De acordo com o que escrevei aqui não há muito tempo – e confesso que não tenho orgulho nenhum (ou algum) nas minhas capacidades oraculares – os dias de tempestade viriam para JLo, e, com eles o seu desterro à mais indigente solidão, e terminei dizendo, que talvez só eu ou até algum companheiro do Folha 8 viéssemos a estender-lhe a mão.
Por Brandão de Pinho
Tal como Agostinho Neto foi desmascarado e de herói passou a besta negra graças à impagável e incessante campanha do Folha 8 que diligentemente obrigou os angolanos a pensar e a chegar eles próprios e pela sua própria cabeça à conclusão de que mau-grado o malogrado Neto tenha sido um dos maiores poetas da língua portuguesa do século passado, os seus tiques revanchistas, soviéticos e de chefe tribal déspota teriam de o colocar num lugar nunca melhor do que aquele onde foi colocado Salazar.
Assim Lourenço, passo-a-passo e todos os dias mais um bocadinho, vai sendo remetido para o seu devido lugar e agora não é apenas o Folha 8, pois até a dupla Caetano & Silva já começa a cuspir na gamela por onde comiam alarvemente e imagino esses pobres diabos perdidos no meio de tanta confusão editorial e ideológica sem um dono claro que lhes faça umas festinhas na cabeça e lhes atire um osso. Eu explico.
O Jornal de Angola é um órgão estatal mas não é nada independente (como é o caso da RTP em Portugal) pois o conceito de jornal público para os seus editores e chefias implica subserviência e vassalagem aos mais altos poderes nem que isso, diariamente, obrigue à quebra de dogmas e à elucubração de novas ideologias explorando os limites da elasticidade e plasticidade conceptual e à medida que esses poderes vão caindo em inexorável desgraça deixa de haver um fio lógico por onde se possa – com o mínimo de honestidade intelectual – continuar a divagar e a divulgar propaganda travestida de noticias ou de artigos de opinião.
Dessa forma, ler o Jornal de Angola é actualmente um passatempo hilariante e imprevisível sobretudo a parelha Silva & Júnior que vive obcecada por apenas duas coisas e pela ordem inversa: JLo e Folha 8; mais parecendo às vezes que os “grosseiros” e “mal-educados” do Folha 8 são os culpados pelo facto do Rei-Sol estar quase nu em pelote não fosse o púrpura manto roto, esburacado e puído a cobrir-lhe as partes vergonhosas.
O mais curioso é que JLo goza de níveis de popularidade enormes no estrangeiro sobretudo em Portugal apesar de a sua diplomacia económica muito pró-activa ainda não ter frutificado nem a premissa da diversificação económica e auto-suficiência ter tido tempo para se consumar em resultados.
A minha opinião, apesar de tudo o que já escrevi, ou melhor, até por tudo o que já escrevi, é de que apesar de tudo JLo é o homem certo no momento certo para se encerrar um capítulo na História de Angola e se dar início a outro nem que para tal se tenha de amnistiar partes do mais do que duvidoso passado de Lourenço que, ao fim e ao cabo, para sobreviver no sistema cleptocrático instalado e instituído por Dos Santos e ter um dia a hipóteses de fazer alguma coisa por Angola e pelos angolanos, teve de embarcar em práticas altamente reprováveis, criminosas e nada patrióticas.
É óbvio – como se viu nas declarações do buçal Higino Carneiro – que o nosso presidente tem de ter o livre-arbítrio de poder actuar conforme a ideia de governo que delineou sem que alusões ao seu passado interfiram na sua actuação governativa, tal como é óbvio que é do interesse dos angolanos que Lourenço tenha força e saúde para tirar Angola do buraco que décadas e décadas de “Eme” foram cavando, destruindo séculos de civilização, prosperidade e ordem que o colono promoveu na nação. Nação essa que é da sua criação e sem o qual Angola não existiria.
Mas se Lourenço quer que o parem de “chantagear” com alusões ao passado recente sempre que altas figuras vão responder pelos seus hediondos crimes, tem de parar igualmente, de se escusar e escudar em desculpas no que concerne a assuntos perfeitamente irrelevantes para a justificação do atraso económico e civilizacional de Angola como é o caso da colonização, esclavagismo, pseudo-ingerências de Portugal sempre que as suas instituições tentam cumprir as suas obrigações e toda a restante “conversa da treta” que vem obnubilando a população e se calhar alguns dirigentes que assim ofuscados por estes mitos não vêm o quanto têm vindo a ser mal governados e miseravelmente roubados.
Curiosamente, o deputado David Mendes na sua quixotesca luta contra o racismo e apresentando-se com os seus trajes folclóricos como se as centenas de tribos de Angola tivessem todas a mesma indumentária (já agora gostaria de saber se não usa meias e cuecas para ser mais verosímil com a sua nova condição) revela-se cada vez mais néscio e fanático, constituindo crime de ódio as afirmações que vem proferindo nas televisões mas sobretudo prejudicando economicamente Angola pelo medo que possa inocular em potenciais investidores brancos estrangeiros.
Já agora senhor Presidente, quando receber o seu homólogo lusitano e por mais importantes que sejam os afectos meta-lhe na cabeça que há crianças a morrer à fome e gente a morrer de malária – doença que na Europa foi extinta na idade média – e que precisam de algo mais do que carinhos e fotografias.
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