Ele (pois claro) está em todas!

Ele (pois claro) está em todas! - Folha 8

A investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) sobre um esquema de evasão fiscal no ramo suíço do banco britânico HSBC, regista 31 clientes de Angola com 36,8 milhões de dólares em 56 contas bancárias.

N a página internet do ICIJ, Angola surge no 126.º lugar na lista de países ordenada por montante depositado na filial helvética do HSBC.

A página precisa que “a maior soma associada a um cliente ligado a Angola é de 8,9 milhões de dólares”, sem indicar o nome da pessoa.

O projecto “Swiss Leaks” é baseado numa investigação feita por 86 jornalistas do mundo inteiro, coordenados pelo ICIJ, que analisaram quase 60 mil ficheiros com os detalhes de mais de 100.000 clientes e das suas contas bancárias no HSBC, tendo como base as revelações do informático franco-italiano Hervé Falciani.

Num artigo publicado hoje no Le Monde, Sylvain Besson, jornalista do diário suíço Le Temps, cita o nome de Tatiana Regan Kukanova, “a primeira esposa do presidente (José Eduardo) Dos Santos” que teria tido 4,5 milhões de dólares na conta pessoal do HSBC entre 2006-2007.

“Os documentos extraídos do banco confirmam a parceria entre Omega e Lev Leviev na Welox, a estrutura que gozava de laços preferenciais com o poder angolano. A companhia estava associada à exportação de diamantes com uma empresa offshore controlada pela primeira esposa do presidente Dos Santos, Tatiana Regan Kukanova. A sua conta pessoal no HSCB teve mais de 4,5 milhões de dólares entre 2006-2007”, escreve o jornalista.

Na página do ICIJ, num artigo intitulado “Gigante bancário HSBC abrigou dinheiro obscuro ligado a ditadores e traficantes de armas”, Angola e a empresa Omega voltam a ser mencionadas no capítulo intitulado “comerciantes de diamantes”.

Por outro lado, na parte intitulada “Fazer negócios com traficantes de armas”, pode ler-se que “um detentor de uma conta aparece ligado ao chamado escândalo Angolagate”.

“A conta aparentemente ligada ao Angolagate, com o nome Micheline Arlette Manuel, foi apelidada de Corday e foi aberta entre 1994 e 1999. O papel exacto de Manuel na conta não é especificado”.

Mais adiante, o artigo explica que “Corday é o nome de uma série de contas no HSBC e em outros bancos que têm sido publicamente associados ao marido de Micheline Arlette Manuel, Yves, que também teve uma conta no HSBC e que morreu na sequência da condenação pelo seu papel no escândalo”.

O texto precisa que “Yves Manuel recebeu e ocultou 2,59 milhões de dólares que sabia serem oriundos da empresa que subornou personalidades francesas e angolanas.”

O artigo refere ainda, que em 2008, a Justiça francesa “iniciou processos contra mais de 40 pessoas implicadas na venda corrupta de armas para Angola nos anos 90”, contextualizando que “o escândalo teria envolvido mais de 50 milhões de subornos em troca de contratos de quase 800 milhões de dólares” e que “apareciam nomes de altas personalidades francesas, incluindo o filho do antigo presidente François Miterrand”.

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