A Sonangol, petrolífera de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, anunciou hoje a descoberta de reservas de petróleo e gás natural que podem chegar a pelo menos 2,2 mil milhões de barris de petróleo equivalente nas bacias do Kwanza e Congo.
A exploração destas reservas, a confirmarem-se as estimativas, seriam suficientes para uma produção de dois milhões de barris por dia durante três anos, ajudando Angola a aumentar a produção que actualmente está nos 1,8 milhões de barris diários para a meta desejada de dois milhões por dia.
No comunicado que dá conta destas descobertas, não é anunciado o valor de petróleo e gás natural estimado para o poço Lira – 1 do bloco 15/14, na Bacia do Baixo Congo, apresentado hoje como “poço comercial de gás na sequência da perfuração e descoberta do reservatório que contém gás natural e condensado”.
Os outros dois poços cuja viabilidade comercial foi hoje divulgada pela Sonangol são o Lontra 1, do bloco 20/15, na Bacia do Kwanza, na sequência da perfuração e descoberta do reservatório que contém gás natural e condensado.
“Os resultados dos testes confirmam a presença de gás e condensado, com os recursos pós-perfuração (STOOIP/GIIP) estimados em 139 milhões de barris de condensado e 2,5 trilhões de pés cúbicos de gás, perfazendo um total de 570 milhões de barris de óleo equivalente”, lê-se no comunicado.
Por último, a Sonangol anunciou também a viabilidade comercial do poço Katambi-1, no bloco 24/11, na Bacia do Kwanza, cuja produção será partilhada com a petrolífera BP.
A Sonangol anuncia assim que, “após o relatório final do operador da concessão, declara o Katambi-1, no bloco 24/11, na bacia do Kwanza como poço comercial de gás, na sequência da perfuração e descoberta do reservatório que contém gás natural e condensado e aponta que “as amostras recolhidas, num total de 54 testemunhos laterais, indicaram a presença de gás e condensado (…) estimados em 280 milhões de barris de condensado, 8 biliões de pés cúbicos de gás, perfazendo um total de 1,7 mil milhões de barris de óleo equivalente”.
As ordens da filha do rei
Isabel dos Santos, empresária multimilionária filha de sua majestade o rei de Angola, continua a participar na reestruturação da petrolífera Sonangol.
Aliás, não há nenhum multimilionário negócio em Angola em que o clã monárquico de Eduardo dos Santos não participe. Recorde-se que qualquer investimento superior a 10 milhões de dólares tem de ser analisado e aprovado pelo Presidente.
Não admira por isso que Isabel dos Santos frequente reuniões entre a administração da Sonangol e consultores internacionais. Ninguém tenha, por isso, a veleidade de sonhar em enganar o rei.
A empresária – que também lidera a Comissão de Reajustamento da Organização do Sector dos Petróleos e com isso a reestruturação da Sonangol – e um “batalhão” de consultores “assentaram arraiais” em dois andares do edifício sede da petrolífera, em Luanda.
“A consultora internacional de gestão Boston Consulting Group e o escritório de advogados português Vieira de Almeida e Associados serão duas das firmas que estão a trabalhar com Isabel dos Santos e a administração da Sonangol na reestruturação”, contou o semanário económico Expansão.
Em Portugal, a Sonangol tem participações directas e indirectas no Millennium BCP e na Galp.
Em Outubro do ano passado foi noticiado que, de acordo com uma informação da Casa Civil do Presidente da República, que o Governo angolano tinha criado um comité para elaborar um modelo “mais eficiente” para o sector petrolífero do país e melhorar o desempenho da concessionária estatal Sonangol.
Criado por despacho presidencial, além deste comité, que terá a responsabilidade de desenvolver modelos organizativos, identificar oportunidades operacionais, quantificar “o potencial de melhoria da Sonangol” e estudar o “melhor modelo de organização para condução da Indústria Nacional de Petróleo e Gás”, foi ainda instituída a comissão de Reajustamento da Organização do Sector dos Petróleos.
Esta comissão, que vai decidir sobre as propostas do comité, deverá apresentar uma “estratégia integrada” e “modelos organizativos eficazes” para “aumentar a eficiência do sector petrolífero nacional”.
Angola vive uma crise financeira e económica, com reflexos também ao nível cambial, devido à queda para metade com as receitas da exportação de petróleo.
A 15 de Outubro, no discurso anual do chefe de Estado, na Assembleia Nacional, sobre o Estado da Nação – lido pelo vice-Presidente Manuel Vicente devido a uma “indisposição” de José Eduardo dos Santos – foi anunciada uma reestruturação da Sonangol.