A democracia é um sistema inadequado para a realidade actual de grande parte dos países africanos, marcados por desorganização, indisciplina e fraqueza institucional. “Como pode um sistema baseado em responsabilidade e organização prosperar num ambiente onde reina o caos?” Esta visão, embora controversa, levanta a questão: será a ditadura o sistema mais adequado para a África neste momento da sua história?
Por Malundo Kudiqueba
Ditaduras que Funcionaram: O Poder da Ordem.
Se a democracia tem falhado, a história africana oferece exemplos de regimes autoritários que, apesar dos seus métodos brutais, trouxeram progresso. O Ruanda de Paul Kagame é, talvez, o caso mais emblemático. Depois do genocídio de 1994, Kagame instaurou um regime que privilegiou a disciplina, a segurança e o desenvolvimento económico. Hoje, o Ruanda é uma nação estável e em crescimento. “Liberdades podem ser um luxo numa sociedade onde a sobrevivência ainda é uma luta diária.”
Outro exemplo marcante é a Líbia sob o regime de Muammar Kadafi. Durante décadas, Kadafi governou com mão de ferro, mas garantiu à população acesso gratuito a saúde, educação e habitação. “Sob a sua ditadura, a Líbia tinha ordem; com a sua queda, ficou o caos.” Após a sua deposição, o país mergulhou numa guerra civil que continua a destruir vidas e sonhos.
Ditadura: Um Mal Necessário?
A ditadura, com a sua centralização de poder, oferece uma solução rápida para problemas que exigem acção imediata. Num continente onde o tribalismo, a corrupção e a violência ameaçam diariamente a coesão social, um regime autoritário pode ser visto como uma resposta pragmática. “A mão firme do ditador pode ser, para muitos, a única lei que entendem.”
A Democracia: Um Corpo Estranho no Contexto Africano
A democracia, como ideal de governança, é frequentemente apresentada como o modelo perfeito. Contudo, para grande parte da África, este sistema tem-se revelado mais uma fonte de instabilidade do que um motor de progresso. “Pode a democracia, sem bases sólidas, ser mais uma maldição do que uma bênção?” A realidade demonstra que o continente, mergulhado em desorganização e indisciplina, pode não estar preparado para um modelo que exige valores e princípios que ainda não estão plenamente enraizados. Neste contexto, a ditadura emerge, para alguns, como uma alternativa funcional, embora controversa.
A democracia, nos moldes ocidentais, exige respeito por instituições, responsabilidade cívica e compromisso com o bem comum. Contudo, em muitos países africanos, estas condições simplesmente não existem. “Como pode a democracia vingar onde as instituições são fracas e o civismo é uma miragem?” O resultado são democracias de fachada, onde as eleições servem apenas para legitimar regimes autoritários disfarçados.
Exemplos abundam. Em vários países, como a República Democrática do Congo ou a Guiné-Bissau e agora recentemente em Moçambique os processos eleitorais são marcados por fraudes, violência e manipulação descarada. “Nesses países, a democracia não ilumina, mas sim queima as esperanças de mudança.” Em vez de construir pontes, alimenta divisões e perpetua a instabilidade.
A democracia é um ideal nobre, mas a sua implementação em África requer mais do que eleições e discursos políticos. “Palavras e votos não constroem nações; são as acções e os valores que erguem pilares duradouros.” “Sem líderes de coragem e visão, importar a democracia ocidental para África será como plantar uma árvore exótica num solo árido: nunca criará raízes nem dará frutos. A democracia precisa de cidadãos preparados, instituições robustas e líderes visionários.
Democracia: O Ideal Ainda Por Construir
Apesar das suas falhas, a democracia não deve ser descartada. Países como Gana e Botswana mostram que, com instituições fortes e liderança visionária, é possível implementar uma democracia funcional em África. Contudo, é evidente que a transição para este sistema não pode ser apressada. “Sem bases culturais e institucionais, a democracia é um castelo de areia à mercê da próxima onda.”
O que África precisa não é de escolher entre democracia e ditadura, mas de construir um sistema híbrido que respeite a sua diversidade cultural e histórica. Educação, disciplina e investimento em infra-estruturas são os pilares para preparar o continente para um futuro democrático. “Democracia não se impõe, constrói-se com suor, sacrifício e visão.”