Ser ou não ser filho de JES, eis a questão

De mutante em mutante havemos de “mutar” - Folha 8

Um rapaz que dá pelo nome de Paulo Anderson Feijó foi acusado e acabou por ser preso por ter forjado uma identidade que lhe permitia apresentar-se em círculos empresarias como filho do Presidente José Eduardo dos Santos.

Por António Setas

S endo ele sobrinho do ex-patriota e ex-bufo da PIDE portuguesa, ex-governador do Kwanza-Norte e ex-embaixador em Itália, Manuel Pedro Pacavira, o jovem Feijó viveu em Itália ao tempo em que o tio ainda era embaixador naquele país, aproveitando essa ocasião para lhe extorquir alguns cobres, e não poucos, dos cartões de crédito que ele subtilmente subtraía ao tio.

Foi apanhado porque a pessoa identificada nas câmaras de segurança do banco mostravam claramente que o “cliente” indelicado era a sua pessoa.

Depois andou por aqui e acolá, passado alguns anos, já em Angola, voltou a subtrair o cartão de crédito ao tio, tendo de seguida viajado para o Dubai onde efectuou compras de vulto, o que acabou por irritar definitivamente o camarada Pacavira que pôs enfim um termo à relação entre eles.

Na segunda metade do ano de 2013 o Paulo assentou arraiais no mais luxuoso hotel de Luanda, Hotel Centro de Convenções de Talatona em Luanda. Em Dezembro conseguiu receber do Banco de Poupança e Crédito (BPC) um empréstimo de cerca de 500 mil dólares norte-americanos, sem ainda se saber em que condições a referida instituição bancária lhe concedeu o empréstimo, a ele, um jovem de 28 anos, desconhecido de ginjeira, dando a impressão de que esse crédito lhe foi concedido apenas por ele ter dito que era filho de “Papai JES”.

O rapaz comprou carros, passou a andar com guarda-costas, a dar ares e uma imagem de membro da “JET-SET ” angolana, enfim, um Senhor com “Ésse” grande.

Os empresários com quem ele se encontrava, augurando facilidades incalculáveis, iguais às que são apanágio da corte de JES, foram avançando antecipadamente algumas contribuições económicas, alguns deles chegando ao ponto de o nomear como administrador não executivo de uma das suas empresas, com um outro que terá pago uma parte da sua estadia no hotel e outro ainda, deslumbrado com as astronómicas benesses que poderia receber de JES, propor-lhe para ficar com uma casa no valor de 5 milhões de dólares. Valeu-lhe a casa não estar acabada e o Paulinho ser preso antes da ida ao notário.

Senhor grande, Paulo Feijó pagou em cash cerca de 100 mil dólares para as despesas de quatro meses em que viveu hospedado até 16 Janeiro de 2014, data em que foi detido pela Polícia Nacional.

O caso segue à PGR e não é que uma Procuradora angolana optada para tratar do dossiê, decidiu devolver o Processo do “falso filho de JES” à Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), por alegada ausência de provas “evidentes”.

Não é possível! Esta é a tenebrosa ideia que salta à mente, a fumegar de indignação. A fumegar porque, ou Paulo é filho de JES e que prendam os homens da DNIC que o prenderam, ou não é, e que prendam a Procuradora. Palhaçada.

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