Os relógios de Viegas de Abreu, o proletário rico

Os proletários de muitos países do mundo, principalmente dos subdesenvolvidos, chegados ao poder, rapidamente são contaminados pela “leucemia milionária”, ou seja, convertem-se aos hábitos dos proprietários capitalistas, com retroactivos.

O ministro dos Transportes angolano, Ricardo Viegas de Abreu, um dos mais próximos delfins do Presidente da República, João Lourenço, mostra a verdadeira face do seu ADN, que não foge à regra do da maioria dos dirigentes do MPLA, paladinos do “socialismo revolucionário”, que têm um apego indescritível aos bens materiais, desde que abocanharam, fora dos ditames democráticos, o poder há 45 anos.

Tanto assim é, que um ex-ministro (por já não fazer parte do mundo dos vivos, omitiremos o seu nome) renomado e reputado, à época, exibia garbosamente, no pulso um relógio: “este apenas custou 50 mil dólares”…

Apenas… custou 50 mil… como se a maioria dos 20 milhões de pobres angolanos vivesse, com 2 dólares, por dia.

E não vivem com dignidade, como deveriam, porque a irracionalidade e irresponsabilidade, têm morada nos corredores do poder, que manda às urtigas o bom senso e as normas de gestão dos bens públicos.

Em 2017, num escasso período de seis meses, em que exerceu as funções de Presidente do Conselho de Administração do BPC (Banco de Poupança e Crédito), Ricardo ou “Relógios de Abreu” como, passou, também, a ser conhecido, ao invés de investir 250 mil dólares na reforma do sistema informático ou 300 mil no reforço dos PTA, crónica deficiência, optou por dar vazão a “orgias despesistas”, adquirindo para um banco comercial, em momento de crise, uma colecção de relógios de alta gama, no valor de USD 550.000,00 (quinhentos e cinquenta mil dólares).

O caricato é de não só Ricardo ter dito que nesse mesmo ano (2017) o banco teria de despedir mais de 1000 (mil) trabalhadores e encerrar 100 (cem) agências bancárias, mas ter aumentado drasticamente, os prejuízos, com aquisição de viaturas para o Conselho de Administração, avaliadas em 580.000.000,00 (quinhentos e oitenta milhões de Kwanzas), quando o relatório e contas do exercício económico de 2016, apresentava um prejuízo de mais de 150 milhões de euros.

Mais grave é a cumplicidade e silêncio tumular do Tribunal de Contas, que ante tamanhos desvarios financeiros, decidiu pelo arquivamento do processo, em se tratando de um delfim ainda sob a coberta do Presidente da República.

Incongruência também é a de nenhum outro membro do Conselho de Administração, segundo a fonte do Folha 8, ter ciência dos modelos, preços individuais, quantidades e, destino dado a tão alta relíquia, uma vez que nesse ano a crise económica que se vivia, não era propicia para o banco vender e capitalizar com a operação.

“Poderiam ser vendidos, aos clientes tops do banco, para se gerar riqueza, ou seja, duplicar-se o investimento inicial, para 1 bilião de dólares, por exemplo e não gerar prejuízo, como foi o caso” denunciou o economista, Lubanza Mpindi.

E é diante destas incoerências que o alegado combate à corrupção, não é visto como eficaz, principalmente, porque a fórmula abraçada pela equipa económica de João Lourenço fazer mais barulho do que produzir resultados.

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