A Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra (Portugal) viu aprovada uma candidatura a fundos comunitários de cerca de meio milhão de euros, para a detecção e combate à vespa asiática na totalidade do seu território. Como os marimbondos são uma espécie de vespas, não poderá a CIM dar uma ajuda (preferencialmente monetária) ao MPLA para combater estes insectos himenópteros?
A candidatura da CIM foi submetida ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), com um investimento total de 540.697 euros. O projecto foi aprovado no dia 30 de Setembro de 2021.
A candidatura foi submetida com o “parecer favorável do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, em parceria com as associações de Apicultores, Universidade de Coimbra, CIM Viseu Dão Lafões e Junta da Galiza, num conjunto de entidades multidisciplinares que irão contribuir positivamente para a implementação do projecto em todo o território”, refere a CIM da Região de Coimbra numa nota de imprensa.
A execução do projecto vai ter início em Novembro e tem como objectivo a criação de uma “estratégia coordenada de combate à vespa velutina [também identificada como vespa asiática] em toda a região”.
De acordo com a CIM da Região de Coimbra, o projecto prevê o “reforço da capacitação dos municípios ao nível dos equipamentos de eliminação de ninhos, instalação e monitorização de uma rede de armadilhas, promoção e divulgação de boas práticas, bem como o aumento do conhecimento actualmente existente sobre esta espécie”.
Em 2019, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra constituiu um grupo de trabalho com técnicos dos seus diferentes municípios, de modo a uniformizar as metodologias de controlo de combate à vespa asiática em toda a região.
Esse trabalho “serviu de base à elaboração da candidatura e que permitirá robustecer a estratégia que se pretende implementar”, lê-se na nota.
As acções no âmbito da candidatura vão ter por base o plano de acção para a vigilância e controlo da vespa velutina em Portugal e vão ser operacionalizadas em articulação com as entidades competentes nesta matéria.
A CIM da Região de Coimbra é constituída pelos 17 municípios que integram o distrito de Coimbra – Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares – e pelos municípios da Mealhada e de Mortágua, nos distritos de Aveiro e de Viseu, respectivamente.
No dia 22 de Novembro de 2018, o Presidente João Lourenço, admitiu em Lisboa que já sentia “as picadelas” dos afectados pelo combate à corrupção (da qual ele foi protagonistas e beneficiário), mas garantiu que “isso não nos vai matar” e vincou que “somos milhões e contra milhões ninguém combate”.
Enquanto vice-presidente do MPLA e ministro da Defesa, João Lourenço dormia na ignorância e estava acordado na conivência? Pelos vistos, sim. Acordou quando chegou a Presidente da República…
“Quando nos propusemos a combater a corrupção em Angola, tínhamos noção de que precisávamos de ter muita coragem, sabíamos que estávamos a mexer no ninho do marimbondo, que é a designação, numa das nossas línguas nacionais, do terminal da vespa”, disse João Lourenço, respondendo a uma pergunta, no Palácio de Belém, em Lisboa, sobre se a questão do repatriamento de capitais – ilicitamente transferidos para o exterior – não se assemelha a `brincar com o fogo`.
“Tínhamos noção de que estávamos a mexer no marimbondo e que podíamos ser picados, já começámos a sentir as picadelas, mas isso não nos vai matar, não é por isso que vamos recuar, é preciso destruir o ninho do marimbondo”, vincou o governante, depois de se ter escusado a comentar as críticas do antigo Presidente e seu “pai” político e partidário, José Eduardo dos Santos, e da empresária Isabel dos Santos.
É certo que enquanto vice-presidente do MPLA e, entre muitos outros cargos de relevo, ministro da Defesa, João Lourenço comandava o exército de marimbondos e não deixava que ninguém se aproximasse. Mas, como tudo na vida, mudam-se os tempos, mudam-se os interesses. Daí a matar (pelas costas, como é timbre do MPLA) o seu criador foi um passo. Passo corajoso? Nem por isso. Até porque – repita-se – está a apunhalar pelas costas.
Na resposta à questão sobre a tentativa de repatriar os capitais ilegalmente retirados de Angola, João Lourenço afirmou: “Quantos marimbondos existem nesse ninho, não são muitos, devo dizer; Angola tem 28 milhões de pessoas, mas não há 28 milhões de corruptos, o número é bastante reduzido e há uma expressão na política angolana que diz que `somos milhões e contra milhões ninguém combate`”.
Tentando mostrar que tem o povo ao seu lado na luta contra a corrupção, João Lourenço terminou a resposta dizendo: “Ninguém pense que, por muitos recursos que tenha, de todo o tipo, consegue enfrentar os milhões que somos, portanto não temos medo de brincar com o fogo, vamos continuar a brincar com ele, com a noção de que vamos mantê-lo sempre sob controlo”.
A expressão “brincar com o fogo” foi colocada pelo jornalista português que fez a pergunta sobre as consequências do repatriamento de capitais, mas foi largamente aproveitada por João Lourenço, que iniciou a resposta dizendo: “Se estamos a brincar com o fogo, temos noção das consequências desta brincadeira; o fogo queima, importante é mantê-lo sob controlo, não deixar que ele se alastre e acabe por se transformar num grande incêndio”.
Neste contexto, o Presidente convidou nesse dia os empresários portugueses (certamente também a nível de… bombeiros) a investirem em Angola para aproveitar o “grande potencial” que o país tem noutras áreas que não o petróleo, dizendo “contar sinceramente com o contributo” dos empresários nacionais.
“Angola vive uma nova fase com importantes reformas que vêm sendo feitas em diversos domínios e com interesse em diversificar a sua economia”, acrescentou o chefe de Estado, Presidente do MPLA (partido no poder desde 1975) e Titular do Poder Executivo e – por “inerência” – comandante do batalhão de caça aos marimbondos e dos bombeiros.
“Ao falar da diversificação da economia, não podemos de forma nenhuma deixar de contar com a intervenção de Portugal; dos empresários portugueses, gostaríamos de vê-los em força em Angola, investindo nos mais diferentes domínios da nossa economia e não apenas naquela que constitui a principal fonte de receitas de Angola, que mais contribui para o Produto Interno Bruto, que é o petróleo”, disse o chefe de Estado.
João Lourenço admitiu que gostaria de “esquecer que o petróleo existe” – Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África – e defendeu que a economia deve apostar noutros sectores da economia Continua a apostar. O MPLA faz essa aposta há 6 anos, mas nunca acerta.
“E para isso Angola tem grande potencial, em outras áreas que estão adormecidas e para levantar do estado de letargia em que se encontra, contamos sinceramente com o contributo dos homens de negócio portugueses”, disse.
Por sua vez o Presidente português (ao contrário do seu homólogo foi nominalmente eleito) Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que Portugal e Angola vão assinar acordos nas áreas da educação, saúde, cultura, justiça, economia e finanças e disse esperar que “sirvam necessidades concretas dos povos”.
“Os políticos servem os Estados para servirem os povos. Por isso, é bom que os acordos a celebrar na educação, na saúde, na cultura, na justiça, na economia, nas finanças, sirvam necessidades concretas dos povos”, afirmou.
“Por isso, é bom que o empenho na construção de atractivo ambiente empresarial e na diversificação e descentralização económicas reforcem as legítimas expectativas dos povos”, acrescentou o chefe de Estado português.
Folha 8 com Lusa