BAD APOIA JOVENS SENEGALESES

No Senegal, os jovens pescadores triplicam os seus rendimentos e afastam-se cada vez mais da imigração ilegal, graças a um projecto apoiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento. O projecto PAVIE centra-se na formação, no apoio à formalização das empresas, no financiamento e no acompanhamento pós-financiamento dos beneficiários para garantir a sustentabilidade das intervenções.

Lançado em 2020, o Projecto de Apoio e Promoção das Iniciativas Empresariais das mulheres e dos jovens (PAVIE) no Senegal está a provocar grandes mudanças socioeconómicas nos jovens e nas mulheres. O projecto foi prolongado por mais um ano, a fim de concluir a sua execução em condições óptimas, de acordo com o relatório de progresso e resultados do Banco Africano de Desenvolvimento.

Anouar Ouédraogo, Gestor de Projecto no Banco Africano de Desenvolvimento, fornece mais detalhes sobre esta iniciativa, que está em vias de atingir os seus objectivos iniciais de desenvolvimento.

Três anos após o início do Projecto de Apoio e Promoção das Iniciativas Empresariais das Mulheres e dos Jovens, quais são os principais resultados alcançados?

Anouar Ouédraogo (AO) – O projecto PAVIE centra-se na formação, no apoio à formalização das empresas, no financiamento e no acompanhamento pós-financiamento dos beneficiários para garantir a sustentabilidade das intervenções. Após três anos de execução, mais de 3.200 jovens e mulheres receberam formação em profissões específicas e em gestão de empresas, 3.176 empresas que operavam no sector informal foram formalizadas e 6.441 empresas foram financiadas, num montante total de 38 mil milhões de francos CFA. Os principais sectores de actividade são a agricultura, a pesca, a aquicultura e o artesanato.

Como é estruturado o apoio técnico e financeiro às iniciativas empresariais dos jovens e das mulheres?

AO – A fim de fornecer aos beneficiários do projecto o apoio técnico específico de que necessitam, foram assinados vários acordos de parceria com organizações que possuem competências a nível nacional nos vários sectores de actividade e na gestão de empresas. Trata-se essencialmente da Agência para o Desenvolvimento e Apoio às Pequenas e Médias Empresas, do Fundo de Financiamento da Formação Profissional e Técnica, do Instituto Senegalês de Investigação Agrícola, do Instituto de Tecnologia Alimentar, do Centro de Desenvolvimento da Horticultura e do Gabinete de Valorização. Para além destes organismos públicos, o projecto recruta consultores para prestar apoio pós-financiamento aos beneficiários.

No que respeita ao apoio financeiro, são utilizados três mecanismos de financiamento:

Financiamento directo ou concessão de financiamento para compensar a falta de interesse dos intermediários financeiros em conceder empréstimos a uma determinada categoria de empresas consideradas de risco demasiado elevado. O PAVIE identifica e selecciona os projectos relevantes de acordo com os critérios aprovados pelo Banco. As listas dos projectos seleccionados são enviadas às instituições financeiras parceiras. A atribuição tem em conta a sua capacidade de acompanhamento e a sua presença no terreno. Os projectos são então financiados com recursos do PAVIE a uma taxa de juro máxima de 5%.

O co-financiamento, cujo objectivo é encorajar as instituições financeiras a financiar projectos estruturantes com elevado potencial de crescimento e gerar um efeito de alavanca para ter um maior impacto.

Garantias para cobrir o risco de incumprimento dos promotores, através do posicionamento das instituições financeiras para as pequenas e médias empresas.

Os projectos de criação de emprego para jovens e mulheres, de promoção do espírito empresarial e de densificação do tecido económico das pequenas e médias empresas estão a corresponder às expectativas?

AO – Durante a avaliação intercalar do projecto, em Maio de 2022, já se tinha constatado que as várias iniciativas formalizadas e/ou financiadas tinham contribuído para gerar e/ou consolidar 37.286 empregos directos e 30.870 empregos indirectos. Por exemplo, o projecto conseguiu estruturar sectores como a pesca, substituindo as pirogas tradicionais por pirogas de fibra de vidro. Este facto triplicou o rendimento dos jovens pescadores, ao mesmo tempo que combateu a tentação dos jovens de imigrarem ilegalmente. As mulheres vendedoras de peixe também receberam financiamento para criar unidades de fabrico de gelo para conservar e comercializar o peixe. Toda a cadeia de valor do sector das pescas beneficiou de apoio para melhorar a sua estrutura. Na agricultura, o projecto apoiou o reforço de várias cadeias de valor, como a castanha de caju e o arroz. Posso atestar que o projecto está realmente a corresponder às expectativas das pessoas em termos de criação de emprego e de densificação do tecido económico das pequenas e médias empresas.

Quais são as primeiras impressões sobre o impacto do projecto nos beneficiários?

AO – O projecto mudou a vida de milhares de jovens e mulheres em todas as regiões do Senegal. Os testemunhos que recebemos durante cada missão de acompanhamento reafirmam a pertinência do apoio prestado pelo Banco. Outro impacto importante do projecto é o facto de ter despertado o interesse das instituições financeiras pelas pequenas e médias empresas detidas por jovens, que anteriormente eram consideradas demasiado arriscadas. Estas instituições financeiras já não hesitam em conceder empréstimos a jovens promotores de empresas.

Refira-se que o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição financeira de desenvolvimento em África. Inclui três entidades distintas: o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), o Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e o Fundo Fiduciário da Nigéria (NTF). Presente no terreno em 41 países africanos, com uma representação externa no Japão, o Banco contribui para o desenvolvimento económico e o progresso social dos seus 54 Estados-membros.

Foto: Milhares de senegaleses e senegalesas jovens receberam formação em profissões específicas graças ao projecto do Banco Africano de Desenvolvimento para apoiar e promover iniciativas empresariais

Folha 8 com African Development Bank Group (AfDB)

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