MATAR NEGROS É FÁCIL E RENDE BILIÕES

O Grupo Wagner, liderado pelo oligarca russo Yevgeny Viktorovich Prigozhin, é uma organização paramilitar e também uma empresa privada que presta serviços de segurança, trabalha para quem pagar melhor e presta-se a todos serviços. Tem um gosto especial em negociar milionariamente com dirigentes negros e em matar… negros.

Fontes próximas de Yevgeny Prigozhin admitem que este vai reduzir as operações militares na Ucrânia e apostar no aprofundamento da presença em África. Pelos vistos é mais rentável e seguro negociar com dirigentes africanos e matar negros do que matar brancos.

As relações de Prigozhin com Vladimir Putin já tiveram melhores e o líder do Wagner ficou chateado por ter sido, supostamente, impedido de recrutar mais mercenários entre os presos na Rússia, a sua principal fonte de angariação de militares.

Apesar de não haver ainda um movimento concreto de tropas paramilitares da Wagner na África subsaariana, fontes militares do Ocidente consideram que a atenção de Prigozhin vai estar mais concentrada no continente africano.

Num anúncio público divulgado o mês passado, a Wagner abria vagas para mercenários para seis meses na Ucrânia e nove a 14 meses em África, onde a Wagner está presente na Líbia, Sudão, Mali e República Centro-Africana (além de estar também na Síria), havendo relatos não confirmados da presença também no Burkina Faso e em Moçambique.

A Bloomberg, por exemplo, escreve que, de acordo com relatórios dos serviços de inteligência italianos, o aumento da presença do grupo no Norte de África e na África Ocidental pode fazer aumentar o fluxo de migrantes para a Europa.

Nas palavras do Presidente da França, Emmanuel Macron, ditas em África em Fevereiro, a Wagner é “o seguro de vida dos regimes falhados” e é “um grupo de mercenários criminosos”.

O grupo é acusado de inúmeras violações dos direitos humanos por várias organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas e a União Europeia.

DITADORES, AMIGOS PARA… SEMPRE!

Em 2019, a Rússia garantia que queria reforçar a cooperação com Angola, actualmente baseada sobretudo no sector diamantífero, nos domínios do turismo, extracção de recursos minerais, indústria, formação de quadros e agricultura.

Na altura, segundo o embaixador da Rússia em Angola, Vladimir Tararov, que anunciava a visita a Angola de uma delegação de 18 empresários russos, da mesma visava a abordagem com os parceiros angolanos – entidades e empresários nacionais – áreas para o desenvolvimento de negócios que iriam “ajudar a erguer a economia e a indústria”. Disso não tenhamos dúvidas. Eles vão entrar com o “know how” (saber) e nós com as riquezas. Depois? Bem. Depois nós ficamos com o “know how” e eles com as riquezas. Simples. Simples para quem não tem, como acontece com os dirigentes do MPLA, o cérebro nos intestinos.

“O Presidente João Lourenço disse que isso seria muito útil para as nossas relações bilaterais, temos que virar a cooperação para o domínio económico, e o que é mais importante, o agro-industrial”, frisou Vladimir Tararov.

Segundo o diplomata russo, no encontro com João Lourenço (o general Presidente formado e formatado na Rússia) foram também abordadas questões saídas do fórum económico na cimeira de Sochi, tendo igualmente agradecido em nome do seu governo a participação do Presidente angolano naquele evento.

O embaixador russo em Angola frisou que a cooperação passará a ser desenvolvida nos domínios turístico, humanitário, formação de quadros, extracção de diamantes, desenvolvimento industrial e cultura.

As relações bilaterais datam de 1976, ano em que foi assinado o Tratado de Amizade e Cooperação entre os dois países, em Moscovo, na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Já em Luanda, as partes assinaram, em 2004, um acordo para o relançamento da cooperação nos domínios económico e técnico-científico.

Velhos “amigos” das riquezas africanas

O regresso da presença russa a África está hoje claramente marcado pelo investimento, ou seja, venda de armas e envio de “conselheiros” ou mercenários, com Moscovo a competir com a Europa e a China para o papel de principal parceiro do continente africano.

De acordo com um artigo da agência France-Presse, o destaque da crescente presença da Rússia em África surgiu no dia 30 de Julho de 2018, com o assassinato de três jornalistas russos na República Centro-Africana, que investigavam a presença do grupo militar (mercenários) Wagner no país.

