Angola rastreia e aperta
o cerco ao Coronavírus

Passageiros que chegaram esta sexta-feira à capital angolana, provenientes de Lisboa, queixam-se da morosidade no processo de rastreio ao Covid-19 (Coronavírus) na sala de desembarque do aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, quando outros aplaudem a medida considerando-a necessária.

Os passageiros do voo da TAP, entre portugueses, angolanos e brasileiros, queixaram-se do “longo tempo de espera” na fila para o respectivo controlo, mas outros consideraram a medida indispensável para a sua segurança.

Meia dúzia de técnicos do Ministério da Saúde, completamente equipados com máscaras, luvas, batas e câmaras térmicas, móveis e fixas, compõem a equipa sanitária, escalados por turnos, para o rastreio a cada passageiro.

A câmara térmica instalada num balcão de passagem obrigatória segue a mobilidade de cada passageiro para controlo da sua temperatura e depois segue para outros procedimentos administrativos.

O processo para o português Mário Eurda “é necessário”, mas, observou, “está mal feito”, sobretudo “devido à demora” na longa fila, onde também intervêm agentes do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) para o controlo burocrático.

À Lusa, o arquitecto angolano Natividade da Silva falou em “confusão” no processo de rastreio, onde se “perde muito tempo”, questionando a utilidade do preenchimento de fichas sanitárias durante o voo.

“Sei que é uma preocupação de emergência mundial (o Covid-19), mas eu passo por vários aeroportos internacionais, venho de Lisboa e não há esse controlo que é rigoroso, mas desnecessário, porque há outras formas de fazer o controlo sem atrasar as pessoas”, desabafou.

No movimento lento da longa fila de passageiros, o cidadão angolano, Nzima Victor contou que a viagem correu sem sobressaltos e enalteceu o processo de rastreio: “É bom para o país não ter problema nenhum e então a gente se submete”.

Um cartaz gigante sobre os cuidados e meios de transmissão do coronavírus, com epicentro na China, está patente na sala desembarque, além de um vídeo com o mesmo propósito cuja figura é a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

Para o piloto português Frederico de Sá, que questiona se as medidas de controlo decorrem do “medo ou gravidade” da epidemia de Covid-19, o processo de rastreio, apesar de “um bocadinho mais demorado que o normal”, decorre bem.

Entre os passageiros que desembarcaram esta sexta-feira em Luanda, via TAP, esteve a brasileira Marcela Mendoza, que assinalou a necessidade do rastreio fronteiriço de forma a acautelar eventual propagação do vírus.

Por seu lado, o empresário português Carlos Martins também valorizou as medidas de segurança do aeroporto internacional de Luanda, considerando que as mesmas “são sempre bem-vindas”, afirmando-se “disposto a aceitar isso”.

“Porque é a nossa segurança que está em causa e penso que está tudo dentro do que é expectável e está a correr muito bem”, disse.

Além de técnicos de saúde, em alguns departamentos do aeroporto internacional de Luanda os funcionários estão igualmente a usar máscaras de protecção.

Angola desenvolve planos de contingência e medidas de controlo nos principais pontos de entrada do país e decretou, a partir de 3 de Março, a proibição da entrada de cidadãos estrangeiros oriundos da China, centro da epidemia de Covid-19, Coreia do Sul, Irão, Itália, Nigéria, Egipto e Argélia, países com casos autóctones ou registados do novo coronavírus.

No entanto, na quarta-feira, as autoridades angolanas decidiram retirar a lista de proibição a Nigéria, Argélia e Egipto por reportarem apenas um caso.

A epidemia de Covid-19, que pode causar infecções respiratórias como pneumonia, já provocou mais de 3.450 mortos e infectou mais de 97 mil pessoas em 85 países, incluindo nove em Portugal.

Além dos 3.042 mortos na China Continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos, Filipinas, Espanha, Reino Unido e Iraque.

A OMS declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco “muito elevado”.

Em Portugal, de acordo com a situação actual, não está indicado o uso de máscara para protecção individual, excepto nas seguintes situações: pessoas com sintomas de infecção respiratória (tosse ou espirro), suspeitos de infecção por Covid-19, pessoas que prestem cuidados a suspeitos de infecção por Covid-19.

Existem medidas de prevenção específicas para as áreas com transmissão comunitária activa? Sim. Para as áreas com transmissão comunitária activas (Ásia: China, Coreia do Sul, Japão, Singapura; Médio Oriente: Irão; Europa: regiões de Itália: Emiglia-Romagna, Lombardia, Piemonte, Veneto) as autoridades internacionais recomendam medidas de higiene, etiqueta respiratória e práticas de segurança alimentar para reduzir a exposição e transmissão da doença. Ou seja evitar contacto próximo com doentes com infecções respiratórias, lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou com uma solução de base alcoólica, especialmente após contacto directo com pessoas doentes, evitar contacto com animais selvagens ou de quinta, evitar visitar mercados e lugares onde existem animais vivos ou mortos, adoptar as medidas da etiqueta respiratória (tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir, utilizar um lenço de papel ou o braço, nunca com as mãos, deitar o lenço de papel no lixo, lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir).

E ainda: Reconsiderar as viagens planeadas e não essenciais para as áreas de transmissão comunitária activas, manter-se informado e actualizado quanto às informações das autoridades de saúde.

É seguro receber cartas ou encomendas da China? Sim. Os coronavírus não sobrevivem por longos períodos em objectos. As pessoas que recebem as encomendas ou cartas não estão em risco de serem infectadas pelo novo coronavírus.

É seguro comer em restaurantes chineses? Sim. Até ao momento não é conhecida a capacidade de transmissão do Covid-19 através de alimentos.

Folha 8 com Lusa
Foto: EPA/AMPE ROGERIO

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