Regime ainda não conseguiu comprar o arcebispo do Huambo

A pessoa humana é um ser sagrado e representa a morada do Espírito Santo, por isso, carece de maior respeito, defendeu hoje, domingo, o arcebispo do Huambo, Dom José de Queirós Alves. Defendeu hoje como, aliás, sempre defendeu mesmo quando o regime angolano o mandou estar calado.

O prelado católico fez esta afirmação durante a homilia de visita pastoral ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em que os cristãos católicos relembraram as aparições de Maria aos três pastorinhos, em Portugal, presenciada pelo governador do Huambo, Kundi Paihama.

No seu entender, a dignidade da pessoa humana está em perigo, apontando várias circunstâncias que têm ocorrido com maior frequência nos dias de hoje, que atentam contra a vida, como os homicídios, as violações, os abortos e os maus-tratos.

O arcebispo do Huambo disse estar na base da desvalorização da dignidade da pessoa humana o apego ao materialismo, relegando o homem do centro dos acontecimentos, transformando-o num meio para o alcance de fins supérfluos.

Preocupado com tal situação, instou os cristãos a buscarem mais pelo sentido da vida, amando-se cada vez mais e respeitando-se mutuamente.

Em Julho de 2012, recorde-se, D. José de Queirós Alves, apelou à população da comuna de Chilata, município do Longonjo, para transformar o período eleitoral que então se vivia num ambiente de liberdade e de alegria.

O prelado, que fez o apelo durante a celebração de uma missa, referiu que o povo angolano tem muitas soluções para construir uma sociedade feliz e criar um ambiente de liberdade onde cada um vai escolher quem entender.

“Temos de humanizar este tempo das eleições, onde cada um apresenta as suas ideias. Temos de mostrar que somos um povo rico, com muitas soluções para a construção de uma sociedade feliz, criar um ambiente de liberdade. É tempo de riqueza e não de luta ou de murros”, frisou.

D. José de Queirós Alves pediu aos crentes e à população em geral para pacificarem os espíritos, amor ao próximo e o perdão para a construção de famílias e sociedades fortes e firmes.

D. José de Queirós Alves tem dito muitas outras coisas que, contudo, passaram e passarão ao lado dos donos do país e dos seus sipaios.

”Em Angola, a administração da justiça é muito lenta e os mais pobres continuam a ser os que menos acesso têm aos tribunais”, afirmou em 2009 (nada de substancial mudou até agora), no mais elementar cumprimento do seu dever, D. José de Queirós Alves, em conversa com o Procurador-Geral da República de Angola, João Maria Moreira de Sousa.

D. José de Queirós Alves admitia também (tudo continua na mesma) que ainda subsiste no país uma mentalidade em que o poder económico se sobrepõe à justiça.

O arcebispo pediu maior esforço dos órgãos de justiça no sentido das pessoas se sentirem cada vez mais defendidas e seguras: “O vosso trabalho é difícil, precisam ter atenção muito grande na solução dos vários problemas de pessoas sem força, mas com razão”.

Importa ainda recordar, a bem dos que não têm força mas têm razão, que numa entrevista ao jornal português “O Diabo”, em 21 de Março de 2006 (desde então tudo continua na mesma), D. José de Queirós Alves disse que “o povo vive miseravelmente enquanto o grupo ligado ao poder vive muito, muito bem”.

Nessa mesma entrevista ao Jornalista João Naia, o arcebispo do Huambo considerou a má distribuição das receitas públicas como uma das causas da “situação social muito vulnerável” que se vive Angola.

D. Queirós Alves disse então que, “falta transparência aos políticos na gestão dos fundos” e denunciou que “os que têm contacto com o poder e com os grandes negócios vivem bem”, enquanto a grande massa populacional faz parte da “classe dos miseráveis”.

O Santuário de Nossa Senhora de Fátima foi fundado em 1960, pelo seu primeiro pároco, Manuel Soares Moutinho, da congregação do Espírito Santo. Localizado na parte alta da cidade do Huambo, no parque Pio XII, foi a primeiro a ser construído em Angola em honra de Nossa Senhora de Fátima.

Com uma figura bastante peculiar para a imagem arquitectónica da cidade do Huambo, despontando um semblante coroado da estátua de Maria voltada para o Hospital Geral do Huambo, como sinal da benevolência e misericórdia de Deus abençoando os doentes ali internados, congrega igualmente outras infra-estruturas sociais como os sectores da educação, assistência e promoção social.

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