Cartão vermelho (mais um)
à inépcia de João Lourenço

A agência de notação financeira Moody’s colocou hoje Angola entre os países mais vulneráveis à queda do petróleo, juntamente com Omã, Bahrein e Iraque, alertando para a limitada capacidade de ajustamento a um choque externo. Ou seja, o MPLA (no Poder desde 1975) só sabe “governar” quando as vacas estão gordas. Muito gordas. Hoje, o BNA pediu que os bancos apoiem desde já as encomendas dos importadores de bens alimentares.

“A vulnerabilidade à queda dos preços do petróleo vai criar divergência na qualidade de crédito”, alertam os analistas numa nota sobre o impacto da queda do petróleo nos países exportadores desta matéria-prima.

No relatório, enviado aos clientes, os analistas da Moody’s escrevem que “os preços baixos do petróleo são negativos do pontos de vista do crédito para os países exportadores, em particular Omã, Bahrein, Iraque e Angola, onde a capacidade de ajustamento a um choque profundo, ainda que temporário, é limitada”.

A maioria destes produtores, acrescentam, “têm elevadas vulnerabilidades externas aos preços baixos e vão enfrentar maiores riscos de liquidez”.

Na nota, a Moody’s lembra que o preço do petróleo caiu 60% nas últimas semanas, estando hoje a transaccionar-se nos 25 dólares, muito abaixo dos 55 dólares por barril previstos no Orçamento Geral do Estado de Angola para este ano.

“Assumimos agora que o preço do petróleo ficará entre os 40 e os 45 dólares por barril este ano e entre 50 e 55 em 2021, o que é cerca de 30% e 15% abaixo da nossa previsão anterior”, escreve a Moody’s.

Para os países com taxas de câmbio flexíveis, como é o caso de Angola, “uma depreciação da moeda pode mitigar o choque nas receitas quando são convertidas em moeda local, mas isto aconteceria à custa de um aumento no rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto devido ao efeito de valorização”, alerta a agência de ‘rating’.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que no final do ano passado Angola já tinha ultrapassado a barreira dos 100% do PIB em termos de dívida pública, devido também a uma desvalorização do kwanza no final do ano passado e novamente nas últimas semanas.

Entretanto, o Banco Nacional de Angola (BNA) recomendou à banca angolana que apoie desde já as encomendas dos importadores de bens alimentares, aconselhando mercados com moeda desvalorizada para evitar efeitos cambiais sobre o preço dos produtos.

“Os bancos devem aconselhar os seus clientes a pesquisar mercados com registos recentes de depreciação acentuada das suas moedas, reduzindo-se o efeito de transmissão da taxa de câmbio sobre o preço dos produtos alimentares aos consumidores nacionais (África do Sul, América Latina e Ásia)”, recomenda o BNA num documento que sintetiza uma reunião com a Associação Angolana de Bancos realizada na passada sexta-feira.

A reunião serviu para abordar o tema da pandemia do Covid-19 e medidas a adoptar, com o BNA a aconselhar “alinhamento e coordenação de acções no sector, para evitar a adopção de pacotes de medidas díspares pelos bancos”.

O documento refere igualmente que o BNA teve “interacção recente com os grandes operadores” económicos, cujos indicadores apontam para um ‘stock’ de alimentos importados para dois a três meses.

O BNA sugeriu o apoio da banca para iniciar “prontamente o processo de encomenda para os meses seguintes” e a manutenção de apoio aos produtores nacionais para reduzir a necessidade de recurso ao mercado externo.

Angola tem bens e produtos para abastecer o mercado durante pelo menos três meses, mas precisa de reforçar as reservas para não haver escassez, enquanto decorre a pandemia do novo coronavírus, disseram associações empresariais na semana passada.

Os operadores do sector do comércio angolano participaram em Luanda numa reunião com o ministro do Comércio para analisar a previsão de ‘stock’ existente para o abastecimento alimentar e elaborar um plano de contingência alimentar devido à doença Covid-19.

O presidente da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (Ecodima), Raul Mateus, disse, após o encontro, que a reserva interna é bastante satisfatória para um trimestre, mas é necessário um reforço.

Além do reforço de ‘stock’, Raul Mateus defendeu a necessidade de se melhorar o sistema administrativo, “para facilitar algumas aquisições mais rapidamente” no sentido de não haver problemas dentro de três meses.

Questionado sobre se o país tem assegurada a cadeia de abastecimento de produtos importados, nomeadamente da China e Portugal, que lideram as exportações para Angola e estão afectados pela pandemia, o empresário referiu que o sector alimentar não parou de produzir.

Por sua vez, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, defendeu uma cooperação regional maior, sobretudo com a África do Sul, que tem uma capacidade de oferta muito grande, tendo em conta a crise do novo coronavírus.

“Estamos com a crise do novo coronavírus e os mercados internacionais vão-se fechando e temos que nos virar sobremaneira para aquilo que são as relações aqui na região, particularmente África do Sul e Zâmbia, e também muito para a nossa produção interna”, advogou.

Angola tem três casos confirmados de infecção com o novo coronavírus que é responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia do Covid-19, já infectou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.

Vários países adoptaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Folha 8 com Lusa

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