Huambo capital da (in)cultura

As obras de construção do Centro Cultural do Huambo, a cargo da empreiteira Teixeira Duarte e paralisadas há sete anos, por razões financeiras e questões burocráticas (o habitual em todo o país), podem se retomadas dentro de dois meses. A garantia, uma de muitas, é dada pelo ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato. Vale o que vale, obviamente.

Jomo Fortunato, segundo o órgão oficial do MPLA (Jornal de Angola) considera que o Centro Cultural é “uma obra imponente que pode transformar-se num espaço multidisciplinar e multimédia”, servindo de factor catalisador do desenvolvimento cultural da região Sul.

“Vamos conversar com o empreiteiro para que as questões burocráticas não atrasem a concretização da obra. Pedir que reinicie ou crie espírito de retomar as obras, já que a pretensão do Chefe do Poder Executivo é terminar com este trabalho até Dezembro”, destacou o governante. Essa de pedir a um empreiteiro que “crie espírito de retomar as obras” é… obra. A IURD não diria melhor.

Acrescentou, por outro lado, que o centro poderá tornar-se num espaço de referência cultural e acolher várias actividades culturais importantes, de carácter nacional. Outra pérola. Um centro cultural acolher várias actividades culturais é mesmo como descobrir a pólvora. Jomo Fortunato não brinca em serviço. Quando se julgava que o centro cultural iria acolher actividades agrícolas, eis que o ministro dá um murro na mesa…

O ministro Jomo Fortunato avançou que o financiamento para a conclusão da obra está assegurado, estando “a ser tratado de forma rápida” para que questões ligadas com o dinheiro não venham a interromper, novamente, esta empreitada.

Um projecto denominado “Somos Angola, somos cultura”, que visa promover a formação dos fazedores de artes e assegurar o entretenimento da juventude e concertos musicais, será implementado no Huambo, após a conclusão das obras do Centro Cultural, por forma a tirar os artistas do marasmo em que se encontram, devido à pandemia da Covid-19. Será que também pode tirar do marasmo uma governação com 45 anos que continua a confundir o fundo do corredor com o corredor de fundo?

A província do Huambo, afirmou o ministro que, segundo o site do Governo, “não tem” qualificações nem experiência profissional, pode servir de pólo de difusão da cultura, na região Sul de Angola, em virtude dos fortes traços culturais e tradicionais que ostenta. O resgate de valores e gosto pela leitura será, também, o mote para a realização, nos próximos tempos, do Festival Nacional do Livro e da Leitura, visando a dinamização da produção literária, por forma a exaltar a leitura e busca de conhecimentos, entre os jovens, e a diminuição dos erros ortográficos recorrentes entre os estudantes, disse o governante.

Por seu turno, a governadora do Huambo, Lotti Nolika, manifestou-se regozijada com o anúncio do reinício das obras do Centro Cultural local, que vai promover a cultura da província e os promotores culturais poderão exibir da melhor forma as suas criatividades artísticas.

No dia 12 de Janeiro de 2009, o director provincial da Cultura no Huambo, Pedro Nambongue Chissanga, anunciou as perspectivas da sua instituição para esse ano, entre as quais constava a reabilitação de duas salas de cinema e também a construção do museu da guerra.

Chissanga sublinhou que ao longo de 2009 seriam também realizados trabalhos junto do Ministério da Cultura que visem a institucionalização do museu local e das bibliotecas (municipal e provincial) e sua consequente autonomia financeira.

Pedro Nambongue Chissanga fez saber ainda que para 2009 se previa a construção de duas bibliotecas, nos municípios do Ukuma e Mungo, a construção do centro cultural Mbalundo, no município do Bailundo, e a construção de monumentos, estátuas e bustos para homenagear figuras históricas desta região e do país.

Por outro lado, admitiu que a sua direcção iria prestar maiores apoios aos agentes culturais nas suas realizações, homenagear, divulgar e valorizar lugares históricos e estabelecer protocolos de cooperação com outras instituições culturais e não só.

A inventariação do património cultural da província, visando a sua inscrição nacional e, posteriormente, internacional através da Unesco, que o tornará património mundial, a construção do Centro Cultural da província, além da realização de programas de massificação cultural, figuram também das perspectivas definidas pela Direcção Provincial da Cultura no Huambo.

A Direcção Provincial da Cultura estava (dizia o MPLA) empenhada na melhoria das suas infra-estruturas e na valorização internacional dos seus monumentos históricos, visando transformar a província, até 2012, na capital cultural de Angola.

Por sua vez, em Julho de 2009, o governador da província do Huambo, Albino Malungo, sugeriu a criação de uma academia de língua nacional Umbundu, por forma a estimular as pessoas a aprenderem e falarem este idioma, que considera ser “parte indelével da cultura da região” Sul do país.

Falando à imprensa, no final de uma visita a algumas dependências da Direcção Provincial da Cultura, o governante referiu que, com a implementação desse e de outros projectos daquele organismo, a província poderia tornar-se, no futuro, “um grande pilar na preservação e valorização da cultura nacional”.

Albino Malungo prometeu também maior atenção ao sector da cultura, porque contribui para o reforço da cidadania e valorização da história do povo angolano.

O governador anunciou para Agosto desse ano a realização de uma sessão especial do governo da província, na qual os membros do seu executivo iriam analisar os projectos apresentados pela direcção da cultura, tendo afirmado que ficou “encantado” com os programas.

Para Malungo, a Direcção Provincial da Cultura, que pretendia implementar esses projectos nos próximos quatro anos, “continua a dignificar a província”, pois os seus quadros “sabem perfeitamente o que estão a fazer para o bem das futuras gerações”.

Aconselhou, por outro lado, os cidadãos que tenham em sua posse peças museológicas a procederem à sua devolução.

Quanto à insuficiência de livros, na biblioteca municipal, Albino Malungo anunciou o envio, ainda em 2009, de técnicos locais para o Brasil e Portugal, onde iriam adquirir bibliografia actualizada e, se possível, proceder à assinatura de protocolos de cooperação com livrarias de referência nestes dois países.

Na altura, Albino Malungo visitou o local em que seria erguido o Museu Memorial de Guerra, o Cine Rua Caná, o monumento Norton de Matos, a biblioteca, o Jardim da Cultura, o Museu Provincial, o local onde será construído o centro cultural e as instalações onde funciona a Direcção Provincial da Cultura.

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