Preço do petróleo baralha esbanjamento do regime

Preço do petróleo baralha esbanjamento do regime - Folha 8

As taxas de juro de referência para os empréstimos contraídos por Angola nunca estiveram tão altas, tendo o índice de referência para a dívida pública a cinco anos chegado aos 7,72%, noticia a agência financeira Bloomberg.

N um artigo onde mostra a influência da descida do preço do petróleo no sector financeiro africano, a Bloomberg escreve que todas as taxas de juro de referência para empréstimos aos Estados africanos, nomeadamente aqueles mais dependentes do petróleo, subiram significativamente, como no caso de Angola, cujos juros exigidos pelos investidores aumentaram 71 pontos base durante a semana passada, para as obrigações a cinco anos, para 7,72%.

Isto significa que se Angola quiser obter financiamento no mercado financeiro internacional, a taxa de juro de referência que o mercado está disposto a oferecer é 7,72% ao ano para empréstimos a cinco anos, acima da taxa cobrada à Nigéria, a maior economia africana e o maior produtor de petróleo subsariano, que paga 7% para a emissão de Obrigações do Tesouro a cinco anos.

De acordo com a Bloomberg, a razão para a subida das taxas de juro nestes países, mas também no Gana, Gabão e Quénia, entre outros, está directamente ligada com a descida dos preços do petróleo, que tem um impacto directo nos orçamentos destes países, que dependem da exportação de petróleo para equilibrar a diferença entre as despesas e as receitas do Estado.

Na semana passada, o pessimismo no sector do petróleo “chegou mesmo aos mercados”, comentou o chefe do departamento de pesquisa africana no banco Standard Chartered, Razia Khan, em Londres: “Nalguns casos, olhamos para o modo como a dívida pública está a ser transaccionada e pensamos que é um exagero, mas isto está mesmo a representar o sentimento do mercado”.

O índice do Dow Jones sobre a indústria teve na semana passada a pior semana desde 2011, tendo sido ‘apagados’ das carteiras dos investidores mais de 1,2 biliões de dólares nos dias em que o barril de petróleo desceu para os 58 dólares.

Essa “semana foi uma espécie de ponto de viragem”, comentou o presidente da Front Barnett e Associados à Bloomberg, explicando que “com a queda dos preços do petróleo há muita gente a reavaliar tudo e mais alguma coisa”.

Angola, o segundo maior produtor da África subsariana a seguir à Nigéria, recebe 76% das receitas fiscais por via deste sector, e as exportações de petróleo valem mais de 98% do total.

Para contrabalançar o custo dos empréstimos no mercado internacional, Angola tem recorrido cada vez mais à China, uma das maiores economias mundiais e que, ao contrário das outras, não tem problemas de liquidez. Ainda na sexta-feira a petrolífera estatal Sonangol contraiu mais um empréstimo junto do Banco de Desenvolvimento da China, desta feita no valor de 1,6 mil milhões de euros.

O financiamento servirá para suportar “projectos de expansão” e terá a duração de dez anos, juntando-se aos vários empréstimos que o braço financeiro do Governo chinês tem feito a Angola, país que é o segundo maior fornecedor de petróleo à China, vendendo quase metade do total da produção.

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