Apanhado ainda com as dores do parto do livro “Autores e Escritores de Angola – 1642-2015”, Tomás Lima Coelho é um escritor feliz. Acaba de dar mais um contributo de elevadíssima qualidade para a História de Angola, sua Terra Natal.
“E ste trabalho é obra de quase uma década de pesquisas diárias, feitas com muita paciência e persistência, muitas vezes incomodando amigos para chegar a outros”, conta Tomás Lima Coelho a propósito desta obra em que entram 1770 autores.
O autor explica que os critérios que decidiu seguir, “que se tornaram claros logo que iniciei a pesquisa, são os seguintes: ter nascido em Angola (ou ser naturalizado) e ter pelo menos um livro publicado”.
Mas como tudo na vida, Tomás Lima Coelho teve também ele de dobrar o Cabo das Tormentas: “Dificuldades e resistências houve algumas, como seria de esperar, sendo a principal a natural desconfiança das pessoas em fornecer-me dados pessoais e fotografias. Mas, com calma e socorrendo-me de amigos comuns lá fui levando a água ao moinho”.
O autor reconhece que “certamente que existirão falhas, nomeadamente alguns daqueles que publicaram obras em edição de autor e que não tiveram qualquer exposição mediática”, acredita – contudo – que “não serão muitos”. Explica que “também faltam muitas fotografias e anos de nascimento, mas isso são contingências que não ferem muito o meu trabalho”.
“De qualquer forma haverá sempre a possibilidade de corrigir essas falhas numa possível segunda edição revista e aumentada”, diz, enquanto espera para ver “qual a receptividade ao meu trabalho, nomeadamente nos meios intelectuais e académicos, porque são esses que me interessam, foi para eles que elaborei o livro”.
Tomás Lima Coelho
Tomás Lima Coelho nasceu em Moçâmedes (hoje Namibe), em 5 de Outubro de 1952. É o mais velho de cinco irmãos, todos naturais de Angola. O pai, Ápio de Andrade Coelho, nascido no Lobito, filho de um português natural de Vila Verde, Braga, que arribou Angola em 1890, descendia pelo lado materno de uma família angolana originária do Ambriz. A mãe, Maria Lúcia Gavino, chegada a Angola com apenas seis meses de idade, pertencia a uma família muito conhecida em terras do Sul.
Sendo o pai funcionário da Fazenda Nacional e, por isso, sujeito a transferências sucessivas, percorreu desse modo grande parte do território angolano. A primeira deslocação, aos 6 anos de idade, foi para Lândana, em Cabinda, onde nasceu o seu irmão António Manuel (durante a viagem de Moçâmedes para Lândana nascera a sua irmã Maria da Luz, a bordo do navio “Império”).
Depois rumaram a Caconda onde nasceu outro irmão, Luís Pedro. Seguiram-se Camacupa, Caála e, finalmente, Malanje, onde nasceu Miguel, o mais novo dos irmãos.
Em 1975, através da ponte aérea, viaja com toda a família para Portugal, fugindo à guerra. Aqui reside desde então. É casado com a malanjina Ilda Coelho, pintora nas horas vagas, tem dois filhos, Daniel e Inês, e uma neta, Mariana.
Sobre as suas origens, naturais e afectivas, gosta de se definir com as palavras do poeta: “No Namibe vi a primeira luz do dia, mas foi em Malanje que nasci.”