Como o regime inventa o que chama de… golpe de Estado

Ainda não saiu do adro o pesadelo dos “revús”, já pesam sobre os detidos as consequências do regime de tortura psicológica a que eles estão a ser submetidos.

F oram apanhados a falar sobre a problemática complicada de pôr no olho da rua um ditador e o procurador J.M. de Sousa, anunciou que se tratava de um “flagrante delito de tentativa de golpe de Estado”.

No local onde eles foram detidos, uma residência na Vila Alice, assim como nas respectivas residências de cada um deles, não foram encontradas armas de fogo. Por isso, era preciso encontrar pelo menos mais um “revú” ligado de alguma forma a uma instituição militar ou policial.

Os serviços secretos de Angola, um dos melhores do mundo, não deixando o seu crédito em mão alheias, encontraram dois homens de armas.

O primeiro pretenso “revú” a ser encarcerado para justificar o estapafúrdio tema do “golpe de Estado”, foi, no dia 23 de Junho, Osvaldo Caholo, um tenente de Força Aérea. Dos suspeitos, era até essa altura, o único com experiência militar.

Foi detido de modo ardiloso e sem mandado que se visse, como denunciou o site de Rafael Marques, Maka Angola. “Um grupo de 15 operativos do SIC e outros órgãos de segurança montaram uma armadilha para a sua detenção. Telefonaram para a sua casa, na Centralidade de Cacuaco, em Luanda, para prestar informações sobre um suposto acto de vandalismo contra a viatura da sua esposa.

Osvaldo Caholo desceu do edifício, segundo informações prestadas pela sua esposa, Delma Bumba, e um dos agentes apontou-lhe uma pistola à cabeça, algemaram-no e levaram-no, numa viatura com vidros fumados”.

Uma operação de rotina. Pedro Bunga, Capitão da Força Aérea, também conhecido por General Mc Life, foi preso no dia 15 deste mês. A sua detenção ocorreu na zona da Mutamba. Foi raptado e encontra-se em local ainda não identificado.

Portanto, façamos a contas, as duas últimas detenções, antes da prisão de Pedro Bunga, foram as dos militares Zenóbio Zumba, capitão das FAA. Os detidos políticos em Angola são, portanto, mais de 19. Há o Mauro Faustino, o Marcos Mavungo e o Kalupeteka, que continuam na cela.

“O que os serviços de investigação criminal pretendem agora é juntar aos jovens detidos, jovens militares, como o Osvaldo que já estava preso e agora o Zenóbio, isto porque em África quem é que consegue um golpe de estado sem exército?”, questionou o vice-presidente do Bloco Democrático, Luís Nascimento numa entrevista concedida à VOA.

Em declarações à rádio Voz da América, o político do BD, considerou que as acusações da Procuradoria-Geral revelam o fracasso do sistema judiciário angolano: “Esta acusação só não é risível pelo facto dos jovens estarem encarcerados quando poderiam estar a desfrutar de outras situações. O comportamento do Procurador-Geral da Republica é a todos os títulos lamentável, pois pôs a nu a fraqueza do sistema de justiça da República de Angola”.

Perante tanta baixeza política, cívica e moral, várias organizações cívicas, entre as quais o Movimento Revolucionário de Angola (“revús”), decidiram organizar uma manifestação pública e pacífica, no próximo dia 29 de Julho.

O Regime reagiu a essa informação (e não um pedido), exigindo “prova de existência legal” dos “revús” (Pedrowski Teca). Se não fosse aflitivo, como demonstração da baixíssima categoria deste vassalo do Executivo, a juntar à triste figura do PRG e desses comandantes que inventa estória de morrer, daria vontade de rir às gargalhadas.

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