A UNITA, principal partido da oposição que o MPLA ainda permite que exista em Angola, inicia na quarta-feira o seu XIII Congresso Ordinário, onde será eleito o substituto do actual presidente, Isaías Samakuva, que deixa o cargo após 16 anos.
A decisão será tomada por 1.150 delegados de todo o país que se vão reunir em Luanda, entre quarta e quinta-feira, para escolher o novo líder, que será o terceiro presidente do partido fundado por Jonas Savimbi a 13 de Março de 1966.
Os preparativos do XIII Congresso Ordinário do partido do “Galo Negro” envolveram várias conferências preparatórias provinciais, que decorreram entre os dias 25 e 29 de Outubro de 2019, em 17 Províncias, nove regiões de Luanda e dois Núcleos de Estruturas Centrais do Partido.
Nestas conferências, além da escolha dos delegados em número correspondente às cotas previstas, foi também feito o balanço das actividades dos órgãos nos últimos quatro anos e debatidas as 21 teses que foram submetidas à discussão, tendo sido ainda aprovadas propostas de alterações aos Estatutos da UNITA e eleitos candidatos a membros da Comissão Política.
A liderança da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) vai ser disputada entre cinco candidatos.
O primeiro a formalizar a candidatura, foi Adalberto da Costa júnior, que teve de fazer prova de renúncia à nacionalidade portuguesa para, de acordo com os estatutos, garantir a aceitação dos seus correligionários
Adalberto da Costa Júnior, de 57 anos, tem sido apontado como um dos favoritos à sucessão de Samakuva e conta com o apoio expresso de 126 altos quadros e militantes destacados do partido.
O actual líder do grupo parlamentar da UNITA defendeu, no lançamento do seu manifesto eleitoral, um partido mais “forte e altivo”, que pretende que não seja mais visto como “meros coadjuvantes”.
Entre os seus opositores, destacam-se Alcides Sakala Simões, de 65 anos, também membro da Assembleia Nacional e porta-voz da UNITA que defende que a formação política está pronta para governar e quer “aprofundar a democracia”.
O também deputado José Pedro Cachiungo, de 56 anos de idade, que também concorre à sucessão de Samakuva defende, por seu lado, que o principal partido da oposição em Angola tem de se preparar para novos desafios e que é a hora da “juventude se erguer”, mostrando-se “orgulhoso” por pertencer a um projecto fundado por Jonas Savimbi e liderado por ”Samakuva num tempo conturbado”.
O general Abílio Kamalata Numa, que declarou ser entre os candidatos que se perfilam à sucessão de Isaías Samakuva “o que está mais bem preparado”, afirmou também ser o que melhor representa “os militantes sem voz”.
O deputado e vice-presidente da UNITA, Raul Danda, cuja candidatura foi aprovada, mas só após uma análise mais aprofundada sobre os 15 anos de “militância consequente e irrepreensível” a que obrigam os estatutos do partido, acredita ser o primeiro na linha sucessória de Isaías Samakuva e que vai “trabalhar para levar a UNITA aos níveis que merece”.
“Digo muitas vezes na brincadeira que os meus colegas são candidatos e eu sou o quase presidente. Se eu tivesse um corrector tirava a palavra ‘vice’ e ficava apenas presidente”, afirmou Raul Danda após entregar a sua candidatura à comissão de mandatos.
Quanto a Samakuva, de 73 anos, que se retira após 16 anos no cargo, afirmou no passado mês de Outubro que deixaria a liderança da UNITA após a eleição do seu sucessor, mas deixou claro que vai continuar na política.
“Vou fazer política ainda e o parlamento para mim é a plataforma mais adequada para fazer política”, disse o presidente cessante da UNITA, numa conferência de imprensa na sede do partido, onde admitiu mesmo candidatar-se às autárquicas.
Os militantes do “Galo Negro” esperam que o seu novo presidente se lembre do que afirmava Savimbi: “Vocês estão a dormir e o MPLA está a enganar-vos”.
Folha 8 com Lusa