Roubar sem ser ladrão, mentir sem ser mentiroso

Os pasquins do MPLA, com a servil conivência de outros órgãos de comunicação social, nacionais e estrangeiros, afirmam que João Lourenço foi eleito há quatro anos. Mentira. Nas “eleições” o MPLA ganhou e, no reino, o cabeça-de-lista do partido vencedor é nomeado Presidente. E foi assim, sem ser nominalmente eleito, que João Lourenço chegou ao cargo.

João Lourenço, Presidente angolano (não nominalmente eleito), disse no passado 2, em Acra, capital do Gana, que o continente africano não pode continuar a ser visto apenas como potencialmente rico em recursos minerais, mas deve passar efectivamente a usufruir desta riqueza. Mais uma afirmação candidata ao pódio do anedotário internacional.

João Lourenço, que falava após um encontro com o seu homólogo do Gana, Nana Akufo-Addo, disse que este desafio “depende apenas dos próprios africanos”. Ou, melhor, depende de os países africanos terem na liderança dirigentes sérios, honestos e competentes. Não é, há 46 anos, o caso de Angola.

“Ninguém nos vai oferecer isso de borla, ou nós conseguimos esta proeza de darmos o salto de países potencialmente ricos para países efectivamente ricos ou ninguém fará isso por nós”, afirmou. Que mais riquezas quererá ter João Lourenço em Angola? Somos um país rico que, graças à criminosa incompetência e ambição desmedida dos seus dirigentes, em vez de produzir riqueza apenas conseguiu produzir milionários.

O chefe de Estado angolano, disse que o objectivo da visita foi sobretudo encontrar os melhores caminhos para o reforço da cooperação económica entre os dois países.

“Queremos encontrar aqui mesmo, no nosso continente africano, muitas das soluções que muitas vezes vamos à procura fora do continente. E é por esta razão que não só aprovámos como ratificámos o acordo que cria a Zona de Livre Comércio Continental Africana (ZLCCA), cuja sede está aqui, na cidade de Acra”, referiu.

O Presidente angolano recebeu recentemente em Luanda o secretário executivo da organização, que falou dos primeiros passos que vêm sendo dados no sentido de fazer com que cumpra com o papel para o qual foi criada, nomeadamente para garantir a integração económica dos países africanos e a integração das suas economias.

“No encontro que tivemos há bocado concluímos que esse é um processo que será longo, mas possível, se todos os países se engajarem. Nós não criámos a organização apenas por vontade de criar, nós criámo-la, porque queremos efectivamente mudar o actual estado de coisas no nosso continente, queremos ver os nossos países interligados pelas mais diferentes formas de comunicação, interligados por estradas, auto-estradas, caminhos-de-ferro, ligações marítimas, aéreas, para que não se mantenha o absurdo actual de termos de viajar até à Europa para irmos visitar um país irmão do nosso continente”, acrescentou.

João Lourenço, que foi apoiado em tudo o que mencionou “sem hesitar” pelo seu homólogo do Gana, reiterou que os africanos pretendem “desenvolver este grande potencial económico adormecido” do continente, “que se gaba de ser um dos pontos do mundo que tem as maiores reservas de recursos minerais”.

João Lourenço sublinhou que o instrumento ora criado, que entrou em vigor em Janeiro deste ano, é importante para proporcionar a possibilidade de fazer a transição de países exportadores de matérias-primas para países que criam riquezas nas suas próprias terras.

Em resposta à preocupação levantada pelo Presidente do Gana relativamente à pirataria no Golfo da Guiné, João Lourenço disse que a situação é uma preocupação de todos, por se tratar de uma rota marítima internacional importante, que tem a ver com o bom desempenho do comércio internacional.

“Por esta razão, é nossa responsabilidade defendermos não apenas o nosso interesse nacional, regional, mas no fundo o interesse da comunidade internacional, que sem essa importante rota pode ver as suas economias muito seriamente afectadas. Estamos preocupados e comprometemo-nos na medida do possível a fazer tudo no sentido de darmos outra vida, dinâmica, a esta muito importante organização”, assegurou.

