GASTANÇA SEM LIMITES DENOTA  FALTA DE PROJECTO DE SOCIEDADE

O sistema político angolano está convertido num verdadeiro circo escatológico, com actores de baixo padrão, que, nos últimos anos, face a ideologia de extrema-direita, nada mais fazem do que destruir as raízes da “rés pública”, através de políticas económico-sociais neoliberais sanguinárias.

Por William Tonet

O Presidente da República, João Lourenço, superiormente, coadjuvado pelo presidente do MPLA, João Lourenço, do Titular do Poder Executivo, João Lourenço e blindado pelo comandante-em-chefe das FAA, João Lourenço não pára de surpreender a maioria dos cidadãos, face a visão escatológica, que porta.

O Presidente da República saiu em visita de campo, para constatar recuos e inacção numa obra bilionária paralisada, por falta de higiene intelectual e crónica incompetência do(s) auxiliar(es) do Titular do Poder Executivo, para o ramo, seis meses depois do corte da fita.

O acto pretérito, reprovável ocorreu ao decidir “repristinar”, em 2021, em pleno período pré-eleitoral e de profunda crise económica e financeira, um projecto engavetado de 2005, que já havia consumido, aos cofres públicos mais de 8 mil milhões de dólares, segundo relatório do CIF Hong Kong, anexo aos autos de processo em tribunal, a que F8 teve acesso.

Ingenuamente, alguns acreditaram, medidas drásticas pudessem ser conhecidas, pois sempre que o Presidente, com cara de poucos amigos, coloca um pé fora do palácio presidencial, as zonas, por onde circula, passam a ser consideradas de alto risco, com proibição de livre circulação, sob pena da imprudência e negligência de um cidadão ser mimoseada com um rebuçado ou chocolate letal.

A guarda pretoriana é exímia no tiro ao alvo, daí o temor vivido no dia 5 de Junho de 2024, por quantos tinham de circular, para ir trabalhar, nas zonas Cidade Alta, Mutamba, Bungo e arredores, não fosse o diabo tecê-las…

O “camarada-em-chefe”, na data, iria (foi) à uma incursão turística, percorrendo 45 km, de linha férrea; Bungo – Bengo, a bordo de um vagão do comboio dos Caminhos de Ferro de Luanda, onde para desagrado da política de transportes, constatou não estar, nem este percurso, livre e desimpedido de pessoas e bens…

As pessoas desempregadas e pobres, vendem nas laterais e cercanias da linha férrea por falta de outras opções.

Caricato? Não! É a luta pela sobrevivência face à falta de programas económicos integradores…

Como assim? Pergunta óbvia, quando o tema é uma viagem que deveria ter sido pretérita ao dia 10 de Novembro de 2023, data em que o Presidente João Lourenço inaugurou, com pompa e circunstância o que dizia ser uma grande conquista para alavancar Angola e o turismo…

Ledo engano!

Hoje, confirma-se o embuste de mais uma obra perdulária, inaugurada por um voo “inter-bairro”: avião comercial da TAAG, que levantou do “Kassequel do Lourenço”, aterrando no “Bairro 35” do Bengo.

Seis meses depois, nenhuma aeronave internacional de carga ou passageiro, ainda cruzou as pistas, muito por falta de um sistema de radares e de controladores aéreos, como constatado na visita.

E a aberração maior em tudo isso é que um grupo restrito, continua a apossar-se, ilegítima e “anti – patrioticamente”, de milhões de dólares, sabendo ser a obra coqueluche presidencial, ao ponto de sempre que tiver de aterrar um avião, apressadamente, vão ao Aeroporto 4 de Fevereiro, buscar um aparelho de radar e operador. Finda a operação, o equipamento regressa à origem.

Uma autêntica sarrabulhada!

O grave é do presidente do MPLA, nem com esta viagem, ter tido ciência que a mais valia de qualquer aeroporto, não estar no número de aviões, que, desalmadamente, experts na “enganação e ladroagem” estão a comprar, mas nas vias de acesso, terrestres, ferroviárias, marítimas, fluviais, fluxo económico e de passageiros. Condições inexistentes.

Este elefante branco “made in MPLA”, não terá serventia, senão para a minoria, que tenta inverter a lei da gravidade de Isaac Newton (1643-1727), reportado na obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, de 1687.

Por isso, ao longo da via, o Presidente da República compelido, por ilustres (in)competentes a olhar pela janela, viu “cair-lhe sobre a cabeça a maça” (tal como a Newton), por ter esquecido que numa empreitada aeronáutica, é imprescindível, ter em linha de conta, as três leis da gravidade: “Lei das Órbitas; Lei das Áreas; Lei dos Períodos, segundo, Kepler (1571-1630), selvaticamente, omitidas pelos engenheiros anencéfalos desta absurda e provocadora obra, “correctamente errada” e despesista.

A GRAVIDADE DO ABSURDO

Como um “ente público”, opta, em plena crise sócio económica, investir num aeroporto, cuja serventia, para os autóctones é nenhuma, salvo, para satisfazer vaidades umbilicais partidocratas e anti-país de meia dúzia de iluminados.

Ninguém, verdadeiramente, comprometido com Angola e os angolanos, sabendo não haver condições objectivas e subjectivas de, nos próximos 30 anos, tornar-se em Hub, na região e África, gasta, em dois anos, mais de 3 mil milhões de dólares (equivalente ao empréstimo concedido pelo FMI), sem qualquer perspectiva de recuperação financeira em 50 anos, de um investimento, que já totaliza 11 mil milhões, para depois de inaugurada, em 10 de Novembro de 2023, permanecer, abandonado, paralisado, sem voos de carga, passageiros e certificação internacional.

E de paradoxo em paradoxo, até o paradoxo final a Presidência da República resolve o problema com o escancarar, mais uma vez, dos cofres públicos, por João Lourenço não ter “gostado do que viu daí a convocação, no final, de uma reunião de urgência no palácio presidencial onde exarou, para não variar, um despacho com intervenção urgente nas vias, porque “deixou a nú um conjunto de desafios que vai ser preciso vencer para que a transportação dos passageiros por via-férrea ocorra com garantias de segurança e conforto.

Hoje por hoje, os comboios naquele percurso operam em condições precárias, dada a persistência de mercados informais, circulação de vendedores ambulantes e animais, além da acumulação de lixo e outros detritos”, lê-se na nota.

Daí a urgência “de assegurar as condições de segurança, reabilitação e vedação da linha, implementação do sistema de comunicação e sinalização, limpeza da via permanente, remoção das interferências e edificação de pedonais, para reposição da capacidade técnica e operacional de transporte do Caminho de Ferro de Luanda no troço Bungo-Baía-Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto”.

João Lourenço visitou ainda, de carro, parte do troço da Estrada 230, onde desembocará a circunvalação projectada para desafogar o trânsito entre Luanda e Viana e facilitar o acesso ao novo aeroporto.

Os pobres esperavam solidariedade e empatia, por parte de João Lourenço, mas “coisificados” colherão unicamente, o amargo sabor da discriminação dos muros de betão e das armas policiais, do Executivo, ao invés da lógica da multiplicação de linhas férreas de emprego e comida.

Calcula-se em todo este imbróglio de descobertas, segundo fonte das Finanças, uma afectação financeira de cerca de 290 milhões de dólares. Sendo verdadeira, não restam dúvidas de os dirigentes do regime trabalharem com a carroça à frente dos bois ou, na melhor das hipóteses, com o cérebro ligado aos intestinos…

O país já não suporta tanta falta de acerto e petulância em errar deliberadamente, numa clara provocação, à maioria, da população, visando o espoletar de uma nova guerra.

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