Diferentes? Sim.
Iguais? Também!

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA) disse hoje à Lusa que há uma “alteração de paradigma” em Angola, mas alertou que a diversificação económica é um processo que demora tempo. João Traça tem razão. Nós, aliás, prevemos que o MPLA precise de pelo mais 56 anos. Razão tinha… Miguel Relvas!

“H á uma ambição de tornar Angola um país muito atractivo para os investidores estrangeiros, e isso passou não só por alterações legislativas, mas também pelo Governo ter arregaçado as mangas, não hesitando em viajar para vários países dizendo aos investidores para acreditarem em Angola, no futuro de Angola, e que vão ter muitas oportunidades”, vincou João Traça a propósito dos dois anos de mandato de João Lourenço na presidência.

“É claramente uma alteração de paradigma na intensidade das iniciativas para atrair investidores”, apontou o advogado, salientando que mesmo ao nível das relações entre os estados português e angolano há medidas concretas para além do novo ciclo político inaugurado com as visitas de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola e de João Lourenço a Portugal.

“Há progressos concretos, como a convenção para a eliminação da dupla tributação, um processo de que se falava há décadas, mas verdadeiramente só com João Lourenço é que as coisas avançaram, e isso é muito importante para as relações entre Portugal e Angola”, salientou o presidente da CCIPA.

Questionado sobre como pode a diversificação económica concretizar-se num contexto de recessão económica motivada essencialmente pelos baixos investimentos decorrentes da quebra nas receitas fiscais devido à descida do preço do petróleo, João Traça respondeu que as reformas têm de continuar a ser feitas, mas sublinhou que o petróleo vai continuar a ser o principal motor da economia angolana.

“O crescimento económico tem de ser potenciado com a realização de reformas, o Estado vai ter de gastar menos e ter mais receitas, mas o petróleo vai continuar a ser a chave da economia, porque embora exista a visão de que o futuro de Angola passa pela diversificação, o sector petrolífero é e vai continuar a ser o grande motor da economia, é o que vai criar as condições para acelerar a diversificação”, apontou.

João Traça lembrou que mesmo Portugal, uma economia mais diversificada, inserida na União Europeia e na zona euro, “demorou quatro anos a dar a volta, e mesmo assim havia muito mais oportunidades para se fazer novas escolhas”.

Angola, por seu lado, “como está demasiado dependente do petróleo, primeiro tem de desenvolver uma infra-estrutura que permita desenvolver outros sectores, e este processo não vai ser curto, vai demorar, mas o importante é dar passos certos, porque tem de se começar por algum lado”, concluiu.

E Portugal (PSD, CDS e PS) faz tudo

Recordemos, por exemplo, o papel de Miguel Relvas, um sipaio de fraca qualidade moral e intelectual e que chegou a ser ministro do PSD, que defendeu em Janeiro de 2018, em Luanda, que o caso que corria em Portugal contra o ex-vice-Presidente Manuel Vicente era um “não processo”, advogando com unhas e dentes a transferência do mesmo para a Justiça angolana.

“Não tenho razão nenhuma para não confiar na Justiça angolana. Confio na Justiça angolana como confio na Justiça portuguesa”, disse o também ex-secretário-geral do PSD, numa entrevista divulgada pelo principal telejornal da Televisão Pública de Angola (TPA). E disse muito bem, reproduzindo as ordens que os seus superiores do MPLA lhe deram (apesar de, na sua juventude, ter sido um acérrimo defensor da UNITA) à boa maneira dos mercenários licenciados nos prostíbulos e que estão sempre disponíveis para todos os serviços.

O político, antigo ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares de Portugal e actualmente com presença assídua em Luanda, descreveu este caso, que ameaçava as relações entre os dois países, como “institucionalmente inexplicável” e que “não é compreensível”.

“Conheço o engenheiro Manuel Vicente, conheci no passado no desempenho de funções, e tenho a certeza que seria incapaz de cometer, como se irá provar, muitas das acusações que lhes são imputadas”, disse Miguel Relvas na mesma entrevista, sublinhando que “os Estados respeitam-se” e que aquela era “uma questão do Estado português”, mesmo que na esfera do poder judicial.

Apontou mesmo que a polémica em torno deste processo “já estava a causar” dificuldades às relações bilaterais: “Espero que se ultrapasse, que este processo seja rápido e se conclua de uma forma rápida e que a verdade venha ao de cima (…) Factualmente foi um não processo”.

