SE “HAVER” NECESSIDADE…

Angola e Portugal assinaram hoje, em Luanda, um protocolo relativo ao projecto-piloto “Exames Nacionais Angola 2022”, que será realizado em Junho para 2.100 alunos das 18 províncias angolanas, nas disciplinas de língua portuguesa e matemática.

O memorando de cooperação foi assinado na sede do Ministério da Educação angolano, em Luanda, pelos directores do Instituto Nacional de Avaliação e Desenvolvimento da Educação (INADE) angolano e do IAVE – Instituto de Avaliação Educativa português.

A cerimónia foi antecedida por uma reunião entre a delegação portuguesa chefiada pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Francisco André, que iniciou hoje uma visita a Angola, e pela delegação angolana liderada pela ministra da Educação, Luísa Grilo.

Pelo menos 250 técnicos da educação de Angola, maioritariamente professores, estão a ser formados por formadores portugueses, nas disciplinas de língua portuguesa e matemática, visando a realização dos primeiros exames nacionais em Angola, previstos para 23 de 24 de Junho.

Além do IAVE, a Direcção Geral da Educação (DGE) e Júri Nacional de Exames (JNE) português são também parte deste protocolo rubricado com o INADE.

O exame-piloto será apenas para as classes de transição no ensino geral angolano, nomeadamente a 6.ª e 12.ª classe, sendo que a amostra compreende 2.100 alunos seleccionados aleatoriamente.

Segundo Luísa Grilo, o protocolo vem sinalizar a “responsabilidade e o sentido de compromisso” assumido entre as duas partes (Angola e Portugal) na realização dos exames-piloto, daí o recurso ao apoio especializado português para a avaliação externa do sistema educativo angolano.

“E para isso precisamos de apoio especializado, este apoio vem-nos do Instituto de Avaliação de Portugal e o que nós fizemos aqui foi exactamente oficializar esta parceria que temos para que eles possam continuar a apoiar a organização de todo o processo de avaliação externa”, disse.

Apesar da extensão territorial angolana, “onde as províncias são muito distantes umas das outras”, Luísa Grilo manifesta grande expectativa sobre os exames e acredita que esta primeira avaliação “vai correr bem, sobretudo devido à motivação” dos professores e formadores.

Técnicos do Instituto Superior de Ciências da Educação (Isced) angolano farão o reconhecimento científico e a validação das provas “para manter o rigor e a qualidade deste exame” proposto.

Sobre a escolha de apenas duas disciplinas, língua portuguesa e matemática, para estes exames-piloto, a ministra angolana explicou que a mesma decorre do facto de ambas serem a “base de todo o sistema de educação”.

“E se formos bem sucedidos nesta avaliação, será muito mais fácil fazermos o exame-piloto da química, física, geografia, história, porque temos essa base, é uma amostra ainda este exame-piloto”, justificou.

“Vamos fazer estes testes nos dias 23 e 24 de Junho para que os alunos depois possam a fazer a sua avaliação final sem qualquer problema, este exame é apenas uma amostra a não conta para qualquer avaliação”, explicou.

Questionada sobre o investimento global de Angola nesses exames, Luísa Grilo respondeu: “Ainda não podemos quantificar o valor, porque estamos a fazer o processo etapa por etapa e, portanto, vamos quantificando na medida das necessidades”.

“Nós estaremos em condições [de apresentar os custos do projecto] no final de Julho, quando fizermos o relatório do exame, aí sim estaremos em condições de apresentar a planilha de tudo o que gastamos”, assegurou.

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André disse acreditar no sucesso dos exames-piloto de Angola e referiu que o protocolo insere-se numa vasta actividade de cooperação entre os dois países.

Este protocolo, frisou, “resulta de um trabalho de parceria entre os ministérios da Educação de Angola e de Portugal no sentido de lançar as bases para um projecto de exames nacionais, que até hoje nunca tinham oportunidade de se realizar em Angola”.

“O nosso contributo com esta equipa e a comissão nacional dos exames de Portugal é vir cá partilhar as boas práticas, mostrar como o processo pode se fazer, adaptado à realidade angolana, mas a nossa cooperação nesta área da educação não se fica apenas neste projecto”, realçou.

“Tudo isto vai fortalecer o sistema de ensino, vai criar novas oportunidades, um sistema de ensino mais forte, mais desenvolvimento e com mais oportunidades em Angola”, assinalou Francisco André.

