Brinde aos Sukhoi que vão combater a… seca e a fome!

A Rússia já completou a entrega de todos os aviões de combate SU-30K a Angola (certamente adaptados para combater a seca, o desemprego e a fome), disse o director do Serviço Federal para a Cooperação Militar-Técnica da Rússia, Smitry Shugaev à margem da cimeira Rússia/África em Sochi.

“C ompletámos a entrega dos nossos SU-30K jactos de combates a Angola”, disse Shugaev sem dar outros pormenores. O contrato foi mencionado pela primeira vez em 2013 e, segundo notícias então publicadas, envolvia 12 ou 18 aviões mas nunca foram dados pormenores concretos do contrato. Segundo a agência Sputnik o contrato envolveu no entanto apenas oito aviões.

A agência disse que o ministro da Defesa angolano, Salviano de Jesus Sequeira, declarou em Abril que Angola tinha então já recebido seis dos oito SU-30K que tinha comprado.

De acordo com notícias anteriores divulgadas pela Aviation International News os aviões comprados pertenciam à Força Aérea indiana e têm estado a ser remodelados na Bielorrússia.

Os aviões em causa foram comprados pela Índia entre 1997 e 1999 e estiveram em uso até meados de 2011 quando a Índia decidiu comprar novos aviões ao fabricante dos Sukhois.

O diário russo Vedomosti escreveu em 2013 que Angola assinara com o monopólio estatal russo Rosoboronexport um contrato de mil milhões de dólares, que incluía o fornecimento de equipamento militar, a construção de uma fábrica de munições em Angola e assistência pós-venda.

O desenvolvimento de uma parceria estratégica no domínio militar, entre Angola e a Bielorrússia, foi analisada em Luanda no dia 8 de Agosto de 2018 por delegações dos dois países.

Angola fez-se representar pelo secretário de Estado para os Recursos Materiais e Infra-Estruturas, tenente-general Afonso Carlos Neto, e a Bielorrússia por uma delegação chefiada pelo Presidente do Comité Estatal militar-industrial, major-general Oleg Dvigalev.

De acordo com o chefe da missão bielorrussa, foram abordadas questões como a criação de linhas de montagem, reparação e manutenção de materiais militares e do sistema de defesa anti-aérea.

O major-general Oleg Dvigalev admitiu a possibilidade de reaproveitamento do material de origem russa pelo potencial que ainda apresenta, levando em conta os esforços de modernização da Forças Armadas Angolanas (FAA).

Em Março de 2017, o Presidente da República, João Lourenço, ainda na qualidade de ministro da Defesa Nacional, debateu com uma delegação da Bielorrússia a possibilidade de assinatura de acordo inter-governamental na área técnico-militar.

Na altura, admitia-se a possibilidade de o acordo se estender a projectos civis, nomeadamente a produção de tractores e viaturas e consolidar as relações de cooperação existentes nos domínios da agricultura e da indústria.

O país do Leste europeu é uma referência mundial na produção de equipamentos pesados, queijo e óleo alimentar…

Financiamentos garantidos, ou quase

Recorde-se que, em Novembro de 2017, vários projectos de investimento, acima de 10 milhões de dólares (8,5 milhões de euros) foram recebidos pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), para acesso à linha de crédito disponibilizada pelo Banco de Desenvolvimento da Bielorrússia.

A informação foi então avançada, em Luanda, pelo presidente do Conselho de Administração do BDA, Abraão Gourgel, no final do encontro, do qual fez parte, além do então ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, e do ministro da Indústria da Bielorrússia, Vitaly Vovk.

O BDA e o Banco de Desenvolvimento da Bielorrússia têm um acordo de cooperação, assinado em Junho dedo ano passado, que visa o financiamento de projectos privados no sector produtivo, que se encontrava numa fase de operacionalização, antes de se dar início ao processo de financiamento.

Abraão Gourgel referiu que os investidores angolanos deviam reunir as condições exigidas pela linha de crédito, em termos de idoneidade, capacidade técnica e de gestão, para serem aprovados pelo Banco de Desenvolvimento da Bielorrússia.

“No fundo tem que passar por uma análise de risco, que é feita pelo BDA, enquanto gestor em nome do Banco de Desenvolvimento da Bielorrússia”, explicou Abraão Gourgel, citado na altura pelo Jornal de Angola.

Segundo o administrador, serão priorizados os projectos que promovam a exportação de produtos ou que resultem na substituição de importações, nomeadamente na agricultura, indústria e geologia e minas.

Aquele dirigente salientou ainda que o governante bielorrusso manifestou interesse em cooperar em áreas como o petróleo, através da refinação de óleo bruto, geologia e minas e agricultura.

Por sua vez, Vitaly Vovk frisou que o montante da linha de crédito dependia dos projectos apresentados, salientando que a Bielorrússia está focada, não só, num processo de compra e venda, como de montagem de fábricas, nomeadamente a de tractores, bem como na formação de quadros.

O governante bielorrusso disse que o encontro marcou o início de uma cooperação mais profunda com as autoridades angolanas, garantindo certeza de que “este será o primeiro de muitos encontros”.

E então os SU-30K…

Em Outubro de 2013 foi anunciado que Angola tinha comprado 18 aparelhos SU-30K de fabrico russo que tinham estado ao serviço da Força Aérea da Índia.

São aviões de guerra fabricados do final da década de noventa, tendo sido entregues pelos russos à Força Aérea da Índia entre 1998 e 1999, sabe Deus em que estado, e foram retirados de serviço em 2006, por opção estratégica das forças armadas indianas. Quer dizer, essas aeronaves tinham atingido o seu nível terminal de caducidade.

Quatro anos mais tarde, em 2011, os SU-30K regressaram a Baranovichi, na Bielorrússia, onde ficaram em instalações fabris da Irkut Corporation para serem modificadas e modernizados com sistemas modernos de navegação e armamento bastante evoluído em termos tecnológicos.

A compra pelo Estado angolano foi concluída através da empresa exportadora nacional russa Rosoboron-export, a qual assegurou que enviaria numa primeira fase 12 caças e mais tarde os seis restantes, só que, em Fevereiro de 2014, a Irkut Corportation, fabricante dos Sukhoi, esclareceu que nesse negócio estavam apenas incluídos 12 caças Sukhoi SU-30K…. E os outros seis, então? Precisavam de tratamento especial que a sua velhice exigia ou teriam voado sem avisar!? Para onde?

Claro que não se sabe ao certo, mas, segundo fontes estatais a primeira remessa desses caças chegaria a Luanda no final de 2015. Se não caíssem pelo caminho.

Quanto ao preço dessa fornada de sucata, segundo a mesma fonte, o governo de Luanda concordou pagar, a 16 de Outubro de 2013, a módica quantia de 1 bilião de dólares pelas 18 aeronaves, o que nos impõe realçar o propósito do governo do então presidente Eduardo dos Santos de priorizar a defesa nacional – embora só Deus saiba quem é o nosso actual inimigo -, em detrimento de necessidades básicas, postas de lado neste caso, o que contribuiu para relegar Angola para os mais baixos índices de desenvolvimento humano do mundo, para os mais baixos patamares de facilidade de negócios, para o underground fétido dos índices da mortalidade infantil e para os píncaros da corrupção activa e passiva da elite.

Legenda. Março de 2017, o ministro da Defesa, João Lourenço, recebe em audiência presidente do Comité Industrial de Estado da Bielorrússia, Sergei Gurulev.

Folha 8 com VoA

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