O PRESIDENTE NÃO É UM BANANA…

O órgão oficial de propaganda do MPLA, Jornal de Angola, não tem dúvidas: “A produção da banana está a elevar cada vez mais alto o nome de Angola pelo mundo fora”. Isto porque, diz, “o país foi cotado pelo Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), pelo oitavo ano, como maior produtor africano, com uma oferta acima de quatro milhões de toneladas/ano”. Em 1973, Angola era o primeiro produtor mundial de bananas, através da província de Benguela, nos municípios da Ganda, Cubal, Cavaco e Tchongoroy.

Vejamos então. Angola superou na concorrência o Rwanda, Tanzânia, Quénia, Egipto, Burundi, Camarões, Sudão e Etiópia. É um alento para o país e, sobretudo, para os produtores destes bens, que ficam motivados para produzir mais.

As feiras para a mostra das potencialidades agrícolas no país são, agora, mais frequentes, indicativo da boa safra em vários domínios e regiões.

A província do Bengo é uma das principais produtoras de banana a nível do país, graças à fertilidade e à adaptabilidade aos solos da região. Pela importância económica e valor nutricional, a fruta tem sido procurada em muitos países.

Em 1973, Angola era o primeiro produtor mundial de bananas, através da província de Benguela, nos municípios da Ganda, Cubal, Cavaco e Tchongoroy.

Só nesta região produzia-se tanta banana que alimentou, designadamente a Bélgica, Espanha e a Metrópole (Portugal) para além das colónias da época Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

Liderados pela Índia, com 29,7 milhões de toneladas, a China surge a seguir com 12,9 milhões do total de 88,5 milhões de toneladas de banana ao ano disponibilizadas pelos 10 maiores produtores mundiais.

Contudo, esta classificação de 2020, que reporta a produção de 2019, denota ligeira queda quando comparada às 115,7 milhões de toneladas de 2018, período em que a Índia também liderou com cerca de 26,6 por cento da oferta, seguida da China com 9,7 por cento, Indonésia (6,3), Brasil (5,8) e Equador (5,6) no top 5.

Angola, particularmente, há mais de seis anos que se declarou auto-suficiente na produção de banana, com realce para as províncias do Bengo e Benguela. Nestas, projectos privados já exportam o fruto para países como Portugal, Zâmbia, Congo Democrático e estudam-se as vias para fazer chegar a fruta aos EUA, o maior consumidor mundial.

Os dados indicam que, em média, aproximadamente 25 por cento da produção mundial total de bananas e frutas tropicais tem origem na América Latina e no Caribe, com um volume de produção anual de aproximadamente 54 milhões de toneladas entre 2016 e 2018 (média de três anos). Com um consumo per capita total anual combinado de 55 quilogramas de banana e outras frutas tropicais, a região também é uma das principais consumidoras dessas frutas em todo o mundo.

Mais importante ainda, avançam pesquisas, as remessas de bananas e das principais frutas tropicais de fornecedores da América Latina e Caribe respondem por aproximadamente 75 por cento das exportações mundiais, com um volume médio anual total de 25 milhões de toneladas durante o triénio de 2016 a 2018. Destes, 80 por cento vai para os mercados dos países desenvolvidos, principalmente para os EUA e União Europeia.

Entre 2016-2018, estimou-se um valor total das exportações de bananas e das principais frutas tropicais da América Latina e do Caribe em cerca de 11 mil milhões de dólares, dos quais a banana e o abacate representaram 6 e 3,5 mil milhões, respectivamente.

Por mera curiosidade registe-se que, enquanto província ultramarina de Portugal, até 1973, Angola era auto-suficiente, face à diversificação da economia.

Era o segundo produtor mundial de café Arábico; primeiro produtor mundial de bananas. Era igualmente o primeiro produtor africano de arroz através das regiões do (Luso) Moxico, Cacolo Manaquimbundo na Lunda Sul, Kanzar no Nordeste Lunda Norte e Bié.

Ainda no Leste, nas localidades de Luaco, Malude e Kossa, a “Diamang” (Companhia de Diamantes de Angola) tinha mais 80 mil cabeças de gado, desde bovino, suíno, lanígero e caprino, com uma abundante produção de ovos, leite, queijo e manteiga.

Na região da Baixa de Kassangue, havia a maior zona de produção de algodão, com a fábrica da Cotonang, que transformava o algodão, para além de produzir, óleo de soja, sabão e bagaço.

Na região de Moçâmedes, nas localidades do Tombwa, Lucira e Bentiaba, havia grandes extensões de salga de peixe onde se produzia, também enormes quantidades de “farinha de peixe”, exportada para a China e o Japão.

Já agora, Angola em 1974 tinha o CFB – Caminho de Ferro de Benguela, do Lobito ao Dilolo-RDC, o CFM – Caminho de Ferro de Moçâmedes, do Namibe até Menongue, o CFA – Caminho de Ferro de Angola, de Luanda até Malange e o CFA – Caminho de Ferro do Amboim, de Porto Amboim até à Gabela;

Angola em 1974 tinha no Lobito estaleiros de construção naval da SOREFAME; tinha pelo menos três fábricas de salsicharia; tinha quatro empresas produtoras de cerveja, de proprietários diferentes; tinha pelo menos quatro fábricas diferentes de tintas; tinha pelo menos duas fábricas independentes de fabricação ou montagem de motorizadas e bicicletas; tinha pelo menos seis fábricas independentes de refrigerantes, nomeadamente da Coca-Cola, Pepsi-Cola e Canada-Dry, bebidas alcoólicas à base de ananás ou de laranja. E havia ainda a SBEL, Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito;

Angola em 1974 tinha a fábrica de pneus da Mabor; tinha três fábricas de açúcar, a da Tentativa, a da Catumbela e a do Dombe Grande; era o maior exportador mundial de banana, graças ao Vale do Cavaco.

E falta falar da linha de montagem da Hitachi, dos óleos alimentares da Algodoeira Agrícola de Angola, e da portentosa indústria pesqueira da Baía Farta e de Moçâmedes, e da EPAL, fábrica de conservas de sardinha e de atum, e…, e….

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