Nós, na nossa sanzala, fartámo-nos de rir quando o George Chicoty foi à América, na máxima velocidade, com os motores do avião a funcionarem a todo o vapor, para encontrar-se com o Secretário de Estado americano, John Kerry. Quando lá chegou, o John Kerry não estava em casa, tinha ido tratar de assuntos importantes, estava indisponível para conceder uma audiência ao George Chicoty.
Por Domingos Kambunji
É este o Chicoty que diz ter informações de que a UE (União Europeia) quer criar distúrbios em Angola. Será que para combater esses distúrbios Angola terá necessidade de pedir dinheiro emprestado, à Alemanha, Espanha, França ou Inglaterra, para comprar mais “avinhões” de guerra?
Queremos esclarecer que o George Chicoty não é um daqueles bonecos cómicos dos desenhos animados, ele é real, ele é o “Ministro dos Negócios dos Estrangeiros, em Angola”. Parece uma caricatura mas não é. Ele é mesmo membro do Governo Feudal de José Eduardo dos Santos, o Rei-Presidente de Angola. Talvez ou principalmente por isso revela estes comportamentos burlescos, próprios do socialismo sanzaleiro, que o João de Melo, o poeta da bajulação, designa por socialismo democrático.
Há quem diga que as atitudes e comportamentos do George Chicoty são demasiado surrealistas para poderem ser verdade. Ele é um dos peões que jogam no tabuleiro da governação angolana. Quem tiver dúvidas deve ler a informação que é publicada no pasquim oficial da corrupção, dirigido pelo Bolha, o José Ribeiro.
Este órgão de informação em papel, muito útil para embrulhar louça barata da loja do chinês, revela comportamentos muito estranhos no que diz respeito à avaliação da entropia em que se fundamentam as teorias económicas da angolana Reipúblicana Mornarquia.
Primeiro dizia que a economia angolana era forte e estável. Quando a estabilidade demonstrou ser mais insegura do que a torre de Pisa surgiu uma nova versão: os diamantes irão compensar a baixa do preço do petróleo. Quando os diamantes deixaram de brilhar, como o Poder pretendia, e de serem a Nossa Senhora dos Aflitos, surgiu uma nova teoria: a economia angolana oferece garantias porque o governo de “Sua Excelência o Digníssimo Senhor Engenheiro José Eduardo dos Santos” soube diversificar atempadamente a actividade produtiva do país.
Enquanto isto acontecia, o George Chicoty andava por diferentes latitudes e longitudes, do planeta Terra e arredores, a assinar muitos acordos de parcerias económicas e estratégicas, com diferentes países. Ao mesmo tempo, muitos “digerentes” de países africanos falidos viajavam até Luanda para prestar vassalagem a “Sua Excelência o Digníssimo Senhor Engenheiro José Eduardo dos Santos”.
O kwanza está a desvalorizar e, qualquer dia passará a ser uma moeda subterrânea ou submarina, com o movimento uniformemente acelerado que essa queda provoca, obedecendo às leis da gravidade. O “Sua Excelência” Zédu foi à China pedir kumbu. A China deu-lhe um pontapé no… O papel de embrulho de louça barata da loja do chinês publicou então a notícia de que Angola iria pedir um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para diversificar a economia, que muitos meses antes afirmava já estar diversificada.
O empréstimo do FMI parece estar a ser mais difícil de conseguir do que obter fiado no botequim do Eupréprio Che Guevara, no Bairro Operário. Entretanto piora a situação. A função pública já está com ordenados em atraso e o kwanza continua a sua viagem descendente na desvalorização cavalgante. Enquanto isso vai acontecendo, o governo do MPLA assinou mais um protocolo de cooperação económica com a Venezuela, um país do “socialismo democrático” que está de tanga, com uma inflação superior a 700%.
Eis senão que voltam a surgir as teorias da conspiração. Anteriormente a sabotagem era praticada por movimentos da oposição, que até foram acusados de praticarem antropofagia. Essa teoria agora já não funciona no Reino da Cleptocracia. Houve necessidade de inventar uma outra estratégia: Os factores externos do João Melo é que são os culpados de tentarem provocar a desestabilização em Angola. Até parece que o país não se encontra completamente desestabilizado, devido à megalomania e à corrupção.
Na semana em que George Chicoty afirmou ter informações de que a UE pretende desestabilizar Angola, o governo angolano pediu um empréstimo de 500 milhões de dólares a um banco. Do Quirguistão? Do Uzbequistão? Da Venezuela? Da Argentina, Do Brasil? Do Afeganistão? Do Chipre? Do Paroloquistão? Não! Angola pediu um empréstimo de 500 milhões de dólares a um banco da Alemanha, um dos países que lidera a UE…
Quem foi o escolhido para ser o kamikase, o testa de ferro, das novas teorias da conspiração? O João Melo não. Os directores de informação da CNN, Fox News, BBC, Sky News, JA, RNA, TPA? Também não! Foi o director da Rádio Ecclesia, o padre que comeu o kumbu da UE e agora vem dizer que a Europa quer fazer bwé de mal ao Zédu.
A argumentação do senhor padre é de que a União Europeia defende a alternância no poder. Nas democracias mais evoluídas isso é considerado uma virtude. O senhor padre e George Chicoty pensam que em Angola essa maneira de pensar é um sacrilégio, próprio das organizações de malfeitores que o Januário Domingos e a Françona se esforçam muito para meterem na prisão.
Nos hospitais de Angola, sabemos que o MPLA e o seu governo continuam a cometer demasiados pecados mortais.
O governo do MPLA decidiu estabelecer mais uma parceria económica e estratégica com o senhor padre da Rádio Ecclesia. Ofereceu-lhe 50 mil dólares pelo gesto de elevado espírito patriótico em defesa do cabritismo.
Entretanto, em Angola, há quem questione onde irá a Isabel arranjar os 400 milhões de dólares para abrir a rede de hipermercados Kandando. Dizem que o “Sua Excelência e Digníssimo General Bento Kangamba” irá dar uma conferência de imprensa para esclarecer que essa questão é uma ingerência na “soburrania” do Orçamento da Casa Civil da Presidência da Reipública de Angola.