Um fim de tarde pacato se avizinhava na Cidade Luz. De surpresa, o grupo terrorista Estado Islâmico irrompeu na calmaria para dar mostra de sua força destrutiva.
Por Gabriel Bocorny Guidotti (*)
P or meio de ataques coordenados em pontos de grande circulação de Paris, dezenas de franceses (e não só) perderam suas vidas. O número de mortos pode aumentar nos próximos dias, tendo em vista a gravidade do estado de saúde de muitos feridos.
Nesse momento pelo qual a escuridão acoberta a humanidade, resta uma inalienável questão: por quê?
Os terroristas, em manifesto publicado na web, celebraram a série de atentados e reafirmaram seu compromisso de destruir o mundo ocidental. Para tanto, enviaram a mensagem como um “recado aos cruzados”, isto é, os povos cristãos, ainda que as fatídicas Cruzadas tenham ficado séculos no passado. A mesma guerra permanece, todavia. O conflito jamais encontrará desfecho enquanto existir extremismo religioso.
A luta pela supremacia de um único Deus já verteu sangue demais na história de nossa espécie. Ele, independentemente de nomes ou formas, deve estar decepcionado. O caso mais recente aconteceu também na França, quando dois sujeitos encapuzados invadiram a redacção do semanário satírico Charlie Hebdo e chacinaram alguns dos principais talentos do jornal. Quem dera o mundo soubesse que aquele episódio dramático era apenas o prelúdio de algo muito pior por vir.
Os atentados da humanidade contra a própria humanidade se intensificam neste século. A crise dos refugiados no Mediterrâneo já seria, por si só, um anúncio do caos que começa a avançar em solo europeu. Eis que o drama dessas pessoas galgou jardas também pelo globo.
O impasse não está atrelado a uma soberania ou a um território. Há uma questão solidária – humana – no ar. Política, religião, economia viram aspectos abstractos quando as nações passam a empilhar corpos.
Não há como argumentar com um fanático. A fé incondicional anuvia não apenas as emoções, mas principalmente a capacidade de julgamento. O atentado foi um ato matematicamente planejado por homens que acreditam estar defendendo uma ideia omnipresente, omnipotente e omnisciente.
Usam a violência para conquistar os despojos de um mundo ancestral-espiritual. A providência divina não coroa assassinos, entretanto. A única conquista destes agentes do caos foi a eterna reprovação da humanidade. Que os mortos descansem em paz.
(*) Jornalista e escritor – Porto Alegre, Brasil
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