“Há angolanos pretos piores que angolanos brancos”

O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente angolano, Jomo Fortunato (que, segundo o Portal do Governo, não tem naturalidade, data de nascimento, qualificações e experiência profissional), considerou que em 45 anos de independência Angola “já estaria próximo de um ensino de qualidade”, defendendo que o país “precisa de um angolano com perfil científico”. Eis a razão pela qual João Lourenço diz que se “haver necessidade” e uma ex-ministra (da Educação) fala de “compromíssios”.

“A tese que eu vim defender é que nós precisamos de um angolano com um perfil científico para enfrentar os grandes desafios da actualidade em relação ao progresso de Angola e uma resposta ao desenvolvimento de Angola”, afirmou Jomo Fortunato.

Segundo o ministro angolano, o país pode estar próximo para o alcance do perfil que defende para o angolano, reconhecendo que, apesar ser agora um “afro optimista”, o caminho não é fácil e poderá ser tortuoso.

“Perdemos muito tempo, em 45 anos de independência já deveríamos estar próximos de um ensino de qualidade e só com este perfil é que nós vamos enfrentar o mundo”, argumentou.

“Não tenhamos dúvida, para que tal desiderato se efective é necessário melhorarmos a qualidade do nosso ensino, não tenhamos dúvida e precisamos de apontar por aí”, disse o governante angolano, em declarações aos jornalistas.

Jomo Fortunato presidiu à cerimónia de abertura de um debate sobre “Memórias, Afirmações Identitárias e Sentimentos de Pertença” realizado em Luanda pelo Centro de Estudos para a Boa Governação – UFOLO.

O encontro enquadra-se no ciclo de debates nacionais sobre “O que é ser angolano/angolana? Mentalidade e Aparências” desta organização não-governamental, presidida pelo jornalista e activista cívico angolano Rafael Marques, cujo meritoso trabalho foi já superiormente reconhecido pelo Presidente da República através de uma condecoração do Estado (MPLA).

O perfil do angolano ao longo da história, “desde o surgimento da espécie angolana no contexto natural, à aparição dos portugueses, depois a luta contra a ocupação colonial, a questão do assimilacionismo” constituíram alguns dos eixos da intervenção de Jomo Fortunato.

A questão do angolano “contra si próprio, com a guerra civil, o angolano económico, corrupção, nepotismo, um angolano que actualmente luta contra a pobreza e o desenvolvimento do país” também nortearam a abordagem do dirigente.

Para o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, o país “precisa de um angolano que conheça a sua história, a sua cultura, mas também é um angolano com perfil científico, que conheça a realidade do mundo”, disse.

Segundo o governante, é preciso “partir para um angolano produtivo, que coloque no mercado produtos de qualidade, na perspectiva competitiva” para o país sair, “de forma paulatina, de importadores para exportadores”.

“Então, para mim isso está claro, não tem confusão nenhuma, olho para o meu lado e vejo o perfil de angolano que tenho e esta perspectiva deve ser multiplicadora, temos de ter angolanos com perfil científico em todos os pontos do país, não podemos pensar só Luanda”, insistiu.

A estruturação de um perfil científico para o angolano, observou, “passa pela criação de uma elite, pois é necessário que o ensino seja selectivo, nem todo mundo tem de passar de classe, ou entrar em estratégias para passar de classe”.

“Tem de se exigir um nível mínimo de qualidade, mas depois temos que criar uma elite científica, não é só no domínio da ciência, mas nas artes também e esse trabalho é muito sério, porque o que somos agora tem muito a ver com o nosso passado colonial”, realçou.

Questionado sobre as abordagens divergentes que surgem em vários círculos sociais sobre “angolanos de origem ou com nacionalidade adquirida”, o ministro disse não estar preocupado com estas questões, considerando-as “banais”.

“Vejo o angolano como trabalhador, angolano disciplinado, angolano com perfil científico e não quero saber se é branco ou não, são questões que já deverão estar resolvidas, porque há angolanos pretos piores que angolanos brancos”, respondeu, quando questionado pela Lusa.

A conferência, com um raro sentido de oportunidade, decorreu no Memorial António Agostinho Neto, local histórico e de homenagem ao primeiro Presidente angolano, para além de ser o genocida responsável pelo massacre de milhares e milhares da angolanos em 27 de Maio de 1977.

Seja como for, os jovens devem aceitar ser amputados da coluna vertebral, bem como permitir a mutação do cérebro para os intestinos, podendo assim ser militantes de alto gabarito do MPLA. Militantes que tenham de se descalçar para contar até 12, que conheçam bem o que é a electricidade… potável, que estabeleçam “compromíssios” com os dirigentes… se “haver” necessidade.

Folha 8 com Lusa

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