Cabinda, o túmulo do arcaísmo do regime ilegal do MPLA

Quando em Portugal se discute sobre a demolição do monumento dos descobrimentos, em Cabinda procura-se sepultar o arcaísmo mental, herdado do regime ilegal do MPLA, instalado há 46 anos.

Por Emmanuel Nzita
Presidente da FLEC/FAC

O último quartel do séc. XX, marca um destaque indelével, na luta do povo de Cabinda. Estamos no séc. XXI, com datas memoráveis na história da nossa resistência.

– 1 de Agosto de 2006. Assinatura do Memorando de Desentendimento e “Estatuto Especial para Cabinda”;
– 3 de Junho de 2016. Falecimento do líder fundador da FLEC/FAC. Nzita Henriques Tiago;
– 12 e 13 de Novembro de 2019. Presença no Vaticano dos Presidentes de Angola e de Portugal, a convite do Papa Francisco, sobre Cabinda, a pedido da FLEC/FAC;
– 23 de Janeiro 2020. 33ª Conferência da UA – Roteiro “silenciar as armas em África”;
– 1 de Maio de 2020. Reconhecimento de facto da ONU da FLEC, como grupo rebelde.

Não obstante os factos, o regime ilegal do MPLA em Cabinda, continua comportar-se como se o sal, o libongo e a missanga, ainda fossem produtos comercializáveis e da paixão dos cabindeses. Mesmo sem petróleo, Cabinda seria o refúgio predilecto de qualquer organização política asfixiada como o MPLA, pela Revolta Activa, do Leste e pelo regime do Zaire/FNLA. Porém, a desgraça esteve do lado do petróleo, pois 200 mil barris/dia, para uma população aproximada de 150 milpessoas, os negros de Cabinda, seriam mais ricos do que os brancos em Portugal.

Entregar Cabinda ao MPLA, haveria ganhos para brancos em Portugal e negros do MPLA em Angola. Foi o pensamento dos oficiais e portugueses de Esquerda, ligados ao processo de descolonização de Angola e de Cabinda, depois do 25 de Abril de 1974. Petróleo e diamante, ditaram o destino dos cabindeses e angolanos, a favor da megalomania comunista portuguesa, soviética, cubana e MPLA.

A mentira caiu no dia 1 de Maio de 2020, com o reconhecimento da FLEC, pela ONU, na pessoa do Secretário-Geral, Eng. António Guterres. De lá para cá, a FLEC passou a ser um sujeito de Direito e com responsabilidades acrescidas.

Estamos conscientes que, a estratégia de luta do regime do MPLA, sobre Cabinda, tem vindo a conhecer novos contornos:

Se por um lado, a diplomacia da FLEC/FAC, tem vindo a cerrar fileiras no seio da UA, onde até membros influentes da SADC, do CIRGL e da CEEAC, estão favoráveis à causa do povo de Cabinda, implora-se que a opinião não seja diferente, entre os membros da CPLP, onde Portugal deveria ter a maior iniciativa e influência, pois Timor-Leste, que durante anos “pernoitou com o tigre”, conhece bem a sua verdadeira marca.

Por outro lado, está o regime a utilizar os generais naturais de Cabinda, no activo e na reforma, aliciar as autoridades tradicionais, querendo melhorar a vida dos cabindeses, económica e socialmente, o que nunca fez em 46 anos.

Já se esqueceu o MPLA que os cabindeses foram despedidos em massa das companhias petrolíferas e, aumentou o exército de desempregados em Cabinda, com famílias inteiras submetidas à mendicidade?

Já se esqueceu o MPLA, que o Tribunal e a PGR em Cabinda, foram desprovidos dos Magistrados naturais e substituídos por outros não naturais, próprio do colonialismo metropolitano?

Já se esqueceu o MPLA, do valor do diálogo para se dirimirem os conflitos ou por falta de argumentos quer continuar a via militar?

Já se esqueceu o MPLA, que a América simplesmente abandonou a guerra de Vietname e só anos mais tarde é que o discurso mudou, mesmo sem nunca ter reconhecido que fora derrotado, pela razão?

A FLEC/FAC, quer reafirmar a todos os que são aliciados a estabelecerem contactos a troco de meios ou cargos, cabindeses ou não, generais no activo ou reformados e autoridades tradicionais: o vosso contributo será valioso e necessário, desde que tenha como reflexo, os 46 anos de ocupação ilegal e todas as peripécias vividas nas aldeias, vilas e cidade, nas matas e centros de refugiados e campos de concentração e nos fuzilamentos do Tribunal Revolucionário e extras.

Devem lembrar-se que nunca fizemos aguerra contra um regime em Angola, mas sim, fazemo-la contra o regime em Cabinda ocupada, desde 2 de Novembro de 1974.

Lembrem-se de que somos um Protectorado desde 1885, somos uma colónia como todas as outras, já independentes desde 1975, ano em que passamos a ser uma província de Angola, contra a nossa vontade e a de todo o povo de Cabinda.

Lembrem-se que Cabinda, nunca será a Palestina do Médio Oriente, nem o Tibete da Ásia, tampouco Angola para sempre. Será sempre o território com as discrepânciasgeográficas internacionalmente reconhecidas, sem qualquer fronteira comum com Angola.

A FLEC/FAC, declina-se de todas as sugestões descontextualizadas, sem desprimor aos proponentes, independentemente das suas origens e filiações políticas.

Sendo a FLEC/FAC, uma organização idónea, requer uma profunda moderação de todos quantos pretendem contactá-la, pois a linguagem arcaica e ameaçadora do regime, já têm a sua sepultura prevista.

A FLEC/FAC, não exige menos que a autodeterminação para Cabinda.

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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