O Presidente de Angola, João Lourenço, anunciou a criação de uma comissão, mais uma, multissectorial para o acompanhamento e implementação da Política Nacional do Livro e da Leitura, que será coordenada pela ministra da Cultura, Carolina Cerqueira.
Segundo uma nota de imprensa da Casa Civil do Presidente da República, a comissão visa, entre outras metas, elaborar e submeter propostas de actos normativos e administrativos de competências do Titular do Poder Executivo, propor e implementar o Plano Nacional de Leitura com o envolvimento dos departamentos ministeriais competentes, assim como apoiar iniciativas que visam conferir ao livro infantil prioridade na política livreira, desde o processo de criação ao de distribuição.
Por outro lado, vai também avaliar e propor medidas que visam o crescimento da indústria livreira, estimular o uso da capacidade gráfica nacional disponível e a concorrência.
Além do Ministério da Cultura, a comissão integra também os departamentos governamentais da Indústria, Comércio, Turismo, Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Comunicação Social, Educação, Acção Social, Família e Promoção da Mulher.
Os secretários do Presidente da República para os Assuntos Sociais, de Comunicação Institucional e de Imprensa, bem como o director do Gabinete de Quadros também fazem parte da comissão.
A comissão integra ainda os directores-gerais da Biblioteca Nacional de Angola e do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas, representantes da União dos Escritores Angolanos (UEA), da Academia Angolana de Letras (AAL), das entidades de gestão colectiva, das associações de editores, livreiros, distribuidores de livros, produtos livreiros e afins, das instituições de ensino médio e superior no domínio das letras, ciências sociais e artes, das associações religiosas e responsáveis das autoridades tradicionais.
A comissão é apoiada por um grupo técnico, integrado pelos representantes dos departamentos ministeriais e tem um mandato de cinco anos, contados a partir da sua entrada em vigor.
Sexta-feira, e ainda antes do anúncio, a ministra da Educação defendeu que uma implementação de uma política do livro poderá revolucionar os aspectos fundamentais relacionados com a melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem em Angola.
A governante espera que, através de um espírito de diálogo e cooperação, se possa enriquecer o conteúdo da política do livro escolar, permitindo que a sua vigência sirva para o aumento dos níveis de literacia dos alunos e, consequentemente, na valorização do capital humano nacional.
Para a Ministra da Educação, Maria Cândida Teixeira, os livros escolares desempenham um papel “preponderante”, pois contêm conteúdos científicos relevantes, previamente seleccionados em conformidade com a sua política curricular.
“São os recursos didácticos que propiciam as condições de aprendizagem dos alunos e facilitam essas condições e facilitam também o trabalho docente”, sustentou.
Por falar em livros
E studantes da Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Angola manifestaram-se no dia 13 de Agosto preocupados com a falta de infra-estruturas adequadas para o curso e a inexistência de estágios internos, recebendo (sem nada pagar em troca, recorde-se) garantias do Governo de que vai tomar “medidas práticas”.
A ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Sambo, considerou “legítimas” as preocupações dos estudantes, tendo apontado “medidas práticas” para inverter a situação.
“As medidas práticas para inverter esta situação são precisamente aquelas que têm a ver com a criação de maiores oportunidades de estágios, como locais privilegiados para que a formação desses estudantes não seja meramente teórica”, adiantou.
“Todas as unidades que existem e que estão ligadas ao turismo no seu todo, e desde que a Universidade Agostinho Neto (UAN) apresente propostas, no quadro da sua autonomia, devem criar condições para que a formação dos estudantes possa ser melhorada”, assegurou.
Para responder às preocupações dos estudantes, a reitora em exercício da UAN, Antonieta Baptista, prometeu apoiar os alunos com 15 livros sobre gestão de turismo, bem como instalar naquele estabelecimento uma biblioteca virtual. Quinze livros. A UAN não se poupa a esforços. É algo nunca visto… É que não são dois ou três, são um montão deles: 15!
É claro que há livros e livros, há leitores e leitores. Livros são os escritos por Agostinho Neto ou José Eduardo dos Santos. Leitores a sério são todos aqueles que lêem estes autores e nada mais do que isso. Leitores menores são os que, por exemplo, gostam de ler Gene Sharp.
E depois ainda nos admiramos de Angola ter tantos analfabetos funcionais. Ou seja, até têm diplomas de cursos superiores, sabem ler e escrever, mas não lêem nem escrevem. E, é claro, acabam por ser dirigentes partidários, deputados, governadores, generais e até membros do Governo.
Folha 8 com Lusa