À procura de um milagre…

O Presidente da República, João Lourenço, afirmou nesta segunda-feira, em Luanda, que o Executivo está preocupado com o aumento do custo de vida, resultante da subida dos preços dos produtos, estando a trabalhar no sentido de melhorar a situação. Depois seguiu para o Vaticano, quem sabe para ver se consegue o milagre de transformar a demagogia em pão, a incompetência em fuba e as promessas em realidades.

João Lourenço falava à imprensa após depositar uma coroa de flores na estátua do fundador da Nação, herói do MPLA e o maior genocida de Angola, António Agostinho Neto, no Largo da Independência, no quadro dos 44 anos da (suposta) Independência Nacional, que hoje se assinala.

Em breves declarações à imprensa, João Lourenço disse que o Executivo tem comunicado as medidas em curso, no sentido de evitar a especulação feita por alguns comerciantes, escudando-se na entrada em vigor do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA).

Desde a entrada em vigor do IVA, vários produtos incluindo os da cesta básica, isentos da cobrança deste imposto, têm registado um aumento acentuado de preços.

Indagado sobre a perda de mandato da deputada Welwitschia dos Santos, lembrou que se trata de um acto que não resulta de Despacho Presidencial, mas sim das regras de funcionamento da Assembleia Nacional, um órgão independente (disse independente?) em respeito ao princípio da separação de poderes.

“Portanto, é a medida que a Assembleia Nacional tomou e da sua exclusiva responsabilidade. Eventualmente, terá tido as suas razões”, aclarou.

Sobre a visita que efectua a partir de hoje ao Estado do Vaticano, na Itália, o Chefe de Estado angolano disse tratar-se “de uma actividade de Estado que terá como ponto mais alto um encontro com o Papa Francisco (na qualidade de também Chefe de Estado) e, de forma nenhuma, põe em causa a laicidade do Estado angolano”.

No Largo da Independência, depositaram igualmente coroas de flores o vice-presidente da República, Bornito de Sousa, membros dos órgãos soberania do MPLA (legislativo, judicial e executivo), de defesa e segurança, do corpo diplomático e organismos internacionais acreditados no país, do governo provincial de Luanda e convidados.

Os neonazis alemães também queriam homenagear Agostinho Neto como lídimo seguidor do seu patrono, Adolfo Hitler. Não chegaram a tempo porque as homenagens a Idi Amin Dada demoraram mais do que o que estava previsto…

Segundo o embaixador de Angola nos EUA, Joaquim do Espírito Santo, as medidas do Executivo no domínio do combate às “práticas erradas e condenáveis” começam a mudar no sentido positivo a percepção do mundo sobre Angola. E tem toda a razão. Aliás, muito provavelmente no próximo ano, Donald Trump deslocar-se-á a Luanda para homenagear Agostinho Neto, aproveitando a oportunidade para convidar João Lourenço para presidir à inauguração de uma estátua de Agostinho Neto no Estado da Louisiana, junto à penitenciária local, Também conhecida como Angola, Alcatraz do Sul e A Fazenda .

Numa mensagem dirigida à comunidade angolana nos EUA, por ocasião do 44º aniversário da Independência Nacional, o diplomata reconhece que só com uma efectiva alteração do paradigma de governação do país “poderemos ter uma Angola diferente no futuro”.

Citando (como não poderia deixar de ser) o Presidente da República, João Lourenço, no seu discurso sobre o estado da nação, o embaixador sublinha que o foco do Executivo continua a ser a boa governação, a defesa do rigor e da transparência em todos os actos públicos, a luta contra a corrupção e a impunidade, a reanimação e diversificação da economia, entre outras medidas, para garantir o desenvolvimento sustentável do país.

Ainda referindo-se ao discurso presidencial, o diplomata salienta que outras prioridades do Governo são os sectores da Educação e da Saúde, realçando que “se prevê para 2020 taxas positivas e a retoma do crescimento económico do país, graças ao aumento da taxa de crescimento do sector não-petrolífero, não obstante a redução da produção petrolífera”.

O embaixador Espírito Santo reconhece que apesar dos “inúmeros ganhos obtidos pelos angolanos nestes 44 anos”, com realce para o fim do conflito armado, muito ainda tem de ser feito para o desenvolvimento multifacetado do pais. Esta alusão ao que falta fazer (em português quer dizer quase tudo) pode sair cara ao embaixador. É que há coisas que só Presidente pode dizer. Como aquela, recorde-se, de que em Angola não há fome.

Espírito Santo reitera o apelo à união de todos os angolanos nos EUA, independente das suas diferenças, dando o seu contributo para o desenvolvimento de Angola através dos conhecimentos adquiridos, ou de iniciativas de atracção de investimentos ou ainda por via de parcerias com empresas locais.

“A economia dos Estados Unidos da América é incontestavelmente uma das mais influentes a nível mundial (…), cujas capacidades técnicas podem ajudar-nos a responder aos desafios que temos pela frente, principalmente porque o nível de investimento americano no nosso país está aquém das suas potencialidades”, lê-se na missiva.

O chefe da Missão Diplomática do MPLA nos EUA lembra que aquando da sua acreditação, em Setembro deste ano, assumiu o compromisso de tudo fazer para resolver ou minorar paulatinamente os problemas que mais afligem a comunidade angolana naquele país, na base do diálogo inclusivo e da parceria construtiva.

Enaltece que as qualidades de uma comunidade disciplinada, trabalhadora, dinâmica e bem organizada têm facilitado o trabalho de proximidade da Embaixada e a resolução de algumas das preocupações, apesar de haver ainda um longo caminho a percorrer para a plena satisfação das necessidades dos angolanos nos EUA.

“Atento às vossas inquietações relativas ao direito de voto no exterior, o Executivo angolano continua a trabalhar afincadamente para que no futuro os angolanos da diáspora exerçam o seu direito constitucional tão logo estejam criadas todas as condições técnicas e logísticas”, afiança o embaixador Espírito Santo.

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