(…) Extremos, demagogia e perturbações de carácter

De acordo com as mais modernas posições o conceito de “Etnia” faz mais sentido por factores culturais, religiosos, linguísticos e outros do que por subtilezas genéticas porque, tirando Judeus, Ciganos, Muçulmanos Radicais a tendência será a miscigenação e globalização pois já não há comunidades isoladas que ao longo dos anos foram desenvolvendo características físicas específicas quer por consanguinidade quer por mutações genéticas que foram úteis no meio em que viviam… mas que actualmente já não são.

Por Brandão de Pinho

Nesse aspecto, a Mãe natureza é implacável: Não serve, descarta-se; e; Quanto maior a Diversidade Genética maiores são as hipóteses de adaptação ao Meio sempre em mudança, a cada instante valendo agora o Tempo ou a Era dos Homens e não as Eras Geológicas e Climáticas.

No caso da maior parte das famílias Lusas, por exemplo, há influencias Neandertais, Celtiberas, Celtas, Fenícias e Cartaginesas, Gregas, Romanas, Árabes, ou mais correctamente Islâmicas de todas as matizes desde Semitas, Norte-africanas, Beduínas e clãs Bantos do reino do Mali e Mauritânia, Visigóticas e outras Germânicas e Bárbaras, Francas, Hebraicas (Portugal foi obrigado a expulsar muitos Judeus por ordem da Igreja mas uma grande parte converteu-se e os Reis fecharam os olhos até porque eles eram os homens do dinheiro e do saber e Portugal precisava deles para os descobrimentos) e mais influências com certeza.

Ou seja um angolano católico amante de bacalhau e com uma certa tendência para preguiça e pelo sistema de cunhas ou gasosa (corrupção, para todos os efeitos) por exemplo, é etnicamente mais próximo de um português do que um espanhol excepto, talvez, se for galego.

A desculpa esfarrapada de que: “ Sou preto, sou um coitadinho” só comprova a mediocridade de quem a aceita pois se efectivamente se comprovar que houve racismo, pelo menos em Portugal configura delito muito grave e grave também é esse assunto para ser banalizado. E isto a propósito do caso recente na Ilha de Luanda e que fez correr tinta sendo por ventura um problema mais de tinto e de tino do que tez.

A esse propósito, aproveito para introduzir uma nótula de humor e ao mesmo tempo as minhas conclusões para a experiência sociológica que fiz algumas vezes. Quando era mais novo e não conseguia resolver um assunto e tinha de usar o telefone, se dissesse que era por ser preto que me obstavam a resolução do problema, os interlocutores ficavam tão atrapalhados que eram, digamos, muito mais diligentes para não caírem no rótulo de serem acusados de racistas. O mesmo se passava quando vociferava que havia discriminação por ser do interior norte de Portugal.

Como é sabido, a Europa está a ser contaminada pelo vírus da Extrema-Direita, fenómeno que é, de acordo com os politólogos, impossível de acontecer em Portugal dadas as características dos portugueses, mas mais dia, menos dia o PNR (Partido Nacional Renovados) – que se trata do partido mais à direita do espectro político de Portugal – elegerá deputados, sobretudo para o Parlamento Europeu onde teoricamente seria mais difícil do que eleger um deputado nacional pelos círculos distritais. E se a própria Suécia já enveredou pelos atalhos fáceis da demagogia anti-imigração, a tendência será haver uma epidemia generalizada provocando um tsunami que pode muito bem atingir Angola.

Todavia, com todos os seus defeitos dos alucinados do PNR, pelo menos são os únicos que condenam o MPLA, com excepção dos tresloucados do Bloco de Esquerda, provando-se mais uma vez que os extremos se tocam, mas também, e neste caso são a única organização política do meu conhecimento, apoiam a justa causa de Cabinda e dos cabindas com os quais têm relações institucionais e são mais ou menos a favor da recepção de estrangeiros lusófonos qualquer que seja a cor, desde que não sejam muçulmanos, homossexuais, dependentes de drogas e álcool e que respeitem a Lei. Por outro lado, são contra a concessão a troco de dinheiro de cidadania portuguesa através dos famosos Vistos Gold.