Escolas de referência “made in” MPLA

Em Agosto do ano passado, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, anunciou, em Luanda, a selecção de 57 estabelecimentos escolares, 51 dos quais do ensino pré-escolar, primário e secundário e seis centros de formação profissional, para o arranque do “Projecto Escolas de Referência (PER).”

Ao intervir no acto de lançamento do PER, Manuel Nunes Júnior realçou que as escolas seleccionadas vão servir de modelo e garantir as condições necessárias para poderem ministrar um ensino com a qualidade requerida: “O projecto é de alcance nacional e de grande importância estratégica para o país, com o propósito de melhorar a qualidade do ensino, porque temos conhecimento ser este o factor produtivo de qualquer sociedade”.

Manuel Nunes Júnior fez saber que as escolas de referência servirão de modelo para a promoção das melhores práticas pedagógicas e de gestão escolar, no quadro das medidas de política estabelecidas nos documentos que regem o sector da Educação e Ensino no país.

“Temos a perfeita consciência de que a melhoria da qualidade do sistema de ensino é um processo e que, por isso, não podemos esperar resultados imediatos”, sublinhou, acrescentando que “para haver uma boa colheita é preciso semear primeiro”. É verdade. Por alguma razão o MPLA está no poder há 46 anos e o ensino continua pelas horas da amargura. Talvez no futuro não tenhamos de ver uma ministra falar em “compromíssio” e um Presidente da República (João Lourenço) dizer “se haver necessidade”

O ministro de Estado para a Coordenação Económica esclareceu, ainda, que o objectivo do projecto é que, no futuro, todas as escolas do país sejam de referência. Acrescentou que o sucesso do projecto será um grande contributo ao Programa Nacional de Formação e Gestão do Pessoal Docente, em curso.

Lembrou também que com o lançamento do projecto, o que se pretende é garantir que as funções docentes na educação pré-escolar, no ensino primário e em cada disciplina do I e II ciclos do Ensino Secundário, Geral, Técnico-Profissional e Pedagógico sejam asseguradas, em cada província, por professores devidamente qualificados e com bom desempenho técnico-profissional.

O governante informou que a comissão do projecto é coordenada pela ministra da Educação e tem como adjunto o secretário de Estado para o Ensino Secundário. Para garantir o normal funcionamento das escolas que fazem parte do projecto e que o programa integra outros departamentos ministeriais.

“Com a apresentação dos cursos de mestrado em Metodologias Específicas de ensino, visamos, também, aumentar as qualificações dos professores que atenderão a Educação Pré-Escolar, o Ensino Primário e o Ensino da Língua Portuguesa no ensino secundário no país”, disse.

Manuel Nunes Júnior anunciou que, nos últimos quatro anos, houve um aumento de 58 por cento de novas salas de aula no ensino pré-escolar, primário e secundário. O número de salas passou de 97.684, em 2017, para 167.032, em 2020.

Com o aumento de infra-estruturas foi possível o acesso ao sistema de ensino de mais de 3.100.000 alunos matriculados em 2017 para mais de 13.700.000 no presente ano lectivo, destacou o governante.

O ministro de Estado lembrou que foi necessário aumentar a contratação de professores, passando de 200.674, em 2017, para 210.674, em 2020.

A ministra da Educação, Luísa Grilo, considerou o “Projecto Escola de Referência” a aproximação da escola às famílias e às comunidades, explicando que as escolas de referência devem ter professores especializados no ensino de Mecânica, Física, Química e Biologia.

Das 57 escolas de referência seleccionadas na fase inicial do projecto destacam-se o Centro Integrado de Formação Tecnológica (CINFOTEC) do Rangel e do Talatona, Instituto de Telecomunicações de Luanda (ITEL), Magistério Mutu-ya-Kevela, escola primária São José do Cluny, em Luanda, e os centros de formação profissional das províncias do Moxico, Bengo, Lunda-Sul e Cabinda.

“Os males a corrigir, e não só, mas sobretudo a combater, são a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade, que se implantaram no nosso país nos últimos anos e que muitos danos causam à nossa economia, afectam a confiança dos investidores, porque minam a reputação e credibilidade do país”, disse num dia de alta inspiração o Presidente João Lourenço.

E, para combater esta praga, o Presidente decretou a institucionalização do primado da subserviência, a obrigatoriedade de coluna vertebral… amovível e a transladação do cérebro dos seus acólitos para uma zona do corpo mais apropriada com o ADN do MPLA – o intestino.

Folha 8 com Lusa

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