Se o valor dos angolanos (e dos portugueses) se medisse pelo nível dos muitos mercenários que por cá andam ao beija-mão e à procura da gamela, Miguel Relvas (tal como muitos outros) amesquinhava-nos totalmente, tal é o seu habitat natural, as latrinas do poder.

Ele, como um dos donos da verdade no putrefacto reino lusitano, disse nessa altura o que dizia quando era primeira figura no circo anedótico do PSD de Passos Coelho, ou seja que a Procuradora-Geral da República portuguesa sofre de “doença mental complexa, caracterizada, por exemplo, pela incoerência mental, personalidade dissociada e ruptura de contacto com o mundo exterior”.

Miguel Relvas, peritos dos peritos e – tal como Passos Coelho, António Costa, Rui Rio ou Marcelo Rebelo de Sousa – continua a procurar – disse – “novos mundos” como forma de se ultrapassar a actual crise. E que melhor local para atingir esse desiderato do que a Angola dos seus íntimos amigos do MPLA?

Miguel Relvas costumava zurrar que “tudo o que for estabilidade política, desenvolvimento económico e social para Angola é bom para nós. Portugal só tem a ganhar com uma Angola desenvolvida e estável. A agenda de Portugal em Angola é o que vamos fazer juntos nos próximos 30 anos”, disse o rapazola em 2012.

Durão Barroso, Passos Coelho ou António Costa não diriam melhor. Que é previsível que o MPLA se mantenha no poder durante mais 56 anos, isso é.

Julho de 2012 (reinado de José Eduardo dos Santos)

Como especialista em questões lusófonas, Miguel Relvas voltava a Luanda para receber instruções do patrão. Ou teria sido para obter mais uma equivalência para a sua licenciatura? Ou para fazer acerto de contas?

Na sua qualidade de ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares Portugal, e na altura à espera de uma equivalência a primeiro-ministro, Miguel Relvas afirmou que Portugal e Angola mantinham uma “parceria intensa” alicerçada em “números expressivos” que favorecem interesses mútuos face “às incertezas a nível internacional”.

Miguel Relvas falava num jantar organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA) e realizado por ocasião da 29ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA), onde o pavilhão português, com 87 empresas, foi o que ocupou maior área entre os países estrangeiros presentes no certame.

Segundo Miguel Relvas, Portugal pretendia reforçar a sua parceria estratégica com Angola, canalizando investimento, fomentando emprego qualificado, apoiando as empresas angolanas e fornecendo formação profissional. Falou, obviamente de cátedra… por equivalência.

“A cooperação entre nós é hoje mais robusta e mais profunda. Só nos primeiros quatro meses de 2012 o montante das exportações portuguesas para Angola aumentou 29 por cento, em termos homólogos, enquanto as importações registaram um acréscimo de 176 por cento”, destacou Miguel Relvas.

Nesse sentido, disse, Portugal tem reforçado a sua posição como principal país fornecedor de Angola e é o sétimo destino das exportações angolanas. Na altura estava o reino lusófono do sul da Europa nas mãos do “querido líder” José Eduardo dos Santos.

“Na última década, Portugal foi o país que mais projectos desenvolveu em Angola”, frisou Miguel Relvas, destacando ainda a crescente importância do investimento nas relações bilaterais. Por outras palavras, a importância que o regime angolano dava ao seu protectorado.

“Em 2011, Angola ocupou o quarto lugar no investimento português no estrangeiro – em domínios tão diversos como a construção, o comércio e as actividades financeiras – e é já o décimo maior investidor externo em Portugal”, elucidou Miguel Relvas com aquele ar angelical – que ainda hoje o caracteriza – de quem sabe que deve subserviência e bajulação ao dono de Angola, seja ele qual for… desde que seja do MPLA.

“Atrair o investimento estrangeiro é precisamente uma das prioridades portuguesas do momento. Outros desígnios imediatos são o aumento das exportações, que têm vindo a registar um acréscimo acentuado e consistente, e a criação de emprego. A economia, tal como a concebemos, não pode prescindir desse valor insubstituível que é o trabalho”, acrescentou Miguel Relvas num misto de orgasmo lusófono, conhecimento balofo e servilismo complexado que todos os sipaios têm.

Para enfrentar a crise e recolocar Portugal “na rota do crescimento económico”, importa, defendeu, “pôr as contas em ordem e gastar menos do que gastávamos”.

Folha 8 com Lusa

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