2025 (…), temos que nos preparar para todas as circunstâncias e eventualidades, é por isso que 2025 vai ser um ano crítico para o trabalho”, disse Abel Chivukuvuku.

Para o próximo ano, destacou Abel Chivukuvuku, vai haver diálogo com todos, abertura ao cidadão e disponibilidade para construir o futuro do país.

Na reunião, Chivukuvuku pediu aos membros do PRA-JA Servir Angola que estejam preparados para os desafios de 2025, ano previsto para a realização do primeiro congresso constitutivo.

No encontro, ficaram estabelecidos os termos de referência do congresso e foi aprovada a composição do órgão, com a função específica de criar, até Fevereiro de 2025, as condições necessárias para convocação do congresso.

Segundo Abel Chivukuvuku, foi preciso “muita fé, muita convicção, mas sobretudo certeza” que levou à legalização do partido, depois de vários chumbos pelo Tribunal Constitucional, num processo que se iniciou em 2019.

“Mas não haja ilusões, não foi fácil e não vai ser fácil para a frente. Preparem-se! (…), vamos surpreender o país”, disse Abel Chivukuvuku para os presentes, entre os quais se destacavam líderes da Frente Patriótica Unida (FPU) – UNITA e Bloco Democrático, designadamente -, e representantes das embaixadas de Portugal, China, Rússia, França e de partidos políticos, entre os quais, pela primeira vez, do MPLA, partido no poder há 49 anos.

Na reunião, após alguns ajustamentos pontuais dos estatutos, foi feita uma análise da situação política “e das deploráveis condições económicas e sociais das populações”, refere-se num comunicado emitido no final do encontro.

Na sua intervenção, o coordenador-geral da comissão directiva provisória do PRA-JA Servir Angola referiu-se aos problemas que o país enfrenta, quase 50 anos depois da sua independência, que se assinalam no próximo ano.

Chivukuvuku criticou o facto de, 50 anos depois, os angolanos terem ainda “a tendência de não aceitarem a verdade dos factos”, considerando que “não é aceitável” ainda haver “o trauma psico-histórico” em não aceitar que três líderes, de três movimentos, fizeram parte do processo de luta pela independência.

“Quando é que vamos ter coragem de dizer que vamos assumir a verdade: Agostinho Neto (líder do MPLA), Holden Roberto (líder da FNLA), Jonas Savimbi (líder da UNITA . O que é que custa? Mas não temos capacidade. Como é que vamos construir o país assim”, questionou.

O político defendeu que é o momento de todos os actores políticos se sentarem e desenharem a Angola dos próximos 50 anos, “todos juntos, construir pontes”.

“Nós, PRA-JA estamos disponíveis, estamos prontos, para sentar à mesa como angolanos, sem limites e sem barreiras, com todos, e decidirmos que país queremos legar às gerações vindouras daqui a 50 anos”, salientou.

UNS TÊM VALOR, OUTROS TÊM PREÇO

Em 21 de Outubro, o nosso Director, William Tonet, escreveu aqui o texto que se segue. A repetição justifica-se por uma questão de informação, transparência e respeito pelos nossos leitores. Cumpre, aliás, a nossa máxima de que se o jornalista não procura saber o que se passa é um imbecil, e se sabe e se cala é um criminoso. Não somos imbecis nem criminosos:

«(…) no caso em apreço, não estando em cheque o carisma e capacidade oratória de Abel Chivukuvuku, honestamente deixei de acreditar. Completamente!

Conheço Abel, irmão do “gigante” Samuel (homem superdotado, integro e incorruptível) e filho do velho professor Pedro (in memorium) desde o Bailundo-Luvemba (Huambo) à CASA-CE (Luanda)…

Mas, por razões morais, ontem o fiz, mas hoje e, amanhã… considero-me impedido de tecer pergaminhos sobre o agora líder de partido político… Por respeito à verdadeira amizade (do latim amicitate) como relação afectiva entre duas pessoas, nos marcos da afeição, lealdade e altruísmo e nunca ter apunhalado um amigo pelas costas, declinei o convite…

ALIANÇA POLÍTICA. Fui amigo de Abel, por muitos anos, sendo-lhe fiel, até ao dia que me traiu… Adiante.

Em 2012, sabendo estar, partidariamente, livre convidou-me para o projecto CASA-CE, apontado como sendo a terceira via, de que carecia o país…

Hesitei, inicialmente, face à coabitação com “políticos-comerciantes”, que cederam os respectivos “alvarás-políticos” (reconhecimento, junto do Tribunal Constitucional), mas, convenceu-me depois da introdução de uma cláusula no acordo da coligação: “independente do resultado eleitoral a coligação transformar-se-á em partido político”.

O feito não se materializou, porque os “opacos líderes dos partidos” depois de tirarem a barriga da miséria, resistiram (rasgaram) ao cumprimento do acordo, para manter as mordomias mensais, nunca antes conhecida… Muito inspirados, não só pelo seu complexo étnico, em relação a falsos aliados na CASA-CE, mas também, pela vaidade pessoal, pese ser presidente sem partido, ao protelar a transformação da coligação, mesmo depois de aprovado em congresso. Depois, pensando ainda ter o controlo da máquina, tornou a ceder, aos “vendedores” de “alvará político”, que aprimoraram a chantagem, vindo mais tarde a apunhalá-lo, contando com o apoio dos seus braços direitos: Miau, Manuel Fernando, entre outros. Humilhado, só descobriu que, afinal, o amigo nunca quis o seu lugar, ao ver os verdadeiro(s) Caim(s), depois de ser copiosamente, escorraçado da coligação… Aqui, com a devida cumplicidade, foi enterrada a terceira via…

ALIADO DA INTRIGA. Quando um amigo, sem escrutinar, tão pouco ouvir o outro, adere à intriga de alguém sem magistratura intelectual, fere o princípio da lealdade. Mais grave é quando, o dito, prefere ver a imagem da própria família manchada (publicações apócrifas nas redes sociais sobre, alegada, vida faustosa dos filhos nos Estados Unidos), mesmo depois de ter ciência do bandoleiro: “amigo de mesa de bar”, vindo do “Leste”. Preferiu deixar a suspeição no ar, ao invés de explicar à família, principalmente, ao filho primogénito, quem era o energúmeno responsável por manchar, “lindamente”, a reputação dos próprios progenitores. Uma clara adesão a sujeira mental.

