O país está distraído, anestesiado e o MPLA “dopado” com a mais recente estratégia do seu líder, José Eduardo dos Santos, também, Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que autorizou o Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos.
Por William Tonet
E stratégia para nomear a sua filha, Isabel dos Santos e empresas, por alegada competência (MPLA dos 5 milhões de membros, que diz possuir, não tem outras inteligências…), enquanto ente-privada (assessorada, por duas sociedades estrangeiras, a consultora portuguesa de advogados Vieira de Almeida e Associados e a americana Boston Consulting Group), para dispor de documentação de empresas e órgãos públicos, muita classificada de soberana, com poder de “destruir” tudo que seja comprometedor ao longevo consulado de 36 anos de poder ininterrupto.
A coordenação e comando dos três bilionários projectos públicos, avaliados em mais de 150 mil milhões de dólares (cento e cinquenta biliões):
1- Plano Director Geral Metropolitano (PDGM) de Luanda, com objecto de replanear e requalificar Luanda;
2 – Reestruturação da Sonangol, que já foi a maior empresa pública;
3 – Comissão de Reajustamento da Organização do Sector dos Petróleos, são apenas um fair-diver, para distrair a navegação geral, pese a indignação que causa.
O objectivo não é o publicitado de reorganização, melhor, até carecem, mas enquanto entidades empresariais e organismos públicos, sob suspeição de má gestão, o lógico, numa República e num Estado de Direito seria a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, uma sindicância do Tribunal de Contas ou investigação do Ministério Público, para apuramento de responsabilidades, de eventuais desvios financeiros ou gestão dolosa, com incidência criminal.
Mas não, afasta-se o público, elege-se o privado, com amplos poderes, para a colocação de um tampão, no “pipeline” da SONANGOL e AFINS, que alimentou, anos a fio, a corrupção “filhal” e selectiva, através de um eficiente “escoamento” de receitas dos cofres públicos, para contas privadas, cujas pistas serão, principescamente, “deletadas”.
E o descaso é geral, por amordaçamento e inoperância dos órgãos republicanos do Estado, convertidos na mais caboucada ditadura militarizada.
O Presidente da República, há 36 anos no poder, sem nunca ter sido nominalmente eleito, confunde República com Monarquia, que, por sinal, o idolatra.
Angola identifica-se com uma ditadura, onde todos os poderes do Estado estão concentrados num homem só, num grupo de pessoas dele dependentes e num partido.
José Eduardo dos Santos age igual a um ditador, gerindo os fundos públicos como propriedade privada, não admitindo oposição à sua gestão, caso de manifestações, contestações políticas, acções de agentes da sociedade civil ou da imprensa democrática, não se coibindo de recorrer ao exército pessoal, a polícia partidarizada e aos tribunais domesticados, com brutalidade e severidade, que descamba em prisões arbitrárias, julgamentos injustos e assassinatos selectivos.
A democracia é fictícia (textualizada na “constituição jessiana”, mas ineficaz, na prática) com um “teatro de fantoches” onde as acções da oposição se confundem, muitas vezes, a exercícios de cosmética, pois, ingenuamente, acreditam que através do voto, mudarão o actual sistema, que gere, exclusivamente, com o beneplácito da comunidade internacional, untada com o peso do petróleo, uma máquina eleitoral enferrujada e calcinada, na fraude e batota monárquica.
Nos regimes democráticos, o poder é dividido entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, já na ditadura, não há essa divisão, ficam todos os poderes apenas num ÚNICO HOMEM, que não se coíbe, de afectar, discricionariamente, mais de 150 mil milhões de dólares do Estado, portanto, de todos angolanos (a maioria sem um dólar, para um prato de pirão), a filha bilionária.
Uma filha, que violando a Constituição e a lei, com o concurso de estrangeiros, se apossa de documentos confidenciais de empresas públicas, para apagar a entrega de terrenos e dinheiro, casos dos prédios do Eixo Viário, afectos à FESA, sem contrapartida (casinos, demonstrando uma apetência aos jogos da batota), da construção do Santos Futebol Clube, erguidos com suporte da SONANGOL, tal como, as sedes central, provinciais, municipais e comunais do MPLA, bem como as múltiplas empresas, como a GEFI, a Emogestin, entre outras…
É preciso apagar, também, as astronómicas somas transferidas, para suporte das campanhas eleitorais, do partido no poder, avaliadas, segundo fontes internas, a mais de 50 mil milhões de dólares.
