Os angolanos acompanham com apreensão as notícias vindas de Portugal, sobre as razões da falência do BESA – Angola e do desvio milagroso de mais de 5, 7 mil milhões de dólares.
N inguém entende como isso pode ser possível, nem mesmo a mulher zungueira e o vendedor ambulante (diariamente roubados pelos agentes da fiscalização), na sua baixa formação académica, em tal possibilidade, salvo a institucionalização do roubo e locupletação dos bens do erário público, em todas as cadeias do aparelho do Estado.
Com a capitalização intempestiva e abusiva, ao arrepio da Constituição, o Presidente da República, demonstrou ser ele, tal como no tempo de partido único, o presidente da Assembleia do Povo, aliás Nacional, que na prática é mesmo do povo do MPLA.
E isso foi dito, durante as mais de 28 horas de audição dos principais responsáveis do Banco Espírito Santo, no Parlamento português, nomeadamente Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi, Adelino Guerreiro Soares e outros, que responsabilizaram, taxativamente, Álvaro Sobrinho mancomunando com membros do partido no poder de serem os principais responsáveis pelo descaminho dos mais de 5,7 mil milhões de dólares e que, quando confrontado com este assustador facto, para qualquer economista ou nacionalista do mundo, obtiveram a tranquilidade do Presidente José Eduardo dos Santos de que o seu governo iria responsabilizar-se pela cobertura deste fenomenal buraco de ozono financeiro.
E é assim que vão surgindo o nome de algumas altas individualidades, todas ligadas ao “in circle” presidencial que mandam bugiar a lei e são sócios do BESA, a par do MPLA. Assim sendo está tudo dito, sobre as razões de não se responsabilizar os responsáveis pela dívida, pois são todos do mesmo clube, actuando na lógica de “ladrão que rouba ladrão, tem 100 anos de perdão”.
Álvaro Sobrinho, que muitos querem sacrificar, segundo uma fonte, acusa o empresário Eugénio Neto, como sendo um dos responsáveis pelo descalabro financeiro, pois ele é que trafica influência como membro da ESCOM para os empréstimos, que vinham com papelinhos da presidência, para os empréstimos sem garantia e cobertura aos membros dirigentes do MPLA e uma das suas empresas, tudo por orientações políticas, vindas da Presidência da República.
A ser verdade pode justificar-se os nomes de eminentes figuras do regime como sendo só principais devedores que se recusam em pagar, pois dizem, em surdina, mesmo nos corredores do poder, que “se os filhos e a família presidencial não pagam empréstimos, porque razão, eles membros do partido maioritário, que lhes garante estas mordomias, têm de fazê-lo”?, questionam.
Encabeçam a lista como alegados devedores vários dirigentes do MPLA, tornados milionários, tais como, João Manuel Gonçalves Lourenço, ministro de Defesa, que beneficiou de um crédito de 30 milhões de dólares, o actual secretário do Bureau Político do MPLA para a Política Económica e Social, Manuel Nunes Júnior, com um crédito de 20 milhões de dólares, Roberto de Almeida, vice-presidente do MPLA terá beneficiado de um crédito de 30 milhões de dólares, o grupo económico do MPLA, teria um crédito de 80 milhões, Eugénio Neto outro de 75 milhões, Marta dos Santos (irmã do Presidente da República), um crédito de 800 milhões de dólares, para se transformar, também, na rainha do imobiliário, com a construção de uma série de condomínios em Talatona, Benfica, Mussulo, Ilha de Luanda, etc. e Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BESA, que facilitou toda esta engenharia terá beneficiado com 745 milhões de dólares.
É com base em toda esta trama financeira que terá emergido o despacho 7/83 de 30 de Setembro, como garantia soberana do Estado angolano de 5 mil milhões ao BESA, destinada a cobrir créditos partidariamente concedidos e que não estão contabilizados nos dados contabilísticos desta instituição financeira, que nasceu e cresceu com um cunho político. Tanto é assim que tem como accionistas, pasme-se, os generais Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e Leopoldino do Nascimento, assessor e conselheiro do chefe da Casa de Segurança, para além do Grupo económico do MPLA.