Segundo o artigo, de Janeiro a Agosto de 2018, a Rússia terá enviado cinco oficiais militares e 170 instrutores civis – que alguns especialistas acreditam ser mercenários do grupo Wagner -, entregado armas ao exército nacional após uma isenção ao embargo da Organização das Nações Unidas (ONU) e assegurado a segurança do Presidente centro-africano, Faustin-Archange Touadéra, cujo conselheiro de segurança era (claro!) de nacionalidade russa.

A entrega de armas aos Camarões para a luta contra o grupo ‘jihadista’ Boko Haram, as parcerias militares com a República Democrática do Congo (RD Congo), Burkina Faso, Uganda e Angola, as cooperações num programa de energia nuclear civil com o Sudão, na indústria mineira no Zimbabué ou no alumínio da Guiné, representam algumas das iniciativas de Moscovo nos últimos anos.

A Rússia tem também diversificado as suas parcerias africanas, expandindo as relações para além das nações com quem tem ligações históricas – como Argélia, Marrocos, Egipto e África do Sul – e procurou aliados na África subsaariana, onde estava “virtualmente ausente”, lê-se no artigo.

“África continua a ser uma das últimas prioridades na política externa da Rússia, mas a sua importância tem vindo a crescer”, de acordo com o historiador Dmitry Bondarenko, membro da Academia Russa de Ciências.

A URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) manteve, durante décadas, uma presença activa no continente. Agora, com outro nome, mantêm-se os objectivos: sacar o máximo e perder o mínimo. Um bom negócio, desde logo porque a carne para canhão é negra e as riquezas africanas são inesgotáveis.

A medida representava uma das armas na guerra ideológica contra o Ocidente, apoiando os movimentos de libertação africanos e, após a descolonização, enviava milhares de conselheiros militares, combatentes e material bélico para esses territórios.

Com a desintegração da URSS, as dificuldades económicas e as lutas internas na Rússia durante os anos 1990, Moscovo abandonou as suas posições em África.

Face à falta de fundos, aumentou o número de embaixadas e consulados a encerrar, diminuíram o número de programas e as relações atenuaram.

Foi apenas no novo milénio que o Kremlin começou a reavivar as suas antigas redes e regressou gradualmente a África, procurando novos parceiros à medida que a ideologia era substituída por contratos e pela venda de armas. E, também, à medida em que os “velhos” comunistas (caso do MPLA) se rendiam às benesses do capitalismo, selvagem ou não.

Em 2006, o Presidente russo, Vladimir Putin, viajou até à Argélia, África do Sul e Marrocos para assinar contratos, algo que o seu sucessor, Dmitri Medvedev, estendeu a outros países – Egipto, Angola, Namíbia e Nigéria -, três anos mais tarde.

Em Março de 2018, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, visitou cinco países africanos, enquanto representantes de várias nações do continente estiveram presentes no Fórum Económico de São Petersburgo.

Se a Rússia encontrar interesse económico, permite aos países africanos “ter mais um parceiro, o que significa outro canal de investimentos e desenvolvimento, e o apoio de um país poderoso no cenário internacional”, declarou o analista russo e antigo embaixador em vários países africanos, Evgeni Korendiassov, citado pela AFP.

A Rússia, que não tem um passado colonial em África, espera apresentar-se como uma alternativa para os países africanos face aos europeus, norte-americanos e chineses.

A AFP considera a República Centro-Africana um “excelente exemplo”, dado que este país nunca esteve perto da URSS durante a Guerra Fria e voltou-se para a Rússia para fortalecer as suas forças militares, com dificuldades em enfrentar os grupos armados.

“Desde 2014 e da anexação da Crimeia, a Rússia tem confrontado o Ocidente e declarado abertamente a sua vontade de se tornar novamente uma potência mundial. Não pode, portanto, ignorar uma região”, apontou Bondarenko. Segundo ele, Moscovo está interessado em África não por razões económicas, mas para “um avanço político”.

“Anteriormente, os países com quem o Ocidente não queria cooperar, como o Sudão ou o Zimbabué, só podiam recorrer à China. A Rússia passou a ser uma alternativa tangível”, acentuou, antes de concluir que “este não era o caso antes, e isso pode mudar significativamente a ordem geopolítica do continente”.

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