“Sou um angolano que escreve em português”

Angola. “Sou um angolano que escreve em português”. Assim se definiu José Eduardo Agualusa na sua visita aos Estados Unidos da América, na Nova Inglaterra, onde veio apresentar a tradução do seu livro Teoria Geral do Esquecimento (A General Theory of Oblivion).

Por Folha 8 nos EUA

José Eduardo Agualusa esteve na Boston University e na University of Massassusetts, em Lowell, nos passados dias 12 e 13 de Abril.

O Folha 8 acompanhou José Eduardo Agualusa na visita à UMass Lowell, uma universidade com cerca de dezassete mil estudantes, onde mais de meia centena frequentam os estudos de língua portuguesa. O escritor leu excertos da obra, ao que se seguiu um período de perguntas e conversas sobre a literatura em Angola e sobre a situação política e social no país.

“Estamos a perder a nossa identidade em Angola, país onde as línguas nativas estão a ser menosprezadas pelo poder e onde o Presidente apenas sabe falar português”, afirmou o autor de “Teoria Geral do Esquecimento”.

Agualusa acrescentou também que “as crianças estão a perder os nomes africanos das coisas e das tradições. Angola, contrariamente aos Estados Unidos da América, é um país onde o mau se sobrepõe ao belo. O país tem muitas pessoas bem formadas, de elevado valor, mas essas pessoas não são chamadas para desempenharem cargos políticos”, confidenciou ao Folha 8 o escritor.

José Eduardo Agualusa diz necessitar da poesia como mola propulsora para escrever prosa. Todavia, a prosa poética está muito presente, com uma qualidade superior, neste seu último livro.

“Teoria Geral do Esquecimento” é uma publicação em que as crenças e tradições da cultura angolana, de ontem e de hoje, se revelam intemporais.

Na sua visita a Massachusetts, José Eduardo Agualusa contactou principalmente com académicos, em universidades de prestígio mundial. O autor diz que irá tentar perceber melhor o tipo dos seus leitores americanos nos contactos que irá estabelecer na apresentação do livro em New York.

Por outro lado, hoje ficou a saber.se que José Eduardo Agualusa é um dos seis finalistas do Man Booker International Prize deste ano.

Da lista de finalista fazem ainda parte: Elena Ferrante (Itália), Han Kang (Coreia do Sul), Yan Lianke (China), Orhan Pamuk (Turquia) e Robert Seethaler (Áustria). José Eduardo Agualusa figura na lista dos seis finalistas com o livro “General Theory of Oblivion” (“Teoria Geral do Esquecimento”), traduzido para inglês por Daniel Hahn. O anúncio do vencedor do Man Booker International Prize 2016 tem lugar a 16 de Maio.

O vencedor ganha um prémio de 50 mil libras (64,3 mil euros) dividido equitativamente entre o autor e o tradutor da obra.

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One Thought to ““Sou um angolano que escreve em português””

  1. Matias Kahanda Zumba

    Com todo respeito que o Sr. Agualusa merece, enquanto Escritor, penso que peca, talvez por excesso de critica ao seu Adversário, quando diz:
    “Estamos a perder a nossa identidade em Angola, país onde as línguas nativas estão a ser menosprezadas pelo poder e onde o Presidente apenas sabe falar português”.
    Não sei para se para o Sr. Angola é só Luanda, mas pelo menos eu, ao andar pelo país (espero que o Sr. tenha feito uma ronda pelas províncias de Angola), noto sempre que nas aldeias, fala-se sim, as línguas nacionais. É verdade que em Luanda e provavelmente nas grandes aglomerações seja um caso. Agora reduzir Luanda como se de todo país se tratasse, isso resulta de pessimismo crónico do autor.

    Também se contraria quando fala que: “O Presidente actual de Angola apenas sabe falar português”

    Eu pergunto, começando já pelo seu próprio nome (todo aportuguesado – José Eduardo Agualusa “Dos Santos”), e que se calhar, têm o mesmo avô , qual é a língua nacional na qual o Sr. Agualusa está pronto a comunicar?

    O excesso da critica sobre as coisas ou pessoas, sempre e por tudo etodos, leva as pessoas a cegura…
    Votos deum bom dia … a pesar dos pesares….

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