ORDEM DO ASSASSINO PARA OS REIS DE ESPANHA

«É com a mais elevada honra que recebo hoje Vossas Majestades em Luanda, em visita de Estado à República de Angola, cujo povo vos acolhe com um grande entusiasmo e simpatia, por tudo quanto a Espanha tem sabido ser como parceiro pragmático e realista, nas relações de amizade, de solidariedade e de cooperação que os nossos dois países mantêm há mais de quatro décadas.

A nossa satisfação com a Vossa presença em Angola é ainda maior, por se tratar da primeira visita que Vossas Majestades realizam a um país da África ao Sul do Sahara, facto que reflecte, em nosso entender, a relevância que atribuímos às relações diplomáticas, económicas, comercias, culturais e científicas existentes entre os nossos países.

Será, com certeza, em reconhecimento do carácter exemplar das relações entre Angola e a Espanha que Vossas Majestades e o Reino de Espanha entenderam agraciar a mim e a minha esposa com tão honrosa distinção, que recebemos com humildade, por considerarmos que é, sobretudo, o povo angolano, pelo seu contributo à paz e à liberdade dos povos, o principal homenageado neste acto de importante significado, que decorre neste momento.

Agradeço a Vossas Majestades, em nome de todos os angolanos, no da minha esposa e no meu próprio, a decisão tomada pelo vosso país, de nos outorgar a Ordem “Gran Collar de Espanha” e a Ordem de Mérito “Gran Cruz”, pois representa um estímulo para continuarmos a servir cada vez melhor os anseios do povo angolano e contribuir para o contínuo reforço das relações entre a República de Angola e o Reino de Espanha.

Como sinal de reconhecimento do Vosso contributo no reforço das relações de amizade e cooperação económica crescente entre Angola e o Reino de Espanha, decidimos agraciar Suas Majestades os Reis de Espanha com a outorga da mais alta distinção angolana, a Ordem Agostinho Neto.

A Vossa visita de Estado a Angola eleva ao patamar mais alto as relações que a República de Angola e o Reino de Espanha vêm edificando de forma sólida e consistente, através de uma interacção regular entre entidades de diferentes níveis dos nossos dois países. Este facto favorece a concretização dos objectivos traçados para alcançarmos níveis de excelência nas nossas relações.

Registamos, com agrado, a intensificação da cooperação no domínio empresarial nas últimas décadas, com o aumento da presença de empresas espanholas no mercado angolano.

Por este facto, deveremos encarar a possibilidade de traçarmos um novo quadro de prioridades estratégicas, que nos permita dinamizar as parcerias e obtermos, consequentemente, maiores benefícios da nossa relação bilateral, que se reforçou um pouco mais com a assinatura há instantes de 3 importantes instrumentos jurídicos.

Destaco, em todo este contexto, as realizações concretas e bastante importantes levadas a efeito por empreendedores espanhóis que têm contribuído de forma apreciável para o desenvolvimento do nosso país.

Neste capítulo, permitam-me destacar o investimento que tornou possível a construção, na província do Bié, da Universidade Internacional do Cuanza, uma instituição do saber de valor inegável para a capacitação de jovens angolanos com a qualidade necessária para contribuírem no esforço de desenvolvimento económico e social de Angola.

É sabido que Angola tem um enorme potencial de variados recursos, que estão disponíveis para os empreendedores espanhóis interessados em realizar negócios no nosso país, à semelhança do que vem acontecendo com investidores de outras paragens do mundo que não quiseram perder as oportunidades que Angola oferece, neste quadro de melhor ambiente de negócios.

A Espanha assumirá no segundo semestre deste ano a Presidência rotativa da União Europeia, e conhecendo a vossa sensibilidade para os temas respeitantes ao desenvolvimento de África, gostaria de vos encorajar a incluir na agenda das prioridades do vosso mandato, as questões relativas ao apoio e ao financiamento das nossas economias, que carecem de recursos para ultrapassar e vencer as persistentes dificuldades que enfrentamos, muitas das quais agravadas pelas consequências resultantes da pandemia da COVID-19.

Ao assumir esta responsabilidade na União Europeia, a Espanha trabalhará também com outros parceiros internacionais na busca das melhores soluções para pôr fim à guerra na Ucrânia e garantir uma paz duradoura e definitiva para a Europa.

Gostaria de terminar, desejando a Vossas Majestades e à delegação que Vos acompanha, uma óptima estadia em Angola.

Se me permitem, gostaria de aproveitar a vossa presença para transmitirmos os nossos sentimentos de pesar pelas perdas de vidas na Síria e na Turquia, como consequência do terramoto que teve lugar ontem.»

Nota. Este texto corresponde “ipsis verbis” ao discurso do general João Lourenço, Presidente de Angola, na cerimónia de condecorações durante a visita dos Reis de Espanha ao reino do MPLA. Como as palavras voam mas os escritos são eternos, aqui fica o registo.

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