OS BONS E OS OUTROS, SEGUNDO O PS

O presidente do Partido Socialista de Portugal, Carlos César, numa nota que publicou na rede social Facebook, defende que a vitória de Lula da Silva, “por enquanto, só no primeiro turno, é uma esperança efectiva para a respiração democrática no Brasil”. E quanto às eleições em Angola, pela posição tomada, o PS achou que a “vitória” (na secretaria) de João Lourenço, foi “uma esperança efectiva para a respiração democrática”.

“Está, assim se espera, reaberto o caminho para uma governação que trabalhe para a atenuação das desigualdades internas, que são enormes no Brasil, para o relançamento económico e a sustentabilidade ambiental, para a afirmação do seu melhor lugar na comunidade internacional. Agora, são mais quatro semanas em campanha em que Lula procurará acentuar a sua assertividade nesses domínios, como afirmou no seu discurso em São Paulo depois dos resultados, e ganhar mais apoios, mas, infelizmente, a dureza do que se irá passar ainda não tem medida certa”, adverte Carlos César.

Carlos César advoga depois que “o mundo necessita de políticos que, com maior clareza e com mais poder em mais países, promovam o bem-estar nas sociedades, defendam os regimes democráticos e não contribuam para estimular os conflitos e fragilizar ainda mais a paz”.

“Bolsonaro é tudo quanto as relações internacionais e os Estados de Direito democrático não precisam”, acrescentou. Só faltou mesmo dizer (ainda está a tempo de o faze de forma explícita) que “João Lourenço é tudo quanto as relações internacionais e os Estados de Direito democrático… precisam”

Já no plano diplomático, segundo o presidente do PS, “entre o Brasil e Portugal, sejam quais forem os protagonistas vencedores, só restará uma alternativa: Manter uma relação bilateral com benefício para portugueses e brasileiros”.

O PS saudou hoje a vitória do ex-Presidente Lula da Silva na primeira volta das eleições presidenciais brasileiras, considerando que o seu triunfo representará na segunda volta a vitória dos valores progressistas e democráticos contra derivas autoritárias.

Bem vistas as coisas, não há dúvidas de que para o PS o “triunfo” de João Lourenço representar a vitória dos valores progressistas e democráticos contra derivas autoritárias… de Adalberto da Costa Júnior!

Na primeira volta das eleições presidenciais brasileiras, no domingo, o ex-Presidente Lula da Silva venceu com 48% dos votos, enquanto o actual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, obteve 43,2%.

“O PS saúda Lula da Silva, o candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais, e formula votos para que o Brasil rejeite as derivas autoritárias e antidemocráticas. A vitória de Lula será a vitória dos valores progressistas e democráticos”, salienta-se na mesma nota.

A segunda volta das eleições presidenciais do Brasil está marcada para o dia 30 de Outubro.

Quando César não é sério

Carlos César foi observador convidado pelo Presidente do MPLA e pala sua sucursal, Comissão Nacional Eleitoral (CNE), e defendeu que as eleições gerais representaram um passo em frente do ponto de vista da democratização do país tendo decorrido de forma organizada e pacífica.

“Creio que se pode dizer que Angola tem hoje, em matéria de direito eleitoral, um normativo muito semelhante àquele que existe para as eleições para o quadro dos países europeus. Foram tomados muitos cuidados, designadamente em áreas como os do recenseamento, como nos processos de apuramento”, defendeu o socialista em declarações à TSF, certamente referindo-se aos mais de dois milhões de mortos que tiveram “direito” a votar.

Para Carlos César, a circunstância de em Luanda a UNITA ter uma “vitória expressiva” e de, na província de Cabinda, existir um empate técnico, “mostra que esse escrutínio se aproxima muito de uma configuração que dá a vitória ao MPLA” mas também revela “alguma credibilidade no apuramento dos resultados”. Alguma?

De qualquer modo, acrescentou, os resultados “serão sempre escrutináveis em outras instâncias, desde logo centrais, para além da Comissão Nacional de Eleições e até, se necessário, junto do Tribunal Constitucional”, referiu Carlos César, passando aos angolanos um atestado de matumbe, como se não soubesse que o TC é também uma sucursal do irmão do PS, o MPLA.

O país “precisa de prosseguir na acentuação do carácter pluralista na sua vida política” mas não só, defende o presidente socialista. “Necessita de diversificar a sua economia, de qualificar os seus cidadãos, de combater a pobreza e de ser mais eficaz no combate à corrupção, apesar dos importantes avanços”, sustentou Carlos César, advogando – mais uma vez de forma encoberta – que a melhor maneira de defender as galinhas é colocar dentro do galinheiro algumas raposas.

Para lá chegar, “o que é necessário é que Angola seja capaz de um diálogo interno profícuo, que o partido vencedor respeite os partidos vencidos e que estes queiram colaborar com o partido vencedor”, de modo o país “possa aproveitar todo o seu enorme potencial para que se afirme no plano africano e no plano internacional como um país de confiança.”

Se caso MPLA tiver dúvidas, nada melhor do que analisar como funciona o seu irmão português…

Folha 8 com Lusa

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