Com o adubo “MPLA” tudo
(o que não deve) cresce

A agência de notação financeira Moody’s estima que Angola enfrente uma recessão de 3,3% do Produto Interno Bruto e que a dívida pública suba para 120% este ano, com as métricas de crédito a deverem deteriorar-se significativamente. Nada de novo. O MPLA responde: siga a farra que alguém há-de dar-nos… fiado.

De acordo com a análise económica ao país governado há 45 anos pelo MPLA, divulgada no seguimento da descida do ‘rating’, na semana passada, os analistas escrevem que “o perfil de crédito de Angola é prejudicado pela moldura institucional fraca e pela contínua deterioração das métricas da dívida, com a dívida pública a chegar provavelmente aos 120% este ano”.

A Moody’s alerta que Angola “continua vulnerável a uma depreciação adicional da moeda” e escreve ainda que “as métricas de crédito deverão provavelmente deteriorar-se de forma significativa devido ao forte impacto negativo do choque petrolífero e da pandemia do novo coronavírus”.

Na semana passada, a Moody’s concluiu o processo de revisão do ‘rating’ de Angola, tendo revisto em baixa a opinião sobre a credibilidade da dívida soberana de Angola de longo prazo, emitida em moeda local e estrangeira, de B3 para Caa1 (risco muito elevado), e alterou a perspectiva de evolução para estável.

A Moody’s justificou a decisão de rever em baixa a notação com “os choques resultantes da acentuada queda no preço do petróleo e da pandemia do novo coronavírus e o relacionado agravamento da desvalorização da moeda”.

Estes factores “contribuíram para um enfraquecimento significativo das já fracas finanças públicas e da frágil posição externa” do país, acrescentaram os analistas.

Já a passagem da perspectiva para estável significa para a Moody’s que os riscos do crédito a Angola estão “adequadamente reflectidos no actual rating de Caa1”.

As notas B3 e Caa1 pertencem ambas a um grau de não investimento, cuja escala descendente vai de Ba1 a C. As obrigações classificadas Caa (1, 2 ou 3) são consideradas de qualidade pobre e sujeitas a um risco de crédito muito elevado, na definição da agência de rating.

Enquanto isso, a consultora NKC Research considerou que a moeda nacional de Angola, o kwanza (de Agostinho Neto e sem José Eduardo dos Santos), vai desvalorizar-se 50% este ano face ao dólar, com a inflação a chegar ao valor mais alto desde Dezembro de 2017.

No princípio de Setembro, apontam, um dólar valia 633 kwanzas, num contexto de descida dos preços do petróleo devido aos receios de uma recuperação mais lenta da procura mundial do que o esperado.

“A taxa de inflação continua a subir, tendo chegado em Agosto ao valor mais alto desde Dezembro de 2017, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, que registou a subida dos preços em 23,4% em Agosto, aumentando face aos 22,9% de Julho”, lê-se numa análise desta subsidiária africana da Oxford Economics sobre a subida dos preços em Angola.

De acordo com o comentário dos analistas, a subida da inflação nos primeiros três trimestres deste ano “deve-se principalmente à descida dos preços do petróleo à liberalização cambial do último ano, que causou uma queda do valor do kwanza em 20% desde o início deste ano”.

“A moeda nacional angolana continua vulnerável às mudanças no sentimento global e deverá depreciar-se mais de 50% comparado com o valor do ano passado, o que vai continuar a colocar pressão nos preços do consumidor, devido à forte dependência de Angola dos produtos importados”, alertam os analistas, concluindo que a aplicação do IVA e o aumento das propinas universitárias vai também potenciar a subida da inflação.

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