GRATIDÃO. Nunca esqueceria o gesto desinteressado de um amigo, que voluntariamente, organiza a festa de aniversário de 90 anos de idade de meu pai… É verdade, que o professor Pedro merecia, pelo enorme contributo a educação de milhares de meninos no Huambo. Tal gesto, não pode, um filho com higiene intelectual esquecer, sob pena de mostrar a falta de carácter e profunda ingratidão…

A gratidão perfuma as grandes almas e azeda as almas pequenas, segundo Honoré de Balzac. Ela vai além de um simples pensamento positivo, por envolver mecanismos complexos do cérebro e da psicologia que promovem o bem-estar. Quem esquece tem preço…

FALTA DE SOLIDARIEDADE. Jamais deixaria de emprestar solidariedade humana, como político, se um amigo, nas eleições de Agosto de 2022, solicitasse o “empréstimo” (a custo zero) de um bem móvel de extrema valência (“Dragão”, trio eléctrico – carrinha com meios de som), para abrilhantar o último acto da sua campanha eleitoral, na província do Uíge… No regresso a Luanda a carrinha acidentou. Felizmente, não houve mortes, para além de lesões corporais, que obrigaram a internamento hospitalar de alguns técnicos…

Sendo a vida o bem maior, quando um político, candidato à mais alta magistratura, mostra uma surpreendente insensibilidade. Com um “amigo da onça”, não é preciso inimigos, porque até hoje: Outubro de 2024, nunca quis saber, do estado de saúde dos três técnicos, que o tinham servido, nem fez uma ligação ao amigo, para emprestar solidariedade, em jeito de empatia, sobre os danos.

Uma vez mais, orgulhou-se em prejudicar, material e financeiramente o amigo, refugiando-se em acusações fúteis de os técnicos terem acidentado, por estarem sob efeito etílico, quando os mesmos, ao contrário do acusador, não consomem álcool. Um verdadeiro iceberg de ingratidão e traição, preceitos “assassinos” de uma amizade.

DÍVIDAS. A CASA-CE teve dois grandes financiadores, ele, secundado pelo amigo. Mensal ou trimestralmente via programado, mancomunado com o financeiro Muanza, um verdadeiro trapaceiro e ladrão, com impunidade, o abatimento da sua dívida. Legítimo! Mas omitia, a do outro financiador, que ascende a mais de 1 milhão e seiscentos mil dólares… mas apoiou o corrupto ladrão Muanza até ao fim, que nunca apresentou um recibo comprovativo de pagamento, durante mais de duas décadas…

PROCESSO JUDICIAL. Apesar de todos estes contratempos, ainda assim, decidi a pedido de Xavier, ajudar no processo judicial, para legalização do PRA-JA. Conseguiu feitos nunca antes alcançados por uma Comissão Instaladora, não legalizada. Foi a primeira organização política a intentar e ver admitida, um Recurso Extraordinário por Omissão, junto do Tribunal Constitucional. O desfecho, conhece-se, mas a verdade é de os seus membros não terem ficado, quatro anos sem actividade política activa, ao ponto de terem chegado ao parlamento, num facto inédito, em Angola, África e mundo, face a fundamentação, por nós compilada, numa brochura, reunindo a doutrina e, até então, artigos da Constituição e da Lei dos Partidos Políticos, nunca antes explorados e, elemento fundamental para integrar a FPU, pois a UNITA precisava de um elemento legal que não complicasse o novo ente extra-eleitoral…

Aqui chegados, esqueceu(ram) tudo; endereço do escritório, telefone, aliás, os 200 metros que separam os dois escritórios, converteram-se em mais de 2.000 km…

Mas de traição em traição, até à traição final, o político mostrou não ter valores, em relação à amizade, mas preço.

A abjecta difusão nas redes sociais e delegações do PRA-JA, com um rol de comentários dos delegados e proxis, desabonatórios e com um manto de mentiras e calúnias, como a de ter recebido 15 milhões de kwanzas, para intentar um recurso de cassação. MENTIRA! Ter património adquirido através da extorsão a generais e ministros. MENTIRA! Mas se tinha ciência e beneficiou deste património, ao longo dos anos, então é cúmplice, logo, passível de responsabilidade criminal.

Mas como uma maldade e traição nunca morrem solteiras, quis o destino apresentar evidências indesmentíveis do acusador ser visto a refrigerar dólares (mais de meio milhão de dólares), numa caixa térmica, na casa de um mobilizador do MPLA, fruto de extorsão e corrupção.

O jornalista tem a obrigação de escrever, artigos de opinião, preferencialmente, sobre políticos íntegros, quando não vê esse conceito, pese outros valores, não o faz.

Porque tal como se diz: “Amigos são como diamantes, raros e preciosos e na jornada da vida, são as paradas mais importantes. Um verdadeiro amigo é aquele que está ao seu lado nos momentos difíceis e nos momentos felizes.” Deixou de ser o caso!»

Folha 8 com Lusa

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