Recorde-se que Mo Ibrahim responsabiliza as “falhas monumentais dos líderes africanos após a independência”, explicando sem meias palavras (coisa cada vez mais rara) que, “quando nasceram os primeiros Estados africanos independentes, nos anos 50, África estava melhor em termos económicos”.

Mo Ibrahim também diz que os interesses da Europa, por exemplo, apenas podem ser duravelmente garantidos pela democracia e não pelo apoio aos ditadores.

“Se a Europa quer garantir a longo prazo os seus interesses, ela tem todo interesse em se aproximar dos povos africanos. Pensar que a conivência com os ditadores seria benéfica é um grande erro”, diz Mo Ibrahim.

Este empresário, que fez fortuna na telefonia celular ao criar o operador CELTEL que se tornou depois ZAÏN, já há muito que qualificou de “vergonhoso e um golpe à dignidade” a contínua dependência de África em relação ao ocidente, tendo em conta os “recursos impressionantes” que abundam no continente.

“Não se justificam a fome, a ignorância e a doença que assolam África”, diz Mo Ibrahim, para quem a solução terá de passar obrigatoriamente por “bons líderes, boas instituições e boa governação”, sem os quais “não haverá Estado de Direito, não haverá desenvolvimento”.

Por isso recorda que “havia uma África na qual o Estado era o único proprietário dos meios de informação, na qual a única televisão pertencia ao poder, na qual toda a informação era controlada. Esta África já não existe”.

Em 1974 Angola era o terceiro maior produtor mundial de café; o quarto maior produtor mundial de algodão; o primeiro exportador africano de carne bovina; o segundo exportador africano de sisal; o segundo maior exportador mundial de farinha de peixe; por via do Grémio do Milho tinha a melhor rede de silos de África.

Em 1974 Angola tinha o CFB – Caminho-de-Ferro de Benguela, do Lobito ao Dilolo-RDC; o CFM – Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, do Namibe até Menongue; o CFA – Caminho-de-Ferro de Angola, de Luanda até Malange e o CFA – Caminho-de-Ferro do Amboim, de Porto Amboim até à Gabela;

Tinha no Lobito estaleiros de construção naval da SOREFAME; tinha pelo menos três fábricas de salsicharia; quatro empresas produtoras de cerveja, de proprietários diferentes; pelo menos quatro fábricas diferentes de tintas; pelo menos duas fábricas independentes de fabricação ou montagem de motorizadas e bicicletas;

Tinha pelo menos seis fábricas independentes de refrigerantes, nomeadamente da Coca-Cola, Pepsi-Cola e Canada-Dry, bebidas alcoólicas à base de ananás ou de laranja. E havia ainda a SBEL, Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito; a fábrica de pneus da Mabor; três fábricas de açúcar, a da Tentativa, a da Catumbela e a do Dombe Grande (sendo que, como estas fábricas depois começaram a criar ferrugem por culpa dos malandros dos colonos que se foram embora, os amigos cubanos do MPLA lá as empacotaram e as levaram para a terrinha deles);

Angola era em 1974 o maior exportador mundial de banana, graças ao Vale do Cavaco; tinha uma linha de montagem da Hitachi, dos óleos alimentares da Algodoeira Agrícola de Angola, e da portentosa indústria pesqueira da Baía Farta e de Moçâmedes, e da EPAL, fábrica de conservas de sardinha e de atum, e…, e…

Nesse tempo, antes de o partido de João Lourenço chegar ao poder, havia a ampliação e modernização da rede viária, passando a Rede Principal a ligar, por estrada asfaltada, as 14 capitais de distrito (hoje províncias) à cidade de Luanda; Pólos de investigação que atingiram renome internacional como foram o IIVA/Instituto de Investigação Veterinária de Angola e o IIAA/Instituto de Investigação Agronómica de Angola, ambos localizados em Nova Lisboa/Huambo e o ICA/Instituto do Café de Angola a funcionar em Luanda.

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