Um dos dois infectados
é dirigente da Sonangol

O administrador da Sonangol, Osvaldo Macaia, é um dos dois primeiros casos de infecção por Coronavirus em Angola, disse hoje uma fonte da petrolífera estatal angolana. Como o Folha 8 revelou, a ministra da Saúde de Angola, Silvia Lutucuta, anunciou hoje que existem dois casos positivos de infecção pelo Covid-19, tratando-se ambos de cidadãos angolanos provenientes de Portugal. Em África há mais de mil infectados.

Entre estes, conta-se Osvaldo Macaia de 38 anos, administrador da Sonangol, que chegou ao aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, no dia 17 de Março, proveniente de Lisboa.

Segundo a mesma fonte, o responsável da Sonangol foi rastreado no aeroporto e “cumpriu todos os procedimentos”, ficando em quarentena domiciliar. “Accionámos o protocolo e foram criadas condições para fazer o teste, que deu positivo”, adiantou.

Osvaldo Macaia só começou a apresentar os primeiros sintomas 24 horas após a sua chegada.

A transferência do administrador da Sonangol para a unidade onde se encontra actualmente sob observação, a Clínica Girassol, em Luanda, foi coordenada por elementos do Ministério da Saúde.

Na conferência de imprensa que deu hoje, a ministra Sílvia Lutucuta disse que estão a ser dadas as instruções sanitárias necessárias para mitigar a epidemia e apelou para que a população, sobretudo os viajantes que cheguem de países com circulação comunitária do vírus, cumpram a quarentena obrigatória, que considerou “uma prioridade fundamental”.

Lembrou que, nos últimos dias, chegaram a Angola viajantes que vieram de Portugal – Lisboa e Porto – a quem foi dada a possibilidade de fazer quarentena domiciliária, apelando para quem saiba de alguém que tenha viajado recentemente para as áreas afectadas e não esteja a cumprir o isolamento denuncie a situação para o número 111.

“Não haverá contemplações, estas pessoas serão levadas para os centros de quarentena institucional”, sublinhou, garantindo que vai ser aumentada a capacidade de rastreio destes pacientes.

Sílvia Lutucuta lembrou ainda que haverá voos adicionais provenientes de Lisboa e do Porto e disse que o Governo está a preparar condições para fazer quarentena institucional dos passageiros, garantindo que vão ser criadas as condições imediatas nos centros.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia Covid-19, já infectou mais de 271 mil pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 11.401 morreram.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se já por 164 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.032 mortos em 47.021 casos. Segundo as autoridades italianas, 5.129 dos infectados já estão curados.

Vários países adoptaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras, entre os quais Angola.

Em África há mais de mil infectados

O número de infecções pelo novo coronavírus em África ultrapassou hoje os mil em 40 países e territórios, com registos de 30 mortes, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia de Covid-19.

No total foram contabilizados 1.107 casos de infecção desde o início da pandemia, cujo primeiro caso foi detectado em 14 de Fevereiro, no Egipto.

De acordo com o portal Worldometer, que compila quase em tempo real a informação da Organização Mundial de Saúde (OMS), dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgão de informação, há registos de mortes pelo Covid-19 em oito países africanos: Egipto, Argélia, Marrocos, Tunísia, Burkina Faso, Gabão, Sudão e Maurícias, tendo este último registado hoje a sua primeira morte.

Segundo uma contagem efectuada às 15:00 horas, o continente conta ainda 104 recuperados, números que baixam o total de infecções activas para 973.

A Argélia conta agora 12 mortes e 95 casos de infecções, sendo o país africano com maior número de vítimas mortais causadas pela doença Covid-19. Ao mesmo tempo, o país é também o que regista maior número de recuperações: 43, tendo agora 40 casos activos.

O Egipto, que soma o maior número de casos de infecção em África, 285, regista oito mortes, seguido por Marrocos, com três mortes em 86 casos, e Burkina Faso, também com três mortes em 64 casos. Tunísia, com 60 casos, Maurícias, com 14, Gabão, com quatro, e Sudão, com dois, registam todos uma vítima mortal.

Nas últimas horas foram anunciados mais de uma centena de novos casos em 14 países, incluindo Angola – que apontou os seus dois primeiros casos – e Cabo Verde, que agora tem três casos infecções pelo vírus.

Além dos dois países lusófonos, registaram novos casos Zimbabué, Togo, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Camarões, República Democrática do Congo, Burkina Faso, Tunísia, Argélia e África do Sul. A maioria foi registada na África do Sul que contabilizou 38 novos casos.

Além dos países já referenciados, há casos de Covid-19 no Senegal, Ruanda, Etiópia, Quénia, Seicheles, Tanzânia, Guiné Equatorial, República do Congo, Namíbia, Benim, Mauritânia, Zâmbia, República Centro-Africana, Chade, Djibouti, Gâmbia, Guiné-Conacri, Níger, Somália e Essuatíni.

No contexto das medidas de contenção, o Egipto proibiu hoje a realização de manifestações religiosas no país, enquanto a Nigéria anunciou este sábado a suspensão, durante um mês, o encerramento dos seus aeroportos a voos vindos do estrangeiro.

O anúncio das autoridades nigerianas surgiu pouco depois da Nigéria ter registado os primeiros casos de Covid-19 na sua capital, Abuja.

Esta tem sido uma medida adoptada por vários países em África, como Angola e Botsuana, que encerraram o seu espaço aéreo.

Ainda assim, os presidentes de Angola, João Lourenço, e do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, foram vistos na cerimónia de tomada de posse do seu homólogo namibiano, Hage Geingob, segundo a comunicação social do país. A Namíbia tem actualmente três casos activos de Vovid-19.

A nível de responsáveis políticos, pelo menos quatro ministros do Burkina Faso foram diagnosticados com Covid-19.

Esta semana, o director-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “o melhor conselho para África é preparar-se para o pior”. “Acredito que África deve despertar, o meu continente deve despertar”, acrescentou.

Folha 8 com Lusa

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