Ademais, com a coordenação do Plano Metropolitano, Isabel dos Santos e os consultores estrangeiros apagarão, o rasto dos milhões e da propriedade pública da actual clínica; Luanda Medical Center, um projecto liderado pelo secretário-geral do MPLA, Júlião Mateus Paulo Dino Matross, a casa pessoal do cidadão José Eduardo dos Santos, no Miramar, que originou a destruição de um centro emissor da televisão pública, as fazendas, propriedades agrícolas, a sede da fundação Lwini, na vila Alice, os terrenos na Chicala, Ilha de Luanda, Talatona, Funda, Catete e ainda os milhões aplicados no projecto Kilamba, pagos a peso de ouro a Pierre Falcone, entre outros. Acrescendo-se o desvio, inconstitucional e ilegal, que beneficia, o partido no poder, ao longo de 40 anos, de cerca de USD 2,00 (dois dólares), por barril de petróleo exportado.
Estes e outros crimes financeiros, passíveis de procedimento criminal, necessitavam deste borrão, para nunca se chegar, ao rasto, também, dos milhões saídos da Mercury, empresa de comunicações da Sonangol, para a UNITEL, criada com fundos públicos e entregue de bandeja a Isabel dos Santos ou ainda as suas participações no BFA, ZAP, MEO, BNI, entre outros.
Igualmente, os vestígios da proveniência do dinheiro do grande saco azul, que permite, calar os dirigentes do MPLA, do governo e muitos da oposição, bem como alimentar a corrupção e, nisso, nada melhor, que a filha, mas não uma filha qualquer, tinha de ser a de “sangue soviético”, por insensibilidade ao sofrimento da maioria dos angolanos, para tão hercúlea empreitada.
Seguramente, este comportamento não é de um Presidente da República, que sabe, poderia, ao abrigo da própria “constituição jessiana”, art.º 127.º, ser julgado e condenado, por crimes de “suborno, traição à pátria e hediondos (assassinatos de Hilbert Ganga, Alves Cassule, Isaías Kamulingue, massacre de Monte Sumi), imprescritíveis e insusceptíveis de amnistia”, que o levariam a condenação, “no exercício das suas funções” à uma pena de prisão de 10 a 20 anos, segundo o art.º 1.º da Lei 23/10 de 03 de Dezembro.
Assim, enquanto a maioria dos políticos da oposição e intelectuais se distrai, em comentários triviais, quanto a indicação da princesa Isabel, para a coordenação de três importantes e bilionários projectos, sem concurso público, ela, como ente-privada, escancara com exclusividade às portas e cofres, recolhendo documentos oficiais do Estado, comprometedores ao regime, para, destruir uns e apagar as pistas de outros, quanto a afectação de móveis, imóveis e milhões e milhões de dólares públicos, que tornou, segundo as ONG’s nacionais e internacionais, Eduardo dos Santos, Manuel Vicente, Manuel Helder Vieira Dias Kopelipa, Dino dos Santos (Kero, Pumangol, aviação, minas de diamantes, de petróleo, etc), os filhos, familiares, assessores e partido no poder, bilionários e milionários com base nos cofres do erário público, numa descarada privatização partidocrata do Estado, que se tornou num panelaço da corrupção.
A maestria desta estratégia inteligente para apagar as provas de uma das mais importantes fontes de saída de dinheiro: a SONANGOL e os Petróleos, indicia a percepção, por parte de José Eduardo dos Santos, da irreversibilidade da descida natural ao precipício não só da idade, bem como a eventual chegada de organismos financeiros internacionais, que para a libertação de capitais, exigirão uma auditoria as contas públicas. Nessa hora, tudo estará limpo. Limpinho e nos relatórios internacionais constará uma imaculada (??) gestão das finanças do Estado.
Uma excelente estratégia e antevisão de quem se considera monarca, dono, senhor e controlador de todos os órgãos do “reino”, capaz de incendiar a pradaria, a quem ousar contestar, o seu poder, nas fictícias instituições independentes (Assembleia Nacional, Poder Judicial, Comissão Nacional Eleitoral) ou nas ruas, recorrendo, sem contemplação, ao seu exército privado: UGP (Unidade da Guarda Presidencial, não dependente do Ministério da Defesa, nem das FAA, sendo o seu orçamento proveniente do saco azul da Sonangol) e a Polícia partidocrata.