BP do MPLA ou MPLA do BP?

Como guia supremo do Povo matumbo, o Bureau Político (BP) do MPLA apelou, esta quinta-feira, à união de esforços da (sua) nação face à crise económica e financeira, bem como aos constrangimentos inerentes à pandemia da Covid-19. Estão convocados todos os autóctones, sobretudo os 20 milhões de pobres que o MPLA criou nos últimos 45 anos.

O apelo do BP do MPLA vem expresso numa declaração a propósito do Dia do Fundador da Nação, do Herói Mundial e que, parafraseando Luís de Camões (provavelmente também militante do MPLA), “se mais mundo houvera, lá chegara”.

A celebração do Dia do Herói Nacional é dedicada ao aniversário natalício do primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, nascido a 17 de Setembro de 1922, em Kaxicane, município do Icolo e Bengo.

Segundo o Guia Supremo, a efeméride deve-se ao contributo deste nacionalista na luta armada contra todos os colonialismos conhecidos, com destaque para o português, e pela conquista da independência nacional, a 11 de Novembro de 1975, bem como com o fim da escravatura… e a institucionalização de que um ano é constituído por 12 meses, e que cada dia tem 24 horas.

No documento do Guia Supremo do BP do MPLA (atenção ERCA: BP significa, neste caso, Bureau Político e não British Petroleum) é reafirmada a “determinação dos militantes, simpatizantes e amigos do Partido” (segundo o último censo feito pelo MPLA serão cerca de 30 milhões) em trabalhar “árdua e empenhadamente”, sob a liderança do Presidente João Lourenço, o representante de Deus em Angola e legítimo discípulo de Agostinho Neto.

Trata-se de um trabalho árduo que visa que o “MPLA continue a ser o Partido que melhor interpreta e satisfaz as mais profundas aspirações do povo angolano” e que, claro, não abdica da tese de que o MPLA é Angola e Angola é do MPLA.

O BP do MPLA (ou será o MPLA do BP?) reconhece que este ano, o 17 de Setembro é celebrado num contexto económico, financeiro e social difícil, agravado pela pandemia da Covid-19 e pela revolta das couves que teimam em morrer quando o governo as planta com a raiz para cima.

Segundo a declaração, este contexto condiciona a realização de actividades comemorativas à “dimensão da histórica figura e do prestígio nacional e internacional do saudoso Presidente Agostinho Neto”. Tem razão. Não fossem estes problemas e todos os países do mundo, da Guiné Equatorial à Coreia do Norte, estariam hoje com festejos de arromba em honra de Neto.

De acordo com o BP do partido no poder em Angola desde 1975, Agostinho Neto é o símbolo nacional de Angola, dai que a sua vida deve constituir a referência maior no processo de educação e formação cívica e patriótica das presentes e futuras gerações de angolanos. Aliás, Angola deveria mudar de nome e passar a chamar-se República Agostinho Neto, mesmo reconhecendo que o próprio continente deveria adoptar o nome do de Neto.

Aliás, em qualquer parte do mundo, seja em Pyongyang ou Malabo, quando alguém fala de Angola, seja a nível cultural, político, social, económico, desportivo, científico, gastronómico, enológico, alcoólico, sexual etc. os cidadãos só conhecem um nome: António Agostinho Neto.

O MPLA, por via da declaração do BP, relembra que foi sob a liderança do Presidente Agostinho Neto que Angola conquistou a Independência Nacional e “se constituiu, por vontade própria, em trincheira firme da revolução em prol dos ideais de liberdade e dignidade dos povos africanos”. Aliás, apesar da modéstia do MPLA, recorde-se que a Neto se deve a “liberdade e dignidade” de todos os povos do mundo, como aconteceu com Portugal em 1640.

O BP informa que as jornadas de exaltação patriótica em honra do primeiro Presidente de Angola e Fundador da Nação Angolana decorrem sob o signo do 45° Aniversário da Independência Nacional, tendo como lema “Unidade, Estabilidade e Desenvolvimento”. Lema que será servido, em pratos de plástico, aos 20 milhões de pobres como conduto à fuba podre e ao peixe pode.

Neste contexto, refere a declaração, “o Bureau Político insta a todos os angolanos a reverenciarem a memória, a reputação e o legado político-estratégico do Presidente Agostinho Neto” e a merecida homenagem a todos os valorosos combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional que, como se sabe, eram todos das FAPLA.

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