Ainda tentei perceber a posição de Pinto-Coelho sobre a concessão de cidadania portuguesa aos descendentes de judeus sefarditas expulsos mas ora pareciam ser a favor ora contra.

Ainda bem. Significa que deve haver várias correntes no seu seio. Será que no MPLA também há correntes ou os camaradas vivem acorrentados a uma ideologia de sentido estalinista no que concerne às suas próprias ideias e pensamentos?

A Extrema-Direita e os movimentos nacionalistas que tanto existem na Europa como em África, tanto mais fortes se tornarão quanto menos igualdade de oportunidades tiverem de fazerem passar os seus ideais através da Comunicação Social que, pura e simplesmente, os segrega e tapa a cabeça como uma avestruz pois a regra implícita é: em temas tabu não se mexe pois é politicamente incorrecto, mas agora o efeito Trump espalha-se pelo mundo inteiro, veja-se o caso Bolsonaro, pelo que a diplomacia angolana deve começar já estudar cenários globais diferentes do status quo vigente.

Quando o Parlamento Europeu depender dessa Extrema-Direita, como muitos dos seus membros são ignorantes, falhados na vida, recalcados e oportunistas, Angola só não sairá prejudicada com uma CPLP forte e com relações sólidas com Portugal, mas nessa altura terá de ser um país que se reja pelo primado da Lei e pela independência das Instituições.

A justiça terá de funcionar e ser célere. A Comunicação Social, sobretudo estatal, terá de ser independente. Terá de haver condições para os estrangeiros investirem sem receio de que depois percam tudo por fragilidades do sistema judicial, político e cultural enraizado por culpa do MPLA, e serão necessários quadros qualificados para ensinar os angolanos – apesar dos números de alunos a frequentar universidades nacionais serem promissores – pois a Economia só será pujante com técnicos, operários especializados, quadros médios treinados e não com Doutores e Engenheiros apenas.

A catástrofe da descolonização apressada, a guerra civil, a fuga em debandada de portugueses cobardes e o regime de ditadura destruíram todo o tecido social, económico, técnico, administrativo, e por aí adiante. Toda uma franja de especialistas administrativos, agricultores, empresários e todos os profissionais essenciais para a solidez do tecido económico e social de um país desapareceu e como comprova a História bastando para isso analisar as Estatísticas Económicas para concluir que os cubanos e soviéticos não tinham o vínculo patriótico que os retornados tinham para assegurar uma transição minimamente plausível.

Angola perdeu décadas no comboio do desenvolvimento e foi colonizada por parasitas, alguns de nacionalidade angolana, o maior deles até de ascendência são-tomense com formatação eslava.

Portanto, a relação de Angola com Portugal e com a grande potência lusófona que é o Brasil tem que ser umbilical para que os interesses da Pátria e dos Angolanos sejam assegurados pois muitos países europeus, sobretudo de leste têm a tentação de meter tudo no mesmo saco. E falo por experiência própria pois já fui alvo de racismo por parte de russos, polacos e alemães e não gostei nada, o que me obrigou a demonstrar alguma arrogância para provar a minha superioridade intelectual e assegurar a protecção física de quem me acompanhava em discussões estéreis com pessoas tão ignóbeis, ignaras e ignorantes, que ao fim sentia-me como se estivesse a discutir com um bêbado ou com um insano demente.

Somos nós, nesta altura, que precisamos deles e não eles de nós, apesar de haver tanta riqueza em Angola que será sempre uma tentação para um estrangeiro emigrar e investir mas como é natural qualquer forasteiro nem deve ser tratado com demasiada subserviência e complacência nem discriminado e coagido ao ponto de não querer ficar.

Virtus in medium est que é como quem diz nem tanto ao mar, nem tanto à terra, ou ainda nem oito, nem oitenta ou, como se dizia na minha terra natal, nem oito nem oitenta e oito numa flagrante corruptela ao adágio estabelecido.

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