Partido há só um, o MPLA e mais nenhum

O membro do Bureau Político do MPLA, Mário Pinto de Andrade, é um dos indefectíveis de João Lourenço e confirmou sem papas na língua, haver uma orientação do seu partido, logo do Tribunal Constitucional, sua célula judicial, para impedir que Abel Chivukuvuku possa criar um partido político.

“O senhor Abel não pode ter…um partido político”! É fogo! É um autêntico atestado de discriminação e tribalismo deste alto dirigente do partido no poder, deputado e professor universitário, de quem se esperava mais sapiência, menos ódio, mais urbanidade e menos sacanagem.

Pura sacanagem, pois quer dizer se Chivukuvuku conseguir cumprir todas as formalidades, deve ser inviabilizado. Chumbado, por todos juízes do MPLA. Foi! Se ainda assim conseguir provar a legalidade dos documentos e os reconhecer em notário, deve, também, ser inviabilizado; chumbado.

E se ainda assim estiver difícil, segundo a cartilha do membro do BP do MPLA deve ser indicado um(a) indefectível para melhor fazer o trabalho sujo, de preferência juiz(a) mais desqualificada, de preferência sem qualquer experiência, nos tribunais comuns, na advocacia, na docência, como ocorreu com a juíza Victória Izata, que saída da Assembleia Nacional, onde era deputada, recebeu um processo quente, onde se terá limitado a agir como robot, assinando o acórdão, alegadamente, feito por Juvenis Paulo, que destila, também, um ódio visceral contra Chivukuvuku, tal como Mário Pinto de Andrade.

Aos 3 de Agosto de 2020, o membro do Bureau Político do MPLA, Mário Pinto de Andrade, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, confessou e citamos: “O Sr. Abel Chivukuvuku, constitucionalmente, não pode ter, nem criar partido político em Angola, porque abandonou a UNITA e foi corrido da CASA-CE”, fim de citação.

É vergonhoso que um alto dirigente partidário, não sendo tão ignorante, não se tenha conseguido despir da mentalidade da escola totalitária e exclusivista em que se formatou, mesmo quando o país está na vigência de um Estado que se pretende Democrático e de Direito. Com efeito, a Constituição da República de Angola é clara e consagra no art. 55.º, o direito de todos os cidadãos à livre participação na vida política nacional. E, por sua vez, o art. 10.º da Lei dos Partidos Políticos diz, textualmente, no seu n.º 1 que “ a filiação num partido político é livre, não podendo ninguém ser obrigado a ingressar num partido ou a nele permanecer”.

“Na verdade, nas circunstâncias presentes, assiste-se a um recuo do processo democrático angolano bem como a graves atentados às liberdades dos cidadãos. As declarações do dirigente do MPLA só comprovam a nossa convicção de que a não anotação do PRA-JA SERVIR ANGOLA pelo Tribunal Constitucional é resultado de orientações do partido no poder. No que nos diz respeito vamos continuar a lutar pelo PRA-JA com firmeza e perseverança”, assegura a sua coordenação Geral.

No dia 9 de Junho de 2019, Mário Pinto de Andrade referiu, no município de Cacuaco, que o seu partido iria continuar a trabalhar para diminuir as assimetrias regionais, no sentido de uma maior abrangência das políticas públicas. Por outras palavras, o MPLA iria fazer o que não fez ao longo dos últimos 45 anos.

O também membro de acompanhamento do município mais ao norte de Luanda (Cacuaco), referiu que o partido iria igualmente implementar um novo paradigma de inclusão social, para que as autarquias constituam um caminho de integração social, respeitando a economia e cultura de cada região. Por outras palavras, o MPLA iria fazer o que não fez ao longo dos últimos 45 anos.

Ainda assim, Mário Pinto de Andrade referiu que o MPLA pretende fazer com que os candidatos a serem apresentados, sejam comprometidos com as políticas de combate à corrupção, nepotismo e outras práticas que prejudicam o bem social… há 45 anos. Mais uma balela típica do MPLA pois, como todos sabem, se o MPLA combater a sério a corrupção está a combater-se a si próprio.

