Rapidamente e em… força
como nos “velhos” tempos

Duzentas empresas, dos 500 expositores previstos, inscreveram-se já na maior bolsa de negócios de Angola, a Feira Internacional de Luanda (FILDA/2018), a ter lugar na Zona Económica Especial (ZEE), em Viana, numa área com 18 mil metros quadrados. Embora o tempo não seja muito, Portugal deve reforçar a sua presença.

Ao falar hoje em conferência de imprensa, organizada pelo Ministério da Economia e Planeamento em parceria com o grupo Arena, o Presidente do Conselho de Administração do grupo Arena, Bruno Albernaz, assegurou que 13 países já demonstraram interesse em participarem na maior montra de exposição, que decorrerá de 10 a 14 do Julho.

Este ano, a feira será realizada no novo Parque de Exposição de Luanda na Zona Económica Especial Luanda – Bengo.

A exposição pretende promover e desenvolver o potencial económico e industrial do país, atrair investimentos capazes de fomentar o desenvolvimento sustentado, reunir agentes económicos e a valorização do tecido empresarial angolano.

Agora, anunciada que está a lua-de-mel entre Portugal e o MPLA/Estado, Lisboa deve reeditar a velha máxima salazarista de “para Angola rapidamente e em força”, admitindo-se que as “caravelas” lusas tragam à FILDA uma importante comitiva de empresas.

No 1º trimestre de 2018, as exportações portuguesas de mercadorias para Angola registaram um valor aproximado de 348,7 milhões de euros, o que corresponde a uma quebra de cerca de 22,4% relativamente a igual período de 2017, quando este indicador atingiu 449,1 milhões. O peso das exportações para Angola no total das exportações portuguesas extracomunitárias caiu, assim, de 12,7%, em 2017, para 10,6%, em 2018.

A estrutura dos principais grupos de mercadorias exportados para o mercado angolano mantém-se inalterada: no topo, as máquinas e aparelhos (82,2 milhões de euros), seguidas dos produtos agrícolas (64,3 milhões) e dos produtos químicos (37,586 milhões), embora estes últimos registem, face aos produtos agrícolas, apenas mais 104 mil euros (37,483 milhões). Os três principais grupos de produtos de mercadorias importados por Angola com origem em Portugal representam 52,8% do total das exportações portuguesas para o mercado angolano.

Já as importações portuguesas de bens com origem em Angola sofreram um aumento de quase 100% (99,93%) entre Janeiro e Março de 2018 em comparação com o período homólogo do ano anterior: passaram de 62,5 milhões de euros, em 2017, para 124,9 milhões, em 2018. A representatividade das importações oriundas de Angola no total das importações portuguesas extracomunitárias passou de 1,6%, em 2017, para 3%, em 2018.

Não obstante a maior parte das exportações angolanas para Portugal continue a assentar no petróleo (94,8% do total), este tem vindo a diminuir a sua importância nas exportações angolanas destinadas a Portugal (97,2%, em 2016, e 88,9%, no 3º trimestre de 2017), em contraciclo com as máquinas e aparelhos (2,222 milhões de euros), os produtos agrícolas (2,146 milhões, ou seja, apenas menos 76 mil euros do que as máquinas e aparelhos) e os produtos alimentares (658 mil), que têm vindo a aumentar o seu peso. Os principais grupos de produtos importados por Portugal com origem em Angola representam 98,3% do total das compras do primeiro à segunda.

No período em análise, e pese embora não haja dados quanto à posição de Portugal como fornecedor de mercadorias a Angola (foi o 2º maior fornecedor, em 2017), Angola manteve-se como segundo maior destino das exportações portuguesas extracomunitárias (a seguir aos EUA) mas baixou para 9º maior destino das exportações portuguesas totais.

Não deixando, como seu hábito, os créditos por eventos alheios, a Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA) irá aproveitar a FILDA para, complementarmente, reunir empresários e gestores dos dois países.

O 2.º encontro Angola-Portugal terá como mote “relações com passado e futuro”, e ocorrerá na sequência do armistício entre Luanda e Lisboa após a capitulação judicial de Portugal que, por imposição negocial do MPLA/Estado, aceitou que o processo de Manuel Vicente (Operação Fizz) fosse remetido para o arquivo morto do regime.

Agora sim, com a vitória em toda alinha de João Lourenço, que deu continuidade à estratégia “bélica” iniciada por José Eduardo dos Santos, Portugal conseguiu a carta de alforria e poderá (enquanto se portar bem…) voltar a Angola com armas e bagagens.

Foto: Arquivo

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