Tentativa de golpe de Estado?

A organização “Amigos de Angola” apelou hoje ao Presidente da República (também Presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo), João Lourenço, para libertar todos os manifestantes detidos no protesto de sábado em Luanda, defendendo o fim da violência contra activistas.

A marcha de sábado, convocada por activistas da sociedade civil, mas que contou com a adesão da UNITA e outras forças da oposição que o MPLA (no Poder há 45 anos) ainda permite que exista, visou reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, que estavam previstas para este ano, mas foram adiadas sem nova data. Ou seja, tudo questões que põem em causa a segurança do Estado e que não podem ser toleradas, de modo algum, pelo Presidente do MPLA, muito menos pelo Titular do Poder Executivo e ainda menos pelo Presidente da República.

A organização não-governamental cita testemunhas segundo as quais “a polícia agiu brutalmente” contra os manifestantes, recorrendo a “gás lacrimogéneo, cavalos e veículos policiais para intimidar e dispersar um protesto pacífico” e que foram negados cuidados médicos aos feridos.

Na verdade nada disso se passou. Desde logo, como é que uma Polícia reconhecida internacionalmente pelo seu alto índice de civilidade poderia agir “brutalmente”, usar “gás lacrimogéneo, cavalos” etc. se não estivesse em causa a segurança do Estado ou, até, uma tentativa de golpe de Estado?

“Pedimos ao Presidente João Lourenço para libertar todos os manifestantes que foram ilegalmente detidos durante o protesto”, lê-se num comunicado divulgado pelos “Amigos de Angola”.

Mais uma campanha de desinformação das forças da reacção contra a honorabilidade de João Lourenço, um presidente impoluto e cujo governo seria incapaz de prender ilegalmente os manifestante, sendo público que a Constituição do país reconhece e estimula a liberdade de manifestação, para além de a práticas das forças policiais serem provas do integral e inequívoco respeito dos direitos humanos.

Salienta a organização que a manifestação estava de acordo com a Constituição angolana e pedem a abertura de uma investigação para “trazer à justiça os responsáveis”, pelo que consideram uma violação de direitos por parte das autoridades.

“Estes direitos estão claramente declarados na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humanos ratificada por Angola, mas vão sendo violados por autoridades que, por imperativo legal, deviam ser as primeiras a respeitá-los”, argumentam.

Os “Amigos de Angola” salientam que os manifestantes apenas exibiam cartazes, estavam desarmados e protegeram-se com máscaras faciais, “respeitando a distância física necessária no contexto do combate à pandemia da Covid-19”.

Defendem ainda que os motivos para a manifestação são justificados: “A falta de oportunidades de emprego, a corrupção endémica que continua a custar milhões ao erário angolano e a falta de uma comissão eleitoral independente”.

“Esperamos que o Presidente João Lourenço acolha os valores democráticos e respeite a liberdade de expressão e de reunião dos cidadãos angolanos”, acrescentam.

Desde 2002, o MPLA tem conseguido fingir que democratiza o país e, mais do que isso, conseguiu (embora não por mérito seu mas, isso sim, por demérito da UNITA) domesticar completamente todos aqueles que lhe poderiam fazer frente.

Angola esteve, está e estará (faz parte do ADN do MPLA) entre os países mais corruptos do mundo. A taxa de mortalidade infantil é das mais altas do mundo. E, é claro, o Povo continua a ser gerado com fome, a nascer com fome, e a morrer pouco depois… com fome.

Recordemos que, por exemplo, o então ministro Georges Chikoti disse não estar preocupado com a campanha internacional para a libertação dos então presos políticos (Revús) em Angola, jurando que eles estavam a preparar um golpe de Estado. Nada mais, nada menos. Um golpe de Estado. Ontem passou-se o mesmo.

Os activistas, estavam detidos, não eram presos políticos, afirmou o na altura ministro das Relações Exteriores, mantendo – como lhe foi ordenado pelo “querido líder” e por uma questão de sobrevivência – a tese (que hoje será reiterada) de que os jovens activistas tinham mísseis escondidos nas lapiseiras, Kalashnikovs camufladas nos telemóveis e outro armamento pesado e letal disfarçado nos cartazes que empunhavam. Só assim se compreende que estivessem a preparar um golpe de Estado.

Na altura a campanha internacional pela libertação dos activistas mostrou, aliás, que todos se esquecem que o MPLA é o único representante de Deus na Terra e que, por isso, tem poderes adivinhação que o levam até a saber com exactidão milimétrica o que as pessoas pensam.

Foram, aliás, esses poderes que permitiram a prisão dos jovens em flagrante delito: estavam nesse momento a pensar numa solução para derrubar o MPLA. E isso constitui só por si matéria de facto para os mandar matar.

Além disso, não foram necessárias outras provas. Para que serviriam ao regime as armas (as tais que estavam camufladas), ou os milhões de guerrilheiros (que estavam no quintal debaixo da mangueira)? Saber o que os jovens pensavam foi condição “sine qua non”.

Vejamos a explicação de Georges Chikoti que hoje pode ser reiterada por João Lourenço: “Angola é um país democrático, tem partidos políticos que participam no Parlamento. O que não se pode aceitar é que as pessoas queiram utilizar a violência como via de atingir ou alcançar o poder político”.

Quando Georges Chikoti falava, com todo o conhecimento de causa, de violência estava, obviamente, a referir-se à revolta militar que o tal exército dos jovens tinha em mente, caso não estivesse tanto calor debaixo da mangueira.

Vir agora dizer-se que o regime não sabe conviver com o contraditório e revela uma das suas facetas mais marcantes, a intolerância, é não compreender o ADN do MPLA, em que o ponto mais alto foi o massacre de milhares e milhares (talvez 80 mil) de angolanos no dia 27 de Maio de 1977.

É, aliás, não compreender que o regime do MPLA está de tal maneira moribundo que até manda prender e matar a sua própria sombra.

De facto, tudo isto mostra que o regime do MPLA está morto, só ainda não sabe.

Artigos Relacionados

One Thought to “Tentativa de golpe de Estado?”

  1. Observador

    A Africa esta em turbulencia , nao e so angola , comecou no Mali , esta a passar na Nigeria , Guine Equatorial , Mocambique ,e ira continuar onde is falsos Democratas julgo ditadores, tiranos, totalitaristas e communiztas ate serem Expulsos. Eles sao simbolo de VAMPIRISMO DO ESTADO.
    PURRADA CONTRA O mpla sao CORRUPTOS.

Leave a Comment