Mário Pinto de Andrade proferiu estas palavras durante uma reunião que juntou os militantes do MPLA no município de Cacuaco, com vista a arregimentar sipaios (mesmo que “voluntariamente amarrados” como no tempo colonial) para aplaudir as estrelas no VII Congresso Extraordinário que iria ter lugar dias depois.

O dirigente do MPLA apelou na ocasião para uma maior atenção às publicações nas redes sociais, bem como à continuidade das campanhas de moralização, exaltando o respeito pelas famílias e instituições. As redes sociais só são um problema se disserem o que não agrada ao partido. Podem mentir à vontade, desde que seja para dizer, por exemplo, que já Diogo Cão era militante do MPLA, ou que os massacres de 27 de Maio de 1977 nunca existiram e foram uma invenção de Jonas Savimbi ou até mesmo de António de Oliveira Salazar. É certo que, nessa data, o ditador português já tinha morrido, mas isso é um pormenor de somenos importância.

Mário Pinto de Andrade sublinhou ainda, e muito bem, que o MPLA está a fazer uma mudança geracional, com o ingresso de novos quadros capazes de tornar mais forte o partido, com vista as eleições autárquicas então previstas para 2020.

É verdade. Pena é que os novos quadros (tal como muitos dos velhos quadros) tenham de se descalçar para contar até 12. É que – como muito bem sabe Mário Pinto de Andrade – não basta ser general, ou ter um diploma da Universidade Agostinho Neto, para saber quando deve dizer “houver” e não “haver”, ou “cesta básica” e não “sexta básica”, ou PRA-NUNCA em vez de PRA-JA…

Em Fevereiro de 2017, Mário Pinto de Andrade foi “nomeado” segundo secretário do comité provincial do MPLA em Luanda, após ter sido eleito com 94,74 por cento de votos, durante a primeira sessão extraordinária da estrutura partidária, orientada pelo primeiro secretário, o emblemático, impoluto e honorável general Higino Carneiro.

Na altura, em declarações à imprensa, Mário Pinto de Andrade, docente universitário e analista político, disse que a sua missão era ajudar o primeiro secretário a cumprir com a estratégia do MPLA para ganhar as eleições na província de Luanda. Higino Carneiro… agradeceu.

Para o efeito, Mário Pinto de Andrade referiu que era necessário sensibilizar os militantes e simpatizantes do partido para se registarem, porque quanto mais pessoas cumprirem com este acto de cidadania, mais probabilidades tinha o MPLA de ganhar as eleições, com uma maioria qualificada ou absoluta.

“Espero conseguir ajudar o comité provincial a cumprir esse objectivo”, reforçou Mário Pinto de Andrade, que substituiu Jesuíno Manuel da Silva, impedido de continuar a exercer o cargo por razões de saúde.

Além da eleição do segundo secretário do MPLA em Luanda, o comité provincial aprovou na altura a sua estratégia eleitoral, estrutura da campanha eleitoral e a resolução do comité central que aprova a lista de candidatos a deputados à Assembleia Nacional, liderada por João Manuel Gonçalves Lourenço, cabeça-de-lista, e então coordenador do grupo de acompanhamento do secretariado do bureau político para a província de Luanda, que, no Executivo, ocupava o cargo de ministro da Defesa Nacional de José Eduardo dos Santos. O segundo nome da lista foi Bornito de Sousa Baltazar Diogo.

Na abertura da sessão, o então primeiro secretário, general Higino Carneiro, pediu aos militantes maior divulgação do nome e imagem do candidato a Presidente da República, de modo que todos os militantes, amigos e simpatizantes do MPLA e demais cidadãos da província de Luanda se revejam nele e possam apoiá-lo.

“Neste momento em que nos encontramos em pré-campanha, todos os esforços deverão ser feitos no sentido de esclarecermos as razões objectivas desta decisão suprema do nosso partido, para nos mantermos unidos e firmes em defesa dos nobres ideais do MPLA e de todos angolanos de Cabinda ao Cunene”, destacou o general.

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