Em Dezembro de 2017, o Presidente João Lourenço disse que o país ainda está a viver os efeitos da crise, que só não foram mais graves “porque em tempo oportuno foram tomadas medidas pertinentes para reduzir o seu impacto”. Nessa altura José Eduardo dos Santos não diria melhor. Em Dezembro de 2018 o recado, ou mensagem, é o mesmo.
Na sua mensagem de Ano Novo (para 2018), João Lourenço disse que seria necessário dar “com alguma coragem e determinação novos passos em frente, vencendo os constrangimentos ainda existentes e encarando com realismo novos desafios”, para a efectiva diversificação da economia angolana. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
Angola vive uma crise económica e financeira desde finais de 2014, com a baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional, tendo supostamente apostado para sair dela na diversificação da sua economia ainda muito dependente das receitas do crude.
“A crise só não foi mais grave, porque em tempo oportuno foram tomadas medidas pertinentes para reduzir o seu impacto, numa demonstração de que, fazendo-se uma leitura correcta da realidade e assumindo colectivamente os sacrifícios necessários, todos os obstáculos são superáveis”, referiu João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
O chefe de Estado disse que um trabalho decisivo tem sido feito para a criação de um ambiente adequado ao aumento da produção interna de bens e de serviços, apostando-se no investimento privado nacional e estrangeiro. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
Os resultados deste trabalho, segundo João Lourenço, reflecte-se já (Dezembro de 2017) no interesse manifestado por empresários interessados em investir em Angola, em quase todos os ramos da economia angolana. Continuamos na mesma onda. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
“Pelos sinais que recebemos ultimamente, já é visível a mudança da imagem de Angola perante o mundo, sobretudo perante os fazedores de opinião, os media internacionais, os homens de negócios ávidos em investir no nosso país, em praticamente todos os ramos da nossa economia”, salientou então João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
O trabalho vai continuar nessa senda, garantiu João Lourenço, “para não deixar morrer esta esperança que se abre”, e permitir que “todos os caminhos venham dar a Angola”. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
“Isso é bom, porque se abrem perspectivas reais de diversificação da nossa economia, de aumento dos produtos de exportação, de aumento da oferta de emprego para os nacionais e para a juventude em particular”, acrescentou João Lourenço. Como se trata de mais do mesmo… José Eduardo dos Santos não diria melhor.
O Presidente disse também que são necessários “passos decisivos para moralizar” a sociedade angolana, com o exemplo das autoridades, “valorizando os bons comportamentos, atitudes e práticas”. Que dizer? Apenas que José Eduardo dos Santos não diria melhor.
Na mensagem de ano novo, João Lourenço disse esperar que 2018 fosse “um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral”. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
O chefe de Estado angolano disse que, nos primeiros três meses enquanto chefe de Estado, procurou transmitir aos angolanos com “palavras e actos” um sinal claro do rumo que pretendia seguir, sem romper com o passado, mas procurando “despir-se de tudo aquilo que não é bom para a sociedade, para o país”. Pensemos na Lei da Probidade e chegaremos à conclusão de que José Eduardo dos Santos não diria melhor.
Segundo João Lourenço, a resposta que tem recebido do povo “parece demonstrar que a grande expectativa criada à volta deste executivo, continua a alimentar a esperança há muito esperada, do surgimento de uma verdadeira renovação de mentalidades e de comportamentos no seio da sociedade”. O mesmo disse, diversas vezes ao longo dos seus 38 anos de consulado, o anterior presidente. José Eduardo dos Santos não diria melhor hoje, se lá estivesse.
E para a moralização da sociedade, João Lourenço defendeu o combate à “violação das leis existentes”, que “tantos males causam à comunidade e ao bem comum”. Como estamos em época de festas, mesmo continuando Angola a ser um dos países mais corruptos do mundo e o que tem um dos maiores índices de mortalidade infantil, os angolanos até fingem que não percebem o atestado de matumbez que João Lourenço lhes está a passar. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
“Não podemos esperar que haja mudanças se continuarmos a trilhar os mesmos caminhos e não formos nós os primeiros a mudar o nosso comportamento e as nossas próprias vidas”, disse João Lourenço. Também aqui José Eduardo dos Santos não diria melhor.
O Presidente manifestou a sua disponibilidade para manter uma atitude de abertura e de diálogo com toda a sociedade, em relação aos problemas da nação, bem como para prevenir e combater quaisquer condutas que impeçam os cidadãos de usufruírem dos direitos que a Constituição lhes confere. Nada a fazer. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
“O nosso combate pela legalidade e pelo fim da impunidade de quem a desrespeitar será um combate de todas as horas”, prometeu João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
João Lourenço expressou o seu sério empenho, para que 2018 fosse próspero e melhor para os angolanos, deixando de ser “uma ilusão” e tornando-se “numa realidade”. Boa! Neste caso… José Eduardo dos Santos não diria melhor.
“Estamos optimistas que 2018 será um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral”, referiu João Lourenço. José Eduardo dos Santos não diria melhor.
O Presidente apontou ainda mudanças ao nível da governação, salientando que a proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018 já previa acções viradas para a reforma e modernização do Estado, para o reforço da cidadania e para a instauração de uma sociedade cada vez mais participativa.
Segundo o chefe de Estado, o OGE dedicaria uma parte considerável dos recursos disponíveis à expansão do capital humano, à redução das desigualdades, à criação de emprego qualificado e bem remunerado, à redução das assimetrias regionais e à diversificação da economia.
“Continuaremos a zelar pela estrita aplicação do que vem consagrado na nossa Constituição, a que devo a máxima obediência”, frisou.
Se João Lourenço fizesse um esforço maior, ou exigisse que os seus assessores trabalhassem alguma coisa, evitaria dizer o que foi dito várias vezes por José Eduardo dos Santos. Mas, parafraseando um velho e jocoso ditado português, para quem é, farelo basta.