Angolanos a trabalhar em Portugal fecham a torneira

As remessas dos angolanos a trabalhar em Portugal caíram mais de 30% em Outubro, ao passo que o dinheiro enviado pelos portugueses em Angola para Portugal teve uma quebra de 5,7% face ao mesmo homólogo do ano passado.

D e acordo com os dados do Banco de Portugal, apresentados no Boletim Estatístico, os angolanos a trabalhar em Portugal enviaram para o seu país de origem 1,5 milhões de euros, o que representa uma quebra de 30,5% face aos 2,16 milhões que tinham enviado em Outubro de 2014.

Em sentido contrário também houve uma quebra, mas mais ligeira, embora as verbas envolvidas sejam bastante mais elevadas: em Outubro, os portugueses a trabalhar em Angola enviaram para Portugal 18,9 milhões de euros, o que equivale a uma descida de 5,7% face aos 20,1 milhões que tinham remetido para Portugal em Outubro do ano passado.

No total, as remessas que os estrangeiros a trabalhar em Portugal enviaram para os seus países de origem caíram 6% em Outubro, ao passo que os emigrantes nacionais enviaram mais 0,3% para Portugal face a Outubro de 2014.

Os estrangeiros a trabalhar em Portugal enviaram para os seus países de origem 47,2 milhões de euros, o que compara com os 50,2 milhões que tinham enviado em Outubro de 2014.

Os espanhóis, com uma queda de 52,4%, e os britânicos, com uma descida de mais de 30% nas remessas, constituem algumas das nacionalidades cuja quebra no envio de remessas para os seus países foi mais notória.

Em sentido inverso, ou seja, o dinheiro que os emigrantes portugueses enviaram do estrangeiro para Portugal, também houve um aumento, mas bastante mais ligeiro.

Em Outubro deste ano, e comparando com o mesmo mês do ano passado, os dados do Banco de Portugal registam uma subida de 0,3%, resultado da passagem de 264,4 milhões, em Outubro de 2014, para 265,4 milhões.

Primeiro semestre

Recorde-se, entretanto, que as remessas dos angolanos a trabalhar em Portugal mais do que duplicaram no primeiro semestre deste ano, subindo para 9,5 milhões de euros, ao passo que os portugueses em Angola reduziram as transferências em 20%.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, o valor das remessas enviadas pelos angolanos a trabalhar em Portugal para o seu país passou de 4,71 milhões de euros para 9,54 milhões, o que revela uma subida de 102,5%.

Em sentido inverso, os portugueses em Angola enviaram menos 19,7% de remessas, que assim diminuíram de 121,1 para 97,2 milhões de euros, comprovando a dificuldade que se faz sentir em retirar divisas estrangeiras do país por causa da falta de dólares decorrente do abrandamento das receitas fiscais no sector do petróleo, o grande motor da economia angolana.

A queda nas remessas de Angola acabou por afectar negativamente o valor para a globalidade dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que revela uma queda de 18,1%, de 125,6 milhões de euros no primeiro semestre de 2014 para 102,8 milhões nos primeiros seis meses deste ano.

No total mundial, as remessas dos emigrantes subiram 8,6% no primeiro semestre deste ano, para 1.541 milhões de euros, enquanto o dinheiro enviado pelos imigrantes para os seus países de origem diminuiu 0,5% para 243 milhões.

Os emigrantes portugueses enviaram, nos primeiros seis meses deste ano, um total de 1.541,7 milhões de euros, o que compara com os 1.418 milhões de euros enviados no primeiro semestre do ano passado.

Como é habitual, a França foi o país que mais contribuiu para este valor, tendo os emigrantes portugueses enviado quase 500 milhões de euros para Portugal no primeiro semestre, o que revela uma subida de 13,8% face aos 437,7 milhões enviados no mesmo período do ano passado.

As remessas provenientes da Suíça também subiram, mas não tanto: o dinheiro enviado pelos portugueses totalizou 370,8 milhões de euros, revelando um aumento de 9,3% face aos 339,1 milhões enviados nos primeiros seis meses do ano passado.

Em sentido inverso, isto é, dos estrangeiros a trabalhar em Portugal, o valor global aponta para 243,5 milhões de euros, mostrando uma ligeira descida de 0,5% face aos 244,8 milhões enviados no primeiro semestre do